Vapper

Morri...Brinks

Estava escuro. A única coisa que me assegurava que ainda estava viva era a dor na lateral do meu corpo. Se eu estivesse morta, eu não estaria sentindo dor, estaria? Eu não conseguia me mover e respirar ficava cada vez mais difícil.

Segura firme, V! Você vai sair dessa! Você tem que sair dessa. Alguma coisa falou no meu cérebro. Não era minha voz, mas não consegui conectar a ninguém. Quem era V?

Dr.Liekar, porque ela não está totalmente curada? Alguém perguntou. Meu cérebro estava pregando peças em mim. Por que, quando estou prestes a bater as botas, estou ouvindo uma coisa dessas? Não era para eu ouvir toda minha vida ao invés disso?

Não sei. Nunca vi nada parecido. A ferida acabou de cicatrizar mas deveria ter cicatrizado muito antes. A ferida levou dois dias para cicatrizar e, normalmente, levaria somente algumas horas. Todos os curandeiros estão estudando para achar uma causa para tamanha lentidão mas de uma coisa temos certeza: não tem nada a ver com a bala, já verificamos. Toda essa conversação na minha mente estava me dando dor de cabeça. Cala a boca, cérebro escroto. Estou tentando morrem em paz.

Addany, Rohkea, vocês chegaram. Outra voz afirmou. Chegaram aonde? Não estou vendo ninguém. Não estou vendo nada. O que aconteceu? Boa pergunta. Eu não sei o que aconteceu, só sei que estou morrendo. Okrutno atirou nela à dois dias atrás. Mas não se preocupe, Alpha Zast acabou com ele. Zast. Eu conheço esse nome. Ele está ferido? Ele pode estar ferido? O pensamento me fez sufocar. Diz que não. Não. Se ele não fosse um lobisomem, precisaria de uns pontos, mas ele já está curado. Ela, no entanto, está em coma, mas se fosse humana estaria morta. Ela seria... Eu?

Tudo começou a se encaixar. Zast era meu macho. Liekar era o curandeiro chefe da alcateia. E eu, eu tinha levado um tiro. Okrutno tinha atirado em mim. Okrutno estava morto. As vozes na minha cabeça eram reais. Eu não estava curando.

Addany, o que foi? Você está pensativo desde que entramos. Addany era o Beta. Ele era meu amigo. Nada, é só que... Lembra de quando ela quebrou o cóccix? Ela demorou para curar também. Vai ver essa não é uma condição de agora, mas de bem antes. Eu lembro de ter quebrado o cóccix, ô se lembro. Por que você não compartilhou isso antes? Estávamos procurando no lugar errado! Se me deem licença, preciso compartilhar isto com os outros curandeiros. Se isso é verdade, eu já estava doente nos meus primeiros dias aqui, mas não antes. Eu sempre curei normalmente. Quer dizer, normalmente para um lobisomem.

Tentei abrir os olhos, mas parecia que eu não tinha forças nem para fazer isso. Abi, o que é que você está fazendo aqui? Alguém perguntou. Abi... A minha amiga puta! Eu estou aqui visitando minha baranga. Abi respondeu, eu acho. Desde quando ela é 'sua baranga'? Alguém perguntou, claramente irritada. Desde que eu e ela arquitetamos um plano para derrubar Besya. Tentei novamente abrir os olhos, sem sucesso. Besya não é a que tava se agarrando com Zast? Perguntou outra voz. Então vocês sabiam o nome da lambisgoia e nem me contaram? É. Alguém respondeu e depois todos ficaram em silencio. O silencio era ensurdecedor. Sem as vozes, eu não tinha nada me assegurando que ainda estava viva. Claro, além da dor.

Cade Zast? Alguém perguntou depois de um longo minuto em silêncio. Essa era a pergunta de um bilhão de reais. Cade o meu macho? Eu finalmente o convenci a ir tomar um banho. Eu queria que ele dormisse, mas duvido que conseguiria.

Na terceira tentativa, eu finalmente consigo abrir os olhos, somente para ser cegada pela luminosidade repentina.

-ELA ACORDOU! - Exclamou Onnea, tanto pela boca quanto pelo Link, fazendo minha cabeça latejar.