Capítulo XV

29 5 42
                                    

— Hana, você viu a Gryse por aí? – Erich interrogou a negra assim que a avistou de costas caminhando pelos corredores.

— E aí, Erich, beleza? Passei por ela faz uns dez minutos, mas logo depois perdi ela de vista. O que quer com ela?

— Quero conversar um assunto com vocês duas, mas só quero falar uma vez. Para onde estava indo?

— Estava indo buscar os cachorros, os deixei comendo e fui resolver uns assuntos particulares. – Hana prontamente respondeu a pergunta.

— Posso acompanha-la até lá? Se não acharmos a Gryse nesse meio tempo, procuramos ela juntos.

— Sim, vamos, estou curiosa pra saber o que você quer falar conosco. – A negra seguiu caminhando mantendo a direção que ia.

Erich colocou as duas mãos dentro dos bolsos e apressando o caminhar igualou-se a Hana. O caminho não era longo e eles não trocaram mais nenhuma palavra durante isso. As paredes e o chão aos poucos iam ficando mais limpos, aquela parte do subterrâneo era bem melhor cuidada, os comandantes tinham locações ali, quartos que usavam como depósito e até mesmo dormitórios, isso fazia com que os líderes dessem maior atenção aquela área.

— Já tinha um bom tempo que eu não vinha até aqui. – O comandante se encostou ao batente da porta, enquanto que Hana entrou logo buscando o interruptor para iluminar o quarto.

— Você não tem nada o que fazer aqui, não é mesmo? E mesmo assim não quero ninguém importunando os meus cães.

Erich nessa hora estava com o isqueiro acesso fazendo com que mais um de seus cigarros ardesse em brasas, ao ouvir isso apenas segurou-o entre os dedos e expeliu a fumaça em um sopro direcionando o teto.

O estalo do interruptor foi sucedido imediatamente pela claridade das lâmpadas, os dois pastores alemães se encontravam deitados um em cada canto da sala, ambos estavam de orelhas em pé e cabeças levantadas. Os dois sabiam que sua mestra estava ali, que provavelmente havia os vindo buscar, estavam prontos para receber a próxima ordem. E assim foi feito.

— Akuma, Kill... – Os dois prontamente se levantaram. — Me acompanhem. – Assim os cães fizeram, caminharam até a sua mestra se posicionando um de cada lado da mesma.

— Agora podemos ir, estou curiosa pra saber o que quer com a gente Erich. Só que eu não quero perder meu tempo procurando alguém as cegas dentro desse labirinto de corredores que é esse subterrâneo.

O cigarro ainda pela metade foi pressionado contra o concreto frio e sujo da parede, as brasas juntas das cinzas acompanharam a bituca até atingirem o solo.

— Então faça logo o que é a sua especialidade. – Erich disse prontamente.

— Pode deixar. – A negra de agachou. – Akuma, Kill, tenho um trabalhinho para os dois. – Nesse momento Hana fez um sinal especifico com as mãos. Indicou o numero dois com os dedos da mão direita e em seguida apontou o chão. Tais gestos eram suficientes e os dois animais começaram a agir imediatamente.

Pondo-se um ao lado do outro Kill e Akuma começaram a farejar o chão daquele lugar, alguns metros a frente os dois cães se sentaram ao mesmo tempo, eram coordenados como um espetáculo de dança. Aquilo era realmente impressionante.

— Achamos a ruiva. Trabalho concluído, Erich. Não era isso que você queria? – A frase foi dita em tom de deboche. Hana se gabava pelos o que seus dois pastores poderiam fazer.

— Hana, a rastreadora. Você faz jus a alcunha que ganhou nesses anos no mundo do crime. Cuidado ao fazer esses gestos na frente dos recrutas, algum deles podem acabar descobrindo os seus padrões. – Erich sempre a alertava sobre esse detalhe.

SPM 98 - Da Salvação À Perdição Do Mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora