Inquisição

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- Eu te amava...eu senti - Marco a olhava nos olhos demonstrando certeza nas palavras.
- Não foi o que pareceu na noite em que abri meus olhos decorrente ao susto de sentir um pano sendo colocado contra a minha boca a força. Homens me amarravam com cordas e palhas. Alguns e seus crucifixos que batiam no meu rosto. Eles arrancavam os crucifixos e me agrediam e quando eu gritava me chamavam de demônio. Qualquer pessoa gritaria pois era dolorido. Eles diziam repetidamente....bruxa...bruxa....bruxa...Todos com labaredas de fogo em grandes estacas, me amarraram as pernas e me puxaram, eu sentia meu rosto arrastando pela mata, a mata que tanto cuidei era o solo que cortava o meu rosto. Me lembro de sentir o cheiro de bebida, aqueles homens tinham um mal cheiro e se sentiam orgulhosos por isso. Eu não relutei. Me levaram até a Aldeia, e já havia uma estaca de madeira fixada no chão, me esperando. E lá me amarraram, pernas, e braços.
- Minha nossa - Dizia Marco que agora estava a enxergar as lembranças.
- Eram tantas pessoas, tanta gente que queria me ver ali - Continuou - Eu senti a dor quando foram jogando lenha nos meus pés, então anunciaram que me queimaram no outro dia pois o rei estava em outra cidade convidando pessoas para o casamento e ele precisava sentenciar a bruxa. Confesso que tive esperança.

Sem chorar, ou tentar se soltar, apenas olhos fechados e a mente conectada com os planos espirituais. Tudo doía tanto que nada iria ser pior ou melhor. Demorou, mas a manhã chegou.
Homens e mulheres em volta daquele corpo, crianças olhavam assustados em especial uma criança, a qual parou de frente e permaneceu ali sem se quer se mexer.  Lauren, com aqueles olhos verdes fixados em mim, então comecei a olhar ela também quando ouvi sua voz em minha mente.
- Eu sou como você, então vou te tirar daí bruxa.
Eu não acreditava, estava ouvindo o pensamento de uma garotinha. Então fechei os olhos e pensei de volta.
- Mentalize as nuvens trazendo uma tempestade.
E nós duas fechamos os olhos juntas.

- Salve o nosso rei - Gritaram os homens...- Salve - Várias vozes diziam juntas.
- Vida Longa ao rei...
 

Miguel desceu do cavalo e me olhou. Seus olhos ficaram os meus e eu o senti. Logo atrás dele surgiu Augusta, com sua bebê no colo, e pela distância não consegui ouvir o que os dois falavam, mas ela mostrou a ele os pés da minha filha. Logo a madrasta de Lauren mostrou seus dedos...e as pessoas foram surgindo com minhas falhas. Lauren me mandava mensagens positivas, mas eu vi os olhos de Miguel, ele estava decepcionado comigo. Eu vi os olhos do meu irmão Vicente e me lembrei de quando eu o ensinava a cavalgar e ele caiu do cavalo. Eu o amava tanto e ele estava pedindo para que me queimassem. Todos pediam a decisão do rei quando Miguel estendeu a mão e todos ficaram em silêncio. Ele me olhou, fechou os olhos e disse:
- Por tudo que mostraram, e pela minha irmã, queimem - a.

Os homens com suas tochas nas mãos, caminharam em direção as lenhas em meus pés, e foram colocando as chamas. Um por um, em fila para queimar uma mulher. Então você Miguel caminhou até mim, tirou o pano da minha boca e me perguntou se eu tinha algo a dizer. E eu te disse - Eu estou grávida. Em quanto as chamas queimavam meus pés.
Lauren então começou a gritar como se o fogo queimasse ela. E eu gritei de dor. Sentia como se a minha pele estivesse saindo do meu corpo e quando você se afastou doeu ainda mais. A dor era insuportável, nada nunca me machucou tanto.
-NOITEEEEEE.....
Eu via Teméres me olhando através do corpo da filha da Augusta, mas ele não podia fazer nada, estava preso. Eu via o Vicente comemorando, e as chamas foram subindo pelo meu corpo. Quando o céu ficou preto, e raios começaram a atingir as pessoas, todos começaram a correr para se protegerem, e uma enorme chuva, e a mais rápida caiu sobre o fogo o apagando, junto comigo que adormeci em um sono profundo.

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