A eleita Rainha do Inferno

Sangue

-Vamos Vicente , corre . -Gritava a irmã .
-Eu não consigo - resmungava o garoto.
-Vamos , não precisa ter medo. -Dizia Maria em quanto puxava o arreio do alazão mais velho de seu pai para impulsionar uma corrida.
-Eu não consigo Maria. Eu não consigo cavalgar bem como você.
-Você já é um homem. Tem que saber , papai disse que queria te ver montando ao fim do dia. Se não como receberá as bençãos de Cristo ? Como será promovido a cavalaria do rei ? Você precisa tentar. Feche os olhos , respire fundo e acredite em você. Eu vou estar correndo bem do seu lado.
O menino assim fez , fechou os olhos, e bateu os pés no cavalo que começou a correr. Vicente sentia o vento tocar seu rosto , e então parou de sentir medo e começou a sorrir , com seus dentes banguelas de um pré adolescente.
-Maria , eu to conseguindo Maria. Eu estou indo bem !!!
Maria mantia o ritmo sempre ao lado do irmão e os dois corriam sorrindo um pro outro
. Mas antes que pudessem perceber um barulho assustou seus cavalos que ficaram sob duas patas e descontrolados. Maria puxava as rédeas quando viu o cavalo do irmão correr descontrolado .
-Maria....-Gritava o garoto -Eu não consigo parar .
Ela então correu atrás dele incansavelmente. Mas o barulho se repetiu. Deviam ser caçadores. E o cavalo empinou novamente derrubando o garoto no chão.
-Vicenteeee...-Gritou a menina. Sem pensar duas vezes saltou do cavalo ao chão , e chamava o irmão , incansavelmente .
-Vicente , abre os olhos por favor.
  Arrastou o irmão pra de baixo da árvore mais próxima , e correu para um poço da aldeia vizinha a sua , pegou água , e levou ao irmão. Deu- lhe na boca , até que ele se engasgou e acordou.
-Que bom , que bom que você voltou .
Disse o abraçando .  O menino sorriu pra ela e disse .
- Não devemos tentar isso de novo.
-Eu te amo. -Disse o abraçando.
-Maria. Eu tive um sonho. Quando eu caí do cavalo , eu vi todos os cavalos se prostrado diante de você , e anjos , acho que eram anjos , vinham e colocavam uma coroa em sua cabeça . E depois o tempo se fechava e tudo ficava escuro , muito escuro , e você cantava uma música , e a luz da lua foi descendo cada vez mais perto e se aproximando de você e depois ela foi se apagando. Eu tive medo. Mas você segurou minha mão.
Maria então abraçou seu irmão ainda mais forte.
-Só não conte nada a sua mãe.
-Nossa mãe Maria.
-É, não conte nada a nossa mãe.

Quando iam se aproximando da casa que moravam , sua mãe já veio de encontro a Vicente , correu e o abraçou.
-O que você fez amaldiçoada?
-Mãe , ela só cuidou de mim ,não fez nada.
-Meu filho , você não sabe enxergar o quanto essa menina é ruim , você está todo machucado meu amor.  Vá tomar um banho que mamãe vai preparar algo pra você se alimentar. Em quanto você Maria , vá buscar lenga na mata. E não volte  em quanto suas mãos amaldiçoadas não estiverem sangrando.
-Onde está o papa.
-MEU marido , está trabalhando por nós , Meu marido não volta hoje , então trate de seguir o que eu mandar. Logo você vai perder seu reinado , e vai entender que não é bem vinda a nossa família.
Maria então seguiu a trilha que a guiava até a mata onde iria apanhar lenha. E ali passou o resto do dia até escurecer . Quando a lua a iluminava ,  e a brisa fria do tempo tocava seu rosto , escutou um canto , como o que seu irmão havia descrito virava se pra todos os lados e não via ninguém .
-Quem é ? -Gritava -Fala comigo, eu seu que está aí .
  E o canto permanecia , em quanto ela o procurava . Tropeçou e caiu , em seguida se reergueu e avistou a mesma mulher de seu sonho .
-Meu chamou ? -Disse a mulher se aproximando .