▶Um◀

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Tão frio, sozinha
Você poderia ser meu cobertor?
Envolva meus ossos
Quando meu coração se sentir nu
Sem força, muito fraca
Eu quero ser salva
E o seu amor, tão forte

Meghan Trainor - Kindly Calm Me Down

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Sinto como se tivesse entrado em um forno quando eu desço do ônibus em Monte Verde. O calor de Phoenix queima meus pulmões e arde em meus olhos. São nove horas da noite. Eu não posso imaginar como é durante o dia com o sol brilhando. Eu paro na calçada, tentando me orientar, e eu sou atingida por um homem grande que grunhe para mim e me empurra para fora do seu caminho. Há cactos enfileiradas na rua da cidade a minha frente, e há uma pequena fila de táxis estacionados em frente à estação mal iluminada. Com o pouco dinheiro que tenho, eu sei que vou pegar um ônibus e não um táxi.

Eu corro o meu dedo sobre o endereço rabiscado no papel amassado, antes de colocá-lo em segurança de volta no bolso. Sem plano e ideia de onde dormirei esta noite, fico de pé na fila do guichê de passagens. Um brilho de suor cobre meu rosto, e eu penso que vestir jeans para uma viagem de trinta e nove horas de ônibus para Monte Verde em meados de junho, provavelmente não foi a melhor ideia. Eu estou pegajosa e desconfortável, desejando tomar um banho e dormir.

O homem na minha frente caminha para o guichê, e eu me aproximo nervosamente. A mulher atrás do balcão é velha e pequena, e usa óculos grossos e calças dois tamanhos maiores do que ela precisa. Ela não faz contato visual comigo, mas late perguntas e comandos com sua voz rouca de fumante.

— Próximo. Adiante. Onde você está indo?

Ela dá um soco nas teclas do teclado sujo na frente dela. Pigarreio e chego mais perto para que ela possa me ouvir.

— Eu não sei. — Minha voz é fraca, tímida.

— Bem, como posso ajudá-la se você não sabe onde está indo?— Seu tom é condescendente. Ela levanta o olhar do teclado e encontra meus olhos com indiferença.

— Acabei de descer do ônibus. — Eu aponto para o ônibus prateado e grande que está parado no meio-fio. — Eu vou ficar aqui em Monte Verde, mas eu preciso de recomendações de um lugar seguro para ficar, que tenha preço acessível.

Seus ombros caem, e suspiros audíveis escapam de sua boca enquanto ela me estuda.

— Qualquer coisa acessível não será seguro. — ela resmunga. — De onde você é?

— Brocelind, Illinois.

— Típico. — ela murmura sob sua respiração enquanto me olha da cabeça aos pés antes de digitar em seu teclado novamente. — Olha, eu não conheço seu orçamento, mas aqui está uma lista de hotéis que começam em trinta por noite e vão até cem. Fique fora do Heosphoros, menina, eles vão te comer viva. — Ela ri para si mesma e empurra três pedaços de papel para mim sob o espaço aberto na janela de vidro.

— Obrigada. — Eu sorrio educadamente para ela e pego os papéis. Debaixo da luz da rua, eu escolho um e, em seguida, sigo para a parada de ônibus com a mochila que eu trouxe. Ela contém três mudas de roupa, um caderno, três livros, e minha carteira. Isso é tudo o que possuo. Os poucos itens que deixei para trás eram de pouco ou nenhum valor para mim e teriam sido peso desnecessário.

Sento-me nervosa no banco de metal escaldante e espero, adrenalina correndo através de mim. Usando o grande mapa na lateral da parada de ônibus, eu mentalmente anoto os três ônibus que preciso pegar para chegar aos hotéis, que espero que tenham um quarto barato disponível por alguns dias. Quando o ônibus para no meio-fio, eu entro e entrego o meu dinheiro antes de pegar um assento no meio do veículo quase vazio.

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