Prólogo

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— Sintam-se privilegiados, isso nunca aconteceu antes. - Disse a comandante Gryse. Se tratava de uma mulher de estatura alta e cabelos ruivos que se entendiam a altura do ombro. Seus olhos ameaçadores ganharam mais nitidez assim que ela abriu os dois notebooks a sua frente, primeiro um e depois o outro.

Em cada uma das telas se encontravam números, III e VI respectivamente. Era a indicação que os líderes resolveram falar diretamente com os recrutas, mesmo que suas identidades não fossem reveladas e suas vozes estivessem distorcidas.

Todos os recrutas estavam na sala, eles se encontravam enfileirados um ao lado do outro. Nem mesmo Gryse que era filha de outros dois líderes sabia qual era o real motivo daquele acontecimento inédito e ao mesmo tempo tão surpreendente.

— Acredito que perante todo o tempo que se encontram aqui na SPM, até mesmo os mais jovens sabem quem somos. - O áudio saiu do notebook que estava o número III em sua tela, era uma voz completamente robótica e destorcida, mas que era perfeitamente possível de compreender.

Todos aparentavam nervosismo, exceto Jany. A jovem garota possuía olhos negros e sem expressão, provavelmente escondia um passado conturbado. Sua estatura era média e seu esqueleto esguio, com curvas bem distribuídas, e apenas alguns fios escapavam de seu penteado preso.

O outro notebook toma a palavra, com um áudio exatamente igual ao outro, não era possível destinguir nada, nem sexo, idade ou qualquer outra informação, o local de onde o sinal estava sendo transmitido era desconhecido, os líderes estão completamente blindados.

— Os relatórios feitos pelos comandantes, especialmente a Dra. Hogback e a comandante Gryse nos apontaram muitos fatos interessantes. Nós sabemos de tudo, nenhuma informação passa despercebida por nós, desdes os traumas passados, as superações obtidas, as brigas e todo o resto.

O líder n° III, complementa. — Fizemos uma breve reunião, e concordamos que dentre todos os recrutas aqui presentes, dois especificamente obtiveram um maior êxito e um crescimento substancial em questões de habilidade variadas.

Como se estivesse perfeitamente ensaiado, cada um dos dois sabia a hora exata de ceder a palavra ao companheiro de cúpula.

— Esses dois recrutas irão ganhar equipamentos novos, eles foram projetados, desenvolvidos, construídos e testados na área de desenvolvimento científico da seita. As medidas e proporções foram perfeitamente estudadas através das câmeras de segurança que há em todo o subterrâneo, portanto os novos equipamentos devem se adequar de maneira perfeita aos seus respectivos donos.

Nesse exato momento Gryse que havia saído da sala sem ninguém ao menos perceber, afinal todos estavam completamente compenetrados nas palavras dos líderes. A comandante volta com duas maletas, uma mais extensa de cor competente negra, já a outra era prateada a ponto de refletir a luz do ambiente.

A comandande deposita as duas maletas em cima de caixotes de madeira que tinham ali, haviam deles por todo o subterrâneo, posicionando com as tranças viradas para os recrutas.

Todos se entre olham, e de repente tomam um susto, quando a voz distorcida do notebook n° VI volta a se pronunciar.

— Irei aqui anunciar os nomes dos dois recrutas que fizeram por merecer estar recebendo essas duas maletas com seus respectivos conteúdos. - Uma rápida pausa é feita, mas logo o pronunciamento continua.

— Quero que deem um passo a frente os recrutas Jany e Steve.

Todos os outros ao redor demonstram uma expressão de desgosto e até mesmo ódio perante aqueles dois escolhidos. Steve, alto de cabelos e olhos castanhos escuros e uma personalidade divida avança com um sorisso de canto de boca enquanto passa a língua em seus lábios, Jany continuava fria como sempre esteve e apenas obedece a ordem, ambos dando um passo a frente.

— Peguem, são suas, façam o que quiserem com elas, fiquem a vontade para testá-las. - Nesse exato momento uma percepção que só os dois tiveram, eles entenderam a mensagem subliminar. Eles agora tem autorização para abrir as maletas.

Jany abre a maleta prateada que correspondia a ela, e encontra um par de pistolas, uma negra e outra prata, não havia marca ou nada do tipo, foram feitas exclusivamente pra ela.

Steve se depara com uma foice, estilo gadanha, exatamente igual a que a morte é retratada usando, porém essa era adaptada a ele, era como se fosse uma extensão de seu corpo.

— Tomas - O líder perante os recrutas, jovem negro, esguio de cabelos pretos e grande perspicácia. — Posicione o caixote no centro da sala. - Ordenou Gryse sem saber o motivo, ela foi ordenada aquilo.

Assim Tomas fez, ele não podia desobecer ainda mais na presença dos líderes que viam tudo pelas câmeras. Enquanto estava de cabeça baixa, uma voz aguda e entoante surge atrás dele.

— Morra!!! - Gritou e gargalhou Silver, a outra personalidade de Steve. Como para testar o seu novo brinquedo, um golpe foi desferido que arrancou o braço de Tomas instantantaneamente.

— Quem é o líder agora??? - Os gritos e gargalhadas estridente continuavam. Todos se afastaram assustados com aquilo, mas ninguém podia pará-lo. Um chute foi dado e a vítima cai, seguido por um golpe na femural onde o sangue jorra sujando tudo em volta, a lâmina é puxada rasgando pele, músculos tecidos e quebrando ossos, os gritos de desespero eram música para Silver.

Quando o último golpe iria ser desferido, e mais uma morte entraria para conta daquele insano recruta, tiros são disparados, exatamente três acertam o queixo do já quase morto, arrancam seus dentes, quebram seu maxilar desfigurando o rosto de maneira brutal a aterrorizante.

Silver olha e vê Jany com a pistola negra em punho, e ela com sua frieza desumana diz apenas uma frase. — Eu também tenho o direito de testar. - Coloca a arma na cintura e segue como se nada tivesse acontecido.

Silver gargalha como nunca se tinha visto. Põe no ombro sua foice e acompanha Jany rumo ao interior do subterrâneo.

Os outros estão paralisados, alguns desabaram de medo perante aqueles dois monstros.

Mal sabem todos ali na sala, que Tomas era um infiltrado do governo e tudo aquilo não passou de um plano muito bem arquitetado pela cúpula para se livrar de um possível incômodo futuro.

Eles poderiam ter feito isso de diversas outras maneiras, mas aquela foi a mais divertida que imaginaram, afinal porque não fazer o inimigo conhecer o desespero e suplicar pela morte não é mesmo?

SPM 98 - Da Salvação À Perdição Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora