A vida pode ser cheia de surpresas.E de acontecimentos inusitados.
Era nisso que eu pensava enquanto voltava para o meu apartamento.
Viver é uma constante experiência, é se deparar com as mais diversas situações. A de hoje então, parecia ser retirada de um filme ou novela. A garota que chegava em um desconhecido para fazer parte de uma pequena representação. Fingir um namoro. Mas não é que isso realmente acontecia? Quanto mais eu via do mundo, mais eu me surpreendia.
Meu celular tocou, e eu saí de meus pensamentos. Meu irmão me ligava, com certeza cobrando a minha presença na casa dos nossos pais. A situação com Agatha e nosso café me atrasara. Agora eu precisava correr para tomar um banho, colocar uma roupa e sair para encontrar a minha família. Deixei que o celular tocasse, Bruno saberia que eu estava ocupado. Só retornei sua ligação quando estava de volta ao meu apartamento. E como eu esperava, ele me ligava pra falar que todos já estavam reunidos, que eu era o único atrasado. Prometi que logo chegaria e quando desliguei, me arrumei o mais rápido que pude.
Ao chegar ao condomínio, estacionei e saí do carro, carregando comigo a minha câmera e os presentes que havia comprado pra cada um. Assim que entrei, fui atacado por três crianças completamente eufóricas, que tentavam me abraçar ao mesmo tempo, numa disputa de espaço.
- Tio Rod! – eles falavam ao mesmo tempo, me fazendo rir. Ah, eu estava com saudades desses pirralhos.
- Eu espero que tudo isso seja saudade do tio de vocês, e não interesse pelos presentes que eu trouxe. – brinquei, enquanto tentava caminhar com eles ainda ao meu redor.
Consegui deixar os presentes e a câmera na mesa mais próxima e com os braços agora livres, os abri para receber melhor aquela bagunça de braços à minha volta. Agarrei Joaquim, Maria e Madalena, enchendo-os de beijos. Eu era louco por eles e estava morrendo de saudades.
- Tio Rod, eu quero ver as fotos! – Joaquim, o mais velho deles, já entendia mais as coisas, e adorava ver as fotos que eu tirava. Eu havia trago a câmera pensando exatamente nele, no quanto ele estaria curioso eu ver as imagens de todos os lugares pelos quais eu passei.
- Calma filho, deixa o seu tio falar direito com todo mundo. – meu irmão Felipe se aproximou, contendo as crianças e abrindo espaço para chegar até mim. – Bem-vindo de volta, irmão. Estávamos com saudade.
- Dessa vez eu nem passei tanto tempo longe assim. – falei, enquanto abraçava o caçula da família.
- Pra mim foi como uma eternidade! – ouvi a voz da minha mãe atrás de nós e sorri.
Corri para os braços dela, como sempre fazia a cada vez que a via. Dei todos os beijos que queria, recebendo vários outros em troca. E depois de toda uma verificação sua sob meu aspecto, sobre como eu estava magro e tantas outras coisas típicas de mãe, ela me deixou livre pra falar com meu pai, Bruno e minhas cunhadas. Fui recebido com muita festa. Embora eu amasse viajar, era ótimo voltar pra casa.
Jantamos em meio à muita conversa, onde todos ouviam os meus relatos sobre as minhas férias na Europa, todos os lugares que eu visitara ao longo dos três últimos meses. Entreguei todos os presentes e por fim mostrei todas as fotos tiradas para eles. Joaquim ficou louco com todas elas. Nisso ele tinha puxado à mim, a paixão pela fotografia. Era algo que eu amava, quase como uma profissão. Maria e Madalena eram menores e não entendiam tanto, mas estavam ali agarradas a mim de toda forma. Já era tarde quando resolvi que era hora de voltar pra casa. Eu estava voltando a me adaptar ao fuso horário e precisava estar disposto quando o fim de semana acabasse.
- Te espero segunda na construtora. – meu pai falou. – Preciso te deixar por dentro de tudo o que foi feito enquanto você estava aproveitando suas férias. Como têm andando os trabalhos, os novos projetos, novas contratações... – ele começou a enumerar, me fazendo voltar aos poucos para a realidade.
- Ok, pai. Estou pronto. – falei, sendo sincero. Eu tinha aproveitado as minhas merecidas férias, mas o trabalho me chamava de volta e eu estava ansioso pra recomeçar.
E como prometido, na segunda-feira eu já estava na minha sala cedo da manhã. Meu pai falava e me mostrava diversos papéis com trabalhos e projetos. Eu assimilava tudo, dando minha opinião no que era necessário e sorrindo com a forma empolgada com a qual ele falava. Aquela construtora era a vida do meu pai. Ele a levantara sozinho, e hoje ele tinha a mim e aos meus irmãos junto com ele. Sua paixão era tão contagiante, que foi fácil pra mim, Bruno e Felipe nos apaixonarmos também.
- Nosso mais belo engenheiro está de volta! – Bruno entrou na sala, gracejando enquanto apontava para mim. – Estamos todos na sala de reuniões para te dar as boas-vindas.
- Ótimo! – meu pai sorriu. – Assim você já conhece nossas novas contratações.
- Vamos ao trabalho! – falei, enquanto me levantava e saía junto com meu pai e meu irmão.
- O bom filho à casa torna. – meu pai já entrava na sala de reuniões, sendo seguido por Bruno e por mim logo depois.
Entrei na sala já ouvindo aplausos e gritos de boas-vindas. Sorri, me sentindo envaidecido com a recepção. Eu adorava esse lugar e cada pessoa que fazia parte dele. Cumprimentei cada um, agradecendo a recepção. Conheci cada uma das novas pessoas que meu pai havia contratado no tempo em que estive fora, pessoas que só somariam ao nosso trabalho.
- Falta alguém, não falta? – ouvi Bruno comentar com o meu pai.
- Sim. – ouço meu pai responder. – Não está por aqui... – ele começa a falar, mas logo para, olhando para trás de mim. – Ah, aí está ela!
Me viro e mal posso acreditar. Pela expressão em seu rosto, ela acreditava muito menos.
- Agatha, esse é o meu único filho que você ainda não conhecia. Rodrigo. – ouvi meu pai dizer, enquanto meus olhos permaneciam nela, que correspondia ao meu olhar. – Filho, esta é Agatha Moreira. Nossa mais nova arquiteta.
A vida pode ser cheia de surpresas.
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O Homem Ideal
Fiksi PenggemarEla o abordara sem mais nem menos numa cafeteria. Ele a ajudou, entrando em seu teatro, se passando por seu namorado. Era para ser uma única vez. Mas eles não imaginavam que seus caminhos fossem se cruzar novamente. Muito menos que precisariam fingi...