2 - Viajando e treinando

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Na manhã seguinte James e Eliza seguiram viagem a cavalo. Estavam quase no final da floresta quando chegaram às margens do Rio Rima, mas infelizmente a ponte havia caído. Se não fosse pela eficiência de James em criar uma ponte de gelo improvisada ao canalizar sua magia gélida em sua espada e interromper o fluxo da correnteza a dupla teria levado pelo menos mais três dias para contornar aquelas águas. O cavalo cruzou o caminho de gelo com tanta tranquilidade que não era difícil deduzir que aquela não era a primeira vez que o animal fazia aquilo. Finalmente chegaram ao fim da floresta e a partir dali a estrada seguia por um campo aberto. Ainda demorariam um pouco até a próxima pausa, então a moça resolveu iniciar uma conversa para passar o tempo.

- Ei, seu cavalo tem nome? - disse admirando o corcel negro no qual cavalgavam, deduzindo que certamente um cavaleiro gostaria de conversar sobre sua montaria.

- Impávido - respondeu. - Estamos juntos há alguns anos. O recebi de presente de um comerciante após dar uma ajudinha com um ogro raivoso.

- Você sempre enfrenta esses monstros? Ogros, quimeras, dragões?

- Dragões estão bem acima do meu patamar - ele riu. - São poderosos demais para enfrentar com uma magia básica de gelo.

- Entendi. - Ela ficou alguns segundos tentando pensar em outro assunto para debater. - Então... por que cortou a cabeça de bode daquela quimera? Ela já não estava morta?

- Não se deixe enganar pelo que vê - respondeu. - Quimeras possuem três cabeças, ou seja, três cérebros. Se deixar ao menos um deles intacto o corpo é reanimado minutos depois pela cabeça que sobrar e a fera começa a causar problemas novamente. Portanto, sempre mate as três cabeças.

- Eu não sabia - respondeu surpresa.

- Dificilmente pessoas comuns sabem. A maioria acaba ignorando a cabeça de bode por ela não atacar diretamente. Pelo menos pude coletar uma amostra do veneno da serpente e algumas garras do leão. Conheço um alquimista que vai adorar isso.

Avançando mais um pouco James reparou em um pequeno riacho que havia ao lado da estrada principal. Um local perfeito para por em prática seus planos.

- Muito bem - disse ele animado. - Vamos começar seu treinamento básico. Já segurou uma espada?

- Não.

- Então vamos lá - ambos desmontaram do cavalo e se posicionaram nas proximidades do riacho. James recolheu uma pequena espada reta de um dos alforges, colocando-a em seguida nas mãos de Liz. - Essa espada serve para treinamento de recrutas do exército. Não é de madeira, mas é leve e fácil de usar.

- Se você diz - Ela girou a lâmina de um lado para o outro - Realmente é bem mais leve do que eu esperada.

- Agora assuma uma postura de combate - ele a ajudou a endireitar os pés e a coluna e depois se afastou. - Essa espada deve ser usada apenas por uma mão. Você pode usar a mão que está livre para enganar o oponente trocando a arma de mão, carregar um escudo ou só dar um soco na cara do desgraçado. Use a criatividade. Agora tente me acertar.

- O quê?! Mas começamos agora - protestou - e eu não quero te cortar com uma espada. Preciso do meu professor vivo.

- Você não vai me machucar - tranquilizou-a. - Agora vem com tudo.

- Está bem. - Ela avançou mais por impulso do que qualquer outra coisa. Desceu a lâmina na direção de James, porém foi impedida antes que terminasse de executar o golpe. Uma mão do seu professor agarrou seu pulso enquanto a outra lhe tomou a espada e a posicionou próxima garganta da moça.

- Sem firmeza nas mãos. - Ele colocou o pé por trás do tornozelo de Eliza e a empurrou levemente, fazendo-a perder o equilíbrio e cair para trás - Sem firmeza nos pés. Uma vergonha.

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora