▶Três◀

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Não vá da minha vida
Me deixe ficar com você
Um momento atrás
Eu me apaixonei
Não vá ainda
Eu não posso definir
Mas só agora,
Eu me apaixonei

RBD - Hace Un Instante

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— Você está com fome?

Eu me assusto com o som de sua voz e rapidamente fecho o caderno de capa de couro em que eu fazia anotações, deixando-o ao meu lado na cama.

— Na verdade não. — eu respondo, mas meu estômago ronca, revelando minha mentira.

Ele balança a cabeça e sorri.

 — Você é uma péssima mentirosa. — Diz ele, inclinando-se contra o batente da porta. Ele trocou de roupa e agora está vestindo um short de basquete preto e uma camiseta cinza apertada. Vestido assim, ele parece ainda mais musculoso, magro e alto. Ele deve ter um metro e noventa de altura. Sua pele é perfeitamente bronzeada, cor de caramelo, e os seus lábios são cheios e com aparência suave.

Por que eu estou olhando para seus lábios?

— Quando foi a última vez que você comeu? — Seus olhos viajam até minhas pernas ossudas, debaixo do meu curto vestido de verão.

Na verdade, eu tenho que pensar na última vez que eu comi, e foi há dois dias, antes de eu entrar naquele ônibus. O engraçado é que eu não estou com fome. O estresse de não saber o rumo da própria vida deve afastar as dores da fome.

— Alguns dias atrás. — Eu estou quase envergonhada no momento da admissão.

— Dias? — Seus olhos se arregalam em surpresa. — Levante-se. — Sua voz normalmente relaxada está rígida e firme.

Eu sigo sua ordem e balanço minhas pernas para o lado da cama, meus pés batendo no chão frio quando eu deslizo para fora. Eu olho em volta procurando minhas sandálias, mas não as encontro.

— Você não precisa de sapatos. Vamos lá. — Eu o sigo para a linda cozinha. — Aqui. — Ele desliza um menu de papel para mim do outro lado da ilha da cozinha quando eu sento em uma das banquetas altas. — Você gosta de comida tailandesa?

— Eu nunca comi.

— O que? Realmente? — Ele ri.

— Você se lembra de onde sou?— Eu levanto uma sobrancelha. — O Mcdonalds mais próximo fica a trinta quilômetros da minha cidade.

Ele sorri para mim. Eu odeio essa arrogância idiota nos homens. Eu não senti essa vibe nele antes, mas agora, ele parece com nojo de mim. Eu só posso imaginar o que ele pensa desta menina caipira de Brocelind, vestindo roupas de segunda mão, sem um centavo, nunca tendo comido comida tailandesa.

— Então, o que você gosta de comer? — Pergunta ele com uma sobrancelha levantada.

Raiva transborda, e eu estreito meus olhos para ele.

— A julgar pela aparência deste apartamento, eu supondo que você nunca foi pobre, certo Jace? Quando você é pobre, você come tudo o que consegue encontrar. No meu caso, eu era a responsável por nossas refeições. Na maioria das vezes, eram sanduíches de manteiga de amendoim ou macarrão. Não porque eu não soubesse cozinhar, mas porque isso era o que podíamos pagar. Então, se você não tem manteiga de amendoim e geleia, ou macarrão e queijo, eu provavelmente nunca comi. — Minha voz falha quando eu termino.

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