▶Cinco◀

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Detenha o rio, deixe-me olhar em seus olhos
Detenha o rio, para que eu
Possa parar por um minuto e estar ao seu lado
Detenha o rio, detenha
Detenha o rio, deixe-me olhar em seus olhos
Detenha o rio, para que eu
Possa parar por um minuto e estar ao seu lado
Detenha o rio, detenha

James Bay - Hold Back The River

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Eu olho para o Rolex no meu pulso e depois olho para a porta do quarto fechada, onde Clary está escondida. As sacolas da Target ainda estão empilhadas ao lado da porta da frente, e seu café gelado está em cima do balcão, ficando na temperatura ambiente a medida que os minutos passam. Eu vejo o gelo se dissolver lentamente e as gotas de condensação descendo ao lado do copo de plástico, se reunindo no balcão de granito. Eu decido esperar mais trinta minutos antes de forçá-la a sair de lá para vir jantar. Catarina, minha empregada, fez lasanha e está quase pronta. Eu me inclino contra a ilha enquanto bebo uma cerveja, meus olhos nunca deixando a porta. Eu não sou um homem paciente, mas eu poderia dizer que ela precisava de tempo para se acalmar, e, francamente, eu precisava descobrir o que dizer a ela. O que dizer a ela - ou melhor, o que eu posso dizer a ela - sobre mim. Finalmente, vejo a maçaneta da porta começar a girar lentamente, e Clary enfia a cabeça para fora.

— Você estava chorando. — Meus dedos apertaram aborda do balcão, me mantendo no lugar. Eu quero tanto puxá-la em meus braços enconfortá-la. Seus olhos, tristes e inchados encontram os meus, e eu me sinto culpado.

Ela acena com a cabeça lentamente.

— Eu não entendo...

— Você não entenderia isso. — Eu a corto.

Ela exala alto em frustração.

— Então explique para mim.

— Eu não posso. — Corro os dedos pelo meu cabelo curto em frustração.

— Você não quer. — Ela argumenta.

Sorrio, colocando a garrafa de cerveja no balcão da cozinha com frustração. Batendo contra o granito, ecoando no espaço aberto. Ela está insistindo, e enquanto isso me irrita, a faísca em seus olhos que me excita.

— Você é intuitiva Clary.

— Você é evasivo. — Ela cruza seus braços teimosamente sobre o peito.

— Porque eu tenho que ser. — Eu insisto. Ela não entende que isso tem a ver com a segurança dela. Mas eu não lhe digo isso. Isso a assustaria.

Ela se aproxima e para diretamente na minha frente, seus lábios rosados franzidos, os olhos acusadores. Ela está com raiva. A alça da sua regata está pendurada em um ombro, e me custa cada grama de autocontrole para não estender a mão e passar meus dedos em sua pele macia. Ela aperta seus braços, erguendo ainda mais os seios e eu não posso deixar de me perguntar como eles ficariam em minhas mãos.

— Por quê? — Ela pergunta.

— Por causa de quem eu sou.

Sua expressão é simultaneamente ferida, curiosa e carrega também um pouco de medo.

— Quem é você?

Eu me faço essa mesma maldita pergunta o tempo todo. Quem sou eu?

Eu faço uma pausa, procurando as palavras para descrever exatamente quem eu sou. Eu sabia que ela me perguntaria. E durante os últimos trinta minutos, eu permaneci aqui me perguntando o que eu diria a ela. Devo dizer a verdade. Eu sou mau. Eu cuido dos negócios do meu pai. Nós contrabandeamos drogas, armas e pessoas através da fronteira entre os Estados Unidos e o México.

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