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Nas três semanas seguintes, nos focamos em conhecer mais um do outro

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Nas três semanas seguintes, nos focamos em conhecer mais um do outro. Se tínhamos que passar a imagem de um casal feliz e apaixonado para os meus pais, teríamos que saber pelo menos o básico sobre cada um. Eu já sabia que Rodrigo amava fotografar, que já conhecia uma parte do mundo e tinha vontade de conhecer todo o restante. Sabia também qual era seu prato favorito, que sabia cozinhar algumas coisas básicas para a sobrevivência já que morava sozinho, que em suas horas vagas ele gostava de se exercitar, ou desbravar – palavras dele – todos os lugares do Rio ou onde quer que ele estivesse. Descobri também que nossos aniversários eram muito próximos, e que muitas características nossas eram parecidas, como a nossa determinação, dedicação ao trabalho ou a qualquer outra coisa que a gente se propunha a fazer, a praticidade e tantas outras.

Mas da mesma forma que eu sabia coisas sobre ele que poderiam ser comentadas no encontro com meus pais se o assunto surgisse, também haviam as outras que deveriam ser ocultadas. Para os meus pais, Rodrigo era médico, não engenheiro. Redes sociais? Eles não podiam nem sonhar! Sua família com irmãos e sobrinhos seria ocultada também. Era melhor não envolve-los naquilo. Eu havia dado a sugestão dele dizer que não tinha família, mas o homem quase me exterminou apenas com o olhar.

- Posso dizer que eles não moram aqui. Mas fingir que eles não existem, isso eu não vou!

Foi o que ele me dissera e eu confesso que me senti culpada. Eu estava pedindo muito e cedendo pouco, tive que reconhecer. Mas entre trabalhos na construtora e saídas para almoço, acabamos chegando em um bom acordo quanto à todas as coisas. Agora era chegada a hora.

Depois de buscar os meus pais no aeroporto, passamos rapidamente em casa e em seguida fomos para o restaurante que Rodrigo e eu combinamos de levar os meus pais para almoçar. Era uma viagem curta, eles passariam apenas o fim de semana e posso dizer que estava grata por isso. Quanto menos aquilo durasse, melhor pra nós.

- O seu namorado não vem? – minha mãe pergunta quando já estamos sentados em uma mesa ali.

- Vem, claro que vem. – digo com uma convicção exagerada, mas por dentro eu tinha um certo pânico.

Porque Rodrigo estava atrasado. E eu estava morrendo de medo de que ele tivesse desistido. Queria ligar para ele, mas não queria parecer desesperada. O que definitivamente eu estava começando a ficar.

- Ah que ótimo, estamos ansiosos em conhece-lo. – foi a vez de meu pai falar. – Conte-nos um pouco mais sobre ele então enquanto estamos esperando.

Mas antes que eu abrisse a boca, e desviasse meus olhos da porta, ele apareceu. Em toda sua glória e lindo pra cacete! Rodrigo estava com óculos escuros, mas eu sabia que nos procurava. Ao me avistar, ele sorriu e veio em nossa direção.

- Me desculpem o atraso. – ele disse ao chegar à nossa mesa. – Olá, meu amor.

O selinho que ele me deu era ensaiado, mas mesmo assim foi como se eu não estivesse esperando. Rodrigo voltou a olhar para os meus pais, cumprimentando-os e pelo tom de sua voz, sabia que ele estava sorrindo.

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