Criança

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Em quanto todos dormiam Noite deixou a casa. Todos acordaram cada qual com seus afazeres quando Gabrielle (Maria ) sentou- se a mesa.
- Minha convidada já desceu para o café ? - Perguntou Maria colocando o pano no colo.
- Não senhora - Respondeu sua criada. - E não estava no quarto de manhã.
Maria fixou seus olhos onde não havia nada para ser olhado e perguntou.
- Onde está Isabel ?
- Está junto com as negras das roupas.
- Você está certa disso ?
- Sim senhora.
- Traga ela pra cá.

E assim a criada fez. Maria deixou seu café de lado e saiu pela casa procurando a Noite. Caminhou pelos quartos, bibliotecas, quartos de coleções os quais nunca havia se quer entrado, quando avistou uma porta ao fim de uma escada. Porta camuflada com a mesma aparência das paredes porta a qual nunca nem se quer tinha visto. Pensou que a mulher poderia estar lá, ergueu a barra do vestido e subiu as escadas ficando de frente com a maçaneta. Girou a mesma e se deparou com um quarto absolutamente comum, porém intacto. Uma cama arrumada como se ninguém nunca mais tivesse deitado ali. Móveis empoeirados, e vestidos em manequins. Vestidos lindos e de muito luxo. Maria continuou entrando, passando os dedos sob os móveis tentando entender de quem era aquele quarto. Foi até a janela, e com dificuldade abriu as cortinas empoeiradas. Em seguida forçou a janela até conseguir abrir e permitir a entrada de um ar naquele lugar misterioso. Havia um guarda roupas de madeira a sua esquerda, delicadamente ela o tocou, descendo suas mãos até segurar o puxador de ferro que ele tinha em suas portas, e abriu. Haviam inúmeros lenços, azuis, violeta, rosa. Chapéis que certamente pertenceram a uma mulher de família rica. Maria continuou explorando o lugar, e viu o baú a beira da cama e rapidamente o abriu, estava muito encantada com tudo que via. Logo localizou as capas, já desgastadas pelo tempo, mas de boa qualidade. Maria se ajoelhou e começou a tirá-las de lá de dentro batendo a mão na poeira tirando de si mesma uma tosse que em seguida se repreendeu - Morou na floresta e agora se irrita com um pouco de antiguidade - Sorrindo, localizou as luvas da dama. Notava - se que tinha mãos de criança. Dedos gordinhos, e curtos. Tinham luvas claras e escuras que combinavam claramente com os lenços. E dentro do baú havia também uma caixa pequena de madeira a qual Maria não exitou em abrir. Seus olhos se iluminaram. Dentro da pequena caixa havia um pano ralo dobrado em quatro partes , também corroído já pelo tempo, bordado em azul claro com o nome da dona das coisas provavelmente. Mas também tinha um papel onde estava desenhado o rosto de uma jovem, Maria tocou o ferrado pintado pelas mãos de algum grande artista que davam vida as pintinhas que sua musa tinha no rosto, seus olhos iluminados e uma expressão tímida, cabelos presos enfeitado por flores. Mas quem seria aquela jovem ? Dentro da caixa também tinham algumas jóias, um anel em especial tinha sido o mais lindo que Maria já havia visto. Era prata, com um rubi na ponta, brilhando vermelho implorando para ser usado, mas ela se conteve e foi olhar as outras coisas, tirando uma por um de dentro da caixa.
Maria se recuperou daquela nostalgia, de ver tantas coisas esquecidas pelo tempo, pois ela sentia apenas de tocar que aquilo pertenceu a alguém e deu um pouco de alegria para aquele quarto triste. Então começou a guardar todas as coisas de volta em seus devidos lugares, ao apalpar o paninho sentiu ele tinha algo enrolado no meio, e o abriu. Havia uma mecha de cabelos ruivos amarrados em uma fita de cetim branca. E bordado em azul claro o nome de Eliza Miguel Amarales. Seus olhos se iluminaram, mas ao ver a mecha ruiva, ela lembrou de Isabel, devolveu tudo exatamente como estava, e desceu as escadas todas até chegar a sala da casa onde avistou Noite e Isabel girando no meio da sala.
- O que está acontecendo aqui ?

Isabel correu para um canto, e se posicionou com a postura ereta, de cabeça baixa respondeu.
- Estávamos brincando.
- A menina tem medo de você ? - Perguntou a convidada.
- Cale - se Noite.
- A moça estava me mostrando a dança que ela fez pro sol essa noite.
- Dança pro sol ?
- Sim, ela girava, e o sol aparecia pra ela, eu vi mas eu estava escondida, vi pelo buraco do celeiro.
- A menina dorme no celeiro ?
- Eu já mandei se calar - Esbravejou . - Isabel, suba, Lauren, de um banho na menina que eu quero conversar em particular com a minha convidada.
- Sim senhora.

Todos se afastaram, e deixaram a sala silenciosa para Maria e noite.
- É uma criança adorável.
- Eu sei que é, porque fui eu que criei.
- Na verdade não Gabrielle, ou Maria ? Na verdade quem a criou não foi você... foram as negras, ela dorme no celeiro. Você odiou tanto a vida selvagem que a deu para sua própria filha.
- Aquela vida me fez mais forte, ela precisa ser forte.
- Sempre criticou a minha maneira de te tratar, e você faz com a menina igual.
- Nunca!!! Eu nunca vou fazer com ela o que você fez comigo e eu nunca mais quero ver você se aproximando dela. O que teve que fazer suas bruxarias na frente de uma criança ? - Os olhos dela então lacrimejaram. 
- Eu não creio que vá chorar.
Maria limpou o próprio rosto caminhou da direção da noite e disse baixinho.
- Se pretende ficar nessa casa, vai ter que aprender a me respeitar. Eu não tenho medo de te trancar em uma prisão para nunca mais ter que ver a sua cara. E trate de escolher um nome comum. Não dá pra te chamar assim para sempre.
- Já escolhi um nome, Emily.
Um silêncio tomou conta do lugar por alguns segundos. Mas logo Maria sorriu, sem poder acreditar que a Noite escolheu o nome de sua falecida madrasta.
- Bela homenagem - Disse antes de deixar o local.

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