Me lembro bem da escuridão que me seguia, do vento soprando as velas e do rosto modificado de minha madrasta pela feição de Temérez que me olhava com olhar de súplica.
- Bruxa, eu posso sentir sua magia, e eu estou desaparecendo, fiz muitas coisas das quais a magia me baniu, eu quero continuar, mas nem visto por leigos sou mais.
- Lhe dou a informação que isso não é um problema meu, você sabe não é ?
- Mas você foi a única que conseguiu me ver, estou em uma energia tão baixa que não consigo mais sugar a energia dos homens. Mas você não, o que você tem é tão forte, que pode ceder energia suficiente para que qualquer espírito consiga se comunicar com você, você é a única que eu consigo falar, sabe o quanto eu tenho esperado por isso ?
- Então por isso tentou me atacar? Na tentativa de roubar minha energia ?
- Não...- abaixou a cabeça aparentemente envergonhado.
- O que pretendia fazer?
- Roubar seu corpo, e assumi - lo como eu.
- Grande coisa - desdenhou dando de ombros caminhando em direção a porta.
- Não, espere bruxa, me ajuda, eu faço o que você quiser, prometo tornar - me seu escravo.
- O que tem a me oferecer ?
- Não sei, o que você quiser. O que você mais deseja.
Maria fechou os olhos e se lembrou do lobo a atacando.
- Temérez, você é capaz de se apresentar com a aparência de qualquer pessoa? Ou só de animais ?
- Se eu tiver energia suficiente me apresento com qualquer face.
- Conseguiria aparecer na forma humana ?
- Precisaria estar em um corpo, mas sim.
- Tudo bem, na hora certa então lhe pedirei um favor, se tudo correr bem, lhe darei a vida de volta, se preferir até mesmo um corpo. Vá ! - Ordenou e o espírito saiu derrubando a madrasta no chão, devolvendo a todos os movimentos e falas.- O que pretende fazer comigo menina ?
- Mamãe !!! - Gritou Vicente indo ajudar a mãe em quanto segurava a bebê.
- Quem é você mulher ? - Gritou o homem, marido de sua madrasta.
- Fique em paz , o que vou fazer com você não chega nem perto do que você fez comigo, mamãe. - Caminhou próxima a mesa, rasgou um pedaço de pão com as mãos e deixou a casa.
- Vamos Princesa - Disse ao cavalo antes de subir no mesmo. Quando percebeu quantas pessoas a olhavam ela sorriu. Parou o cavalo perto do antigo poço que costumava pegar água e correu os olhos lembrando de tudo que ali passará.
- Eu só digo uma coisa, quem quiser me queimar, me queime, quem quiser me matar me matem, mas quem quiser caminhar comigo não tenha medo, ninguém deve se esconder por ser melhor do que alguns. Eu não me esconderei mais, se alguém se sentir forte suficiente, pode vir até mim na floresta.
E assim ela deixou a Aldeia em seu cavalo branco de crinas negras.Meu canto atraia os animais, e eu gostava de saudar a natureza, começava a cantar em profunda solidão e quando abria meus olhos estava cercada por pássaros, lobos uivantes, tigres entre outros, os quais considerava amigos. Pensei em construir uma nova cabana, mas estava na hora de construir um lar de verdade, pela primeira vez fui pegar água no poço, os olhares não me incomodavam mais, até que ouvi as pessoas dizendo.
- Rei Miguel e a futura esposa já estão no palácio.
Me aproximei, eram duas meninas.
- O que estão dizendo ?
As duas se afastaram aterrorizadas com a minha presença, onde eu ia causava medo. Vicente me olhava da janela com expressão de nojo, as vezes eu o via saindo de túnica indo em direção a igreja, agora era padre, o menino que eu ensinava tudo, agora era o padre que mais me queria sendo queimada na fogueira. O correr os olhos vi uma garotinha de cabelos negros lisos e olhos muito verdes caminhando em direção ao poço então perguntei a ela.
- Sabe algo sobre o casamento ?
- Sim - Me respondeu sem demonstrar medo, nem ódio - Sei que tudo me parece necessário para que a capital e as Aldeias não entre em guerra, o Rei vai se casar com uma princesa de verdade.
- Sabe quando ?
- Na próxima lua nova eles irão firmar os votos.
- Obrigada, como você se chama ?
- Lauren, e você é Emily não é ? Fica tranquila, eu sempre acreditei na sua versão. -Dizia com a voz baixa.- Não deveria estar aqui bruxa! - Gritou uma voz feminina. Em quando a menina se afastou.
- Nunca mais se aproxime da filha do meu marido, e você menina inútil , quer acabar como ela ? Sempre sendo uma decepção, hoje durmirá com as ovelhas.
Me aproximei então, e puxei a mão da mulher, e com a outra mão tirei um punhal o qual cortei um dedo da mesma. Aproximei de seu ouvido - Nunca mais fale assim com a menina, da próxima vez corto sua garganta. - Me afastei, joguei seu dedo no poço e montei no cavalo com o balde água limpa, sumindo da vista das pessoas.
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A eleita Rainha do Inferno
EspiritualUm jornalista com propósito de desvendar o mistério por trás de atividades paranormais em uma casa abandonada em Atenas, na Grécia , descobre um mundo paralelo ao dos encarnados e fica de frente com o diabo, ou melhor com a mulher dele, que decidiu...