Um jornalista com propósito de desvendar o mistério por trás de atividades paranormais em uma casa abandonada em Atenas, na Grécia , descobre um mundo paralelo ao dos encarnados e fica de frente com o diabo, ou melhor com a mulher dele, que decidiu...
Não ouvia som de musicas, ou vozes de homens embriagados. Era silêncio absoluto como se tivessem esvaziado os castelos. O mesmo homem que me tirou sangue, foi até lá me buscar. - Pra onde tá me levando? E a minha criada? - Ela não é importante.
Em outros tempos eu já teria desistido. A verdade é que a noite sempre lutou por mim em quanto eu apenas corria. O homem me arrastou todos os corredores até me levar aos aposentos do rei. Nos aposentos do mesmo estava só ele, e a noite.
- Cadê a minha filha Noite. - Quem é Noite ? - Perguntou Miguel se virando pra mim. Ao me olhar eu senti, senti como se estivesse naquele barco balançando de um lado pro outro, senti minhas pernas tremerem, e minhas mãos estavam frias. Me veio vergonha, vergonha de estar naquela situação, vergonha das marcas de queimaduras no meu rosto.
- Mas eu achei que...- Antes mesmo que Miguel terminasse de Dizer a noite o interrompeu. - Sim, eu disse que tinha feito um feitiço para mudar a aparência, mas eu menti, ta. Ali sua amada, não sou eu. - Deu uma risada sarcástica. - Solte ela - Ordenou para o soldado. - Então se o interesse não é da Maria que a nossa filha seja herdeira do trono, por que é seu ? - Ela é uma bruxa Miguel, ela quer fazer um ritual satânico com a nossa menina, eu não quero que ela seja rainha eu quero que ela seja feliz. - Quanta melancolia vocês dois. Calem - se. Senta lá plebeia. A noite então se aproximou de mim e me jogou na cama. E o mesmo fez com Miguel. - Senta lá magestade. Em seguida arrastou um espelho para o meio no quarto e iniciou uma espécie de ritual.
As mãos de Miguel ainda eram as mesmas, quentes, grandes e macias. E quando ele tocou as minhas eu ainda senti as mesmas coisas. - Você foi embora, e eu ordenei que era a vontade de Deus te deixarem em paz. - Eu não podia ficar. Você me queimaria de novo. - Me conte da Isabel, como ela é ? - Você não teve filhos? Onde está sua esposa? - Minha esposa faleceu a três dias. - Coencidência - Pensei dizendo baixinho. - Ela não era fértil, não segurava o bebê na barriga, sempre morriam antes de nascer. - Sinto muito. Isabel é linda, tem os meus cabelos, mas é determinada como você, gosta do povo, é sempre boa, nunca faz nada que não seja pensando em outra pessoa. - Ela vai ser uma boa rainha, me perdoa ? - Chega vocês dois. Como podem se perdoar? Você queimou a mulher viva , e você ? Fez sexo com o primo dele, sempre gostou mais do poder do que do homem. Chega. Levantem - se.
Um espelho, desenhos místicos no chão. Ossos de porcos. Eu já tinha visto aquilo em algum lugar, mas quando a porta se abriu eu tive certeza. - Augusta? - Perguntei sem acreditar. - Eu disse que você ia pagar. - Respondeu ríspida, quando Isabel saiu de trás dela. - Isabel ? - Gabriele...- Respondeu a menina indo abraçar a mãe. - Eu senti sua falta, desculpa por ter saído assim. Mas que bom que chegou bem. Vamos morar aqui agora? - Shiuu- Eu a abracei tão forte que sentia seus ossos estralarem. Era tão bom estar ali naquele abraço. Ela estava linda, linda como nunca esteve. - Maria ? - Uma voz de criança disse. Quando direcionei o meu olhar não acreditava. Ele se lembrava de mim. - Temerez ? A filha de Augusta logo veio e me abraçou, o que ninguém entendia era como ela se lembrava de mim. - Você está linda.
- Vocês conseguem transformar tudo em romance. Vamos Augusta acenda o fogo.
E assim Augusta acendeu um círculo de chamas. A noite começou a dizer palavras em línguas antigas, e no espelho apareceu um homem. Ninguém ali já havia visto um ritual de tamanha precisão, os restos mortais do porco foram se posicionando sozinho. Tragam- me o sangue e a veste. Noite se despiu diante do espelho, ficando totalmente nua. Pegou o primeuro cantil e se banhou com o sangue do rei, e apanhou o outro, e se banhou com o sangue da Maria. Os homens trouxeram- lhe as vestes, semelhante as que estavam no baú de Cecília Amaralles. Eu reconheci logo quando vi. Ela era a Cecília, ela era a dona das mechas ruivas, ela era uma ancestral minha. Ela se vestiu e virou - se para nós. - Venha pequena. - Não va filha fique aqui. - Sansh - Ordenou e o homem logo colocou sua espada em meu pescoço. - Eu vou Gabriele, e eu vou ficar bem, a noite me ensinou a fazer o sol nascer, então não vai acontecer nada comigo. Augusta parecia paralisada. Puxou sua filha pelo braço e ficou ali, olhando com ódio nos olhos, e agora eu sabia o que ela sentiu quando eu saí pela porta de sua casa com seu bebê. Lembro me até hoje, de olhar para a Isabel, e sentir suas mãos deixando de tocar as minhas. Ela me deu um sorriso lindo, pra ela tudo estava bem e tudo era leve, tudo ia dar certo. - Filha, mata ela - Lembro de dizer em voz baixa. - Se você matar ela, ela não pode te dar para o homem do espelho. Mata ela. - Eu te amo mamãe. Eu chorei tanto naquele momento que lembro de Miguel em sua profunda inutilidade, envolvendo seu braços a minha volta. - Venha minha rainha - Disse o rosto de fumaça no espelho. Logo me lembrei de tudo, de todas as mágoas que causei por ser diferente. Olhei aquelas chamas no círculo do chão e me lembrei o quanto era incentivada a pular. Soltei a minha mão do Rei, e como nos sonhos me lancei no fogo, tomei a espada do soldado, passando em meu pescoço, e antes de cair lembro - me bem de crava - la nas costas da minha pequena Isabel. Minha visão escureceu e eu escutava apenas os gritos, todos que estavam ali gritavam, gritavam alto, desesperados, sem parar. Só ouvia gritos em meio a escuridão.
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