A prisioneira [pt2]

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Abri os olhos para me deparar com os olhos azuis mais lindo do mundo. Os olhos de Zast.

-Está tudo bem. - Ele sussurrou, acariciando meu rosto. - Você está comigo. Não vou deixar ninguém te machucar.

-Como você me achou? - Perguntei olhando em seus olhos.

-Eu sempre vou te achar. - E começamos a nos beijar intensamente. Não sei quem começou o beijo, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Não sei quanto tempo durou o beijo, mas quando tivemos que nos separar para respirar eu queria poder fazer respiração cutânea. Ai ele relinchou. Relinchou?

Acordei em um monte de feno - Sério? Feno? - com um cavalo a centímetros da minha cara. Gritei meus pulmões fora de susto. Quando me controlei, empurrei a cara do cavalo para o lado e me sentei. Sério? Eu já estava sonhando com ele? Bati na minha cabeça em um sinal de reprovação ao meu cérebro pelo sonho, o que me deu uma dor de cabeça pior que ter o crânio esmagado. Sério? Bater na cabeça pisoteada?

Olhei em volta mais não vi nenhum sinal de Suna. Não esperava que visse mesmo, já que tinha quase certeza de que o pai dela fora o mentor dessa palhaçada.

Tentei me levantar mas cai de joelhos. Tentei levantar de novo e me segurei em algum lugar no estábulo, não lembro e não importa.

Comecei a andar em direção a porteira e ao chegar vejo que está trancada com cadeado, o que é idiota já que dava para pular por cima.

Quando estava pendurada com metade do meu corpo para fora e a outra para dentro, cheiro Herzelos. Fico desesperada e volto para o estábulo, mas não rápido o suficiente para fingir que ainda estava desacordada.

-Bom dia, bela adormecida! - Diz Herzelos sarcasticamente enquanto apoia os braços na porteira. Por mais que quisesse respondê-lo, achei que seria uma má idéia então só o olhei com cara de nojo.

O telefone dele vibrou e ele virou de costas para atender. Suspirei aliviada. O olhar que ele estava me dando estava me dando calafrios. Era como se ele estivesse me despindo com o olhar. Quando desligou o celular, virou a cabeça tão rápido que achei que ia quebrar o pescoço.

-Parece que Okrutno está vindo de dar as boas vindas pessoalmente. - Meu coração parou. Agora eu estava verdadeiramente com medo. E eu não sinto medo toda hora. As histórias que ouço dele são aterrorizantes. Engoli o seco. - Tá assustada, Lunazinha?

-Sonha! - Exclamei juntando toda coragem que tinha.

-Eu poderia cheirar o seu medo do outro lado do território. - Disse ele com um sorrisinho debochado. Me agarrei a todo o autocontrole que tinha para não tirar aquele sorrisinho com meu punho. - Ah! Ele já está chegando! Seja educada e ele não vai ser tão cruel com você. - Falou sem tirar o sorrisinho do rosto. Argh. Meu sangue estava borbulhando nas minhas veias. Se antes eu estava com medo agora estava enfurecida. Enfurecida com a cara de porco de Herzelos, com a babaquice de Okrutno, com a incompetência de Zast por ele não estar aqui agora (mesmo sabendo que não era culpa dele), com a minha vida, com o cavalo, com a droga da porteira que apoiava o corpo de Herzelos. E foi nela mesmo que descontei.

Chutei a porteira com toda a minha força. Ela desmontou bem embaixo dos braços de Herzelos, que por causa da perda repentina do apoio catou cavaca para frente. Quando se equilibrou, o rosto dele estava roxo, o que eu interpretei como uma mistura de raiva e vergonha. Agora era minha vez de dar o sorrisinho debochado. O sorrisinho foi a gota d'água. Herzelos avançou para meu pescoço com as mãos estendidas na frente do corpo, mas antes que ele chegasse perto o bastante para me estrangular chutei as partes íntimas dele. Ele caiu com os joelhos no chão agonizando antes de cair com a cara no feno. Depois disso, para completar a desgraça dele, o cavalo cagou em cima da cabeça dele. Eu quase senti pena dele. Quase.

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