Rohkea e Onnea

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Deviam já ter passado uns vinte minutos desde que entrei no carro. Era uma picape, e pedi para sentar na traseira, deixando os três na cabine. Tava admirando as estrelas. sempre gostei das estrelas. Me deixavam mais calma.

Olhei para a cabine e o Beta estava me encarando. Sorri debochada e acenei. Ele sorriu e se virou. Zast deve ter-lhe ordenado me vigiar. Quase não me deixou ir sozinha, só permitiu porque insisti. Precisava pensar.

Em quê? Bem, no meu drama.

Começo a sentir o cheiro de vários lobisomens. Entramos no território de minha nova alcatéia. Depois de dirigir por alguns minutos no campo, começei a ouvir murmúrios, que ficavam mais altos a cada segundo. E se eles não me aceitarem como um deles? E se Zast não se contentasse comigo e fizesse um harem com lobas sem macho? Talvez seja meio paranóico, mas o Alpha de Buangbuang tem um.

Vejo uma multidão de silhuetas em frente de uma mansão de tirar o fôlego. Eles devem estar lá para protestar. Eu entendo perfeitamente. Quem iria querer uma Luna de outra alcatéia?

O carro parou bem na frente da multidão. Os murmúrios logo cessaram. Por que fui inventar de ir na traseira? Devia estar parecendo patética. Zast saiu do carro e abriu a caçamba para eu sair. Me deu a mão para me auxiliar, o que provocou mais uma nova onda de murmúrios, mas que logo foi extinguida pelo olhar de Zast.

-Lobos de Canavar. - começou Zast ainda segurando minha mão e eu prendi o ar. - Essa é sua nova Luna, Vapper Lykos. - Pra minha surpresa, a multidão foi a loucura. Eu não conseguia entender o motivo. Eles tinham uma Luna de uma alcatéia diferente. Isso não é uma coisa a ser comemorada. Talvez estivessem esperando por uma Luna a algum tempo, mas, mesmo assim, se fosse eu, não ficaria tão animada como esses caras.

Agora sei como a Beyoncé se sente. E não gosto nem um pouco.

Zast começou a andar em direção da mansão e eu o acompanhei, já que ainda estávamos de mãos dadas. A multidão abria espaço para passarmos. Éramos seguidos pelo Beta, o segurança que me escoltou e uma menina. Devia ter a minha idade, morena, cabelos compridos também morenos, alta e musculosa. Tinha a feição delicada e olhos verdes que se viam mesmo no escuro. Eu sorria para os lobos para parecer mais simpática, mas, na verdade, estava apavorada.

Só quando entramos na mansão e as portas se fecharam que soltei o ar. Zast deu um risinho.
-Nervosa? - perguntou ele com um sorrisinho no rosto.

-Pra caramba. - Admiti. Depois bocejei.

-Rohkea, poderia mostrar-lhe o quarto? - Pediu Zast à menina.

-Claro, Alpha. - respondeu. - Vamos, V?

-Vi? - perguntei, ainda nevosa.

-Seu novo apelido. "V". Sabe, V em inglês. agora vamos! - E começou a subir as escadas. Olhei para Zast e ele assentiu. Interpretei como um "pode ir é seguro" e corri a trás de Rohkea.

-Então... - ela começou quando a alcancei - O que achou de seu Macho? - Licença? Eu acabei de conhecê-la e já deveria lhe contar tudo? Mas Rohkea parecia confiável, e isso bastava. Precisava desabafar.

-Eu estou aterrorizada - Confessei e ela parou e se virou, olhando em meus olhos. Depois desvirou a cabeça e continuou andando.

-Vamos conversar no quarto. - disse, olhando para frente, aumentando a velocidade do passo.

O quarto era imenso. Tinha uma cama dossel no meio, uma porta, uma estante com livros e uma poltrona na esquerda e uma escrivaninha na direita, no meio da parede. Uma tevê de plasma da parede oposta da cama e vários lindos quadros. Sentei na cama e ela sentou ao meu lado.

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