▶Dez◀

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Inalcançável
Como a estrela tão distante
Um amor quase impossível
Invisível como o ar
Você é tão inalcançável
Tão sublime como um anjo
Um amor quase impossível
Como fogo que não queima
Você tornou-se inalcançável para mim
Inalcançável

RBD - Inalcanzable

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Catarina olha para cima com uma expressão preocupada quando eu finalmente saio do meu quarto. Não importa o quanto de corretivo eu tenha colocado, não apagou em nada as olheiras dos meus olhos.

— Café? — Ela pergunta.

— Isso seria maravilhoso. Obrigada. — Eu deslizo sobre uma das banquetas e descanso meus cotovelos no balcão. Eu pressiono meus dedos em minhas têmporas, esfregando-as de forma agressiva, tentando aliviar a minha dor de cabeça.

— Aqui. — Ela desliza a caneca fumegante do outro lado da bancada de granito. — Dê-me sua mão. — Ela puxa minha mão na dela e começa a massagear sobre pontos diferentes. Dói e é incrível, tudo ao mesmo tempo. — Há pontos de pressão na sua mão. — Explica ela, apertando e segurando outro ponto. — Quando você massageia, é suposto que ajude com dores de cabeça.

Eu levanto a caneca de café com a outra mão e tomo um gole.

— Eu o ouvi sair. — Eu digo baixinho, e ela congela. — Eu ouvi dizer que ele vai para o México. Quanto tempo ele vai ficar fora?

— Eu não sei, mija. — Ela balança a cabeça tristemente. — Semanas? Dias?

— Por que ele está indo para o México? — Meu estômago vira quando eu pergunto. Eu sei por que ele está indo para o México. Drogas. Armas. Tráfico de seres humanos. Eu jamais teria imaginado que Jace me diria ser chefe de um cartel de drogas. Mas o que mais me intriga é que mesmo ele tendo compartilhado sua verdade, uma verdade que eu aceito, eu ainda preciso dele. Ainda o quero.

Ela suspira.

— Eu presumo que seja algo relacionado ao seu negócio. Mas eu não perguntei.

— Ele vai muitas vezes?

Ela balança a cabeça.

— Não. Ele raramente vai para o México Clarissa. — Ela faz uma pausa. — Eu não sei como dizer isso muito bem, mas por favor não procure mais. Você sabe demais. Quanto menos você souber, melhor. — Ela pega uma garrafa de produto de limpeza e pulveriza na ilha da cozinha, limpando com uma toalha.

— Eu não tenho medo dele. — Eu não sei por que digo isso, mas eu quero que ela saiba que o que ele revelou não vai me assustar. Desde a primeira vez que eu o conheci naquele hotel sujo, eu me senti atraída por ele. Ele era um porto seguro para mim, quando eu me senti insegura, como se ele tivesse sido colocado no meu caminho por uma razão.

Ela se vira para olhar para mim, e eu posso ver o medo em seus olhos escuros.

— Não é de Jonathan que você precisa ter medo. Esse menino nunca iria machucá-la. É dos outros. — Sua voz carrega um ar de advertência. — Tenha muito cuidado com o que você diz e com quem você fala, Clarissa. Estou falando sério. — Ela dá um tapinha na minha mão antes de desaparecer pelo corredor com um cesto de roupa em seu quadril.

Com o celular e a carteira na mão, eu ando os quatro quarteirões curtos até o Café amour. Mesmo que esteja claro e ensolarado, as ruas do centro de Monte Verde estão desertas. Em menos de uma hora isso vai ser uma metrópole mais uma vez, mas agora as ruas estão estranhamente quietas. Fico olhando por cima do ombro, mais consciente do meu entorno. Aproveito e olho para os becos pelos quais eu passo, ao invés de ficar olhando para as calçadas rachadas como costumava fazer. Estar com Jace me mudou, me fez um pouco paranoica. E ainda sim eu não iria mudar. Ele é meu porto seguro.

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