18 - Criotermia

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Nicolas corria pelo jardim da mansão perseguindo o rastro de Theomar e Merilla. A grama estava toda molhada ou com fragmentos de gelo quebrado. Algumas árvores haviam sido arrancadas e outras derrubadas. Foi quando ele encontrou seus alvos na parte lateral do lugar. Theomar estava empenhado em neutralizar sua adversária, fazendo chover estacas de gelo sobre ela, que desviava com uma variedade de saltos acrobáticos.

— Theo, abaixe-se! — Gritou Nicolas.

O cavaleiro robusto bateu os punhos, fazendo surgir sua arma elemental, não uma, mas sim um par de manoplas douradas. Depois direcionou as palmas das mãos em direção a Merilla e uma discarga elétrica em forma de raio atingiu o alvo em cheio, derrubando-a no chão. O Cavaleiro da Bravura aproveitou a oportunidade para se aproximar e tentar perfurar a invasora com sua espada de lâmpada azul, mas quando se aproximou Merilla voltou a se mexer. Uma calda com a ponta cheia de protuberâncias espinhosas surgiu a partir do final de sua coluna vertebral e em um movimento rápido disparou algumas delas na direção de Theomar. Ele escapou por pouco do ataque, projetando uma parede de gelo grossa apenas o suficiente para bloquear os projeiteis pontudos.

— Nicolas! — Gritou sinalizando para o amigo.

O grandalhão correu e socou a parede de gelo fino, fazendo os estilhaços voarem sobre Merilla. Theomar aproveitou para fazer os pedaços congelados atingirem sua inimiga antes que esta se levantasse, causando vários cortes, perfurando órgãos e esmagando alguns ossos. Quando acabou o corpo de Merilla estava em pedaços.

— Theo, você exagerou! — Protestou Nicolas. — As ordens eram para levar ela viva.

— Ela não morreu. — Retrucou ele. — Metaformos não morrem tão fácil, pois sua regeneração é incrível, principalmente a de Merilla. Ela está brincando com a gente.

— E estou me divertindo muito. — falou a mulher ainda despedaçada, mas já começando a se recompor. — Porém acho que podemos deixar as coisas mais interessantes.

As partes destruídas de seu corpo voltaram ao normal e começaram a se transformar, aumentando o volume. Seu tronco tornou-se como o de um leão, um par de asas de morcego cresceu em suas costas e sua calda cheia espinhosa voltou a crescer.

— De novo essa forma maldita de manticora. — Resmungou Theomar.

— É para te agradar — disse Merilla, agora com sua voz medonha devido a transformação.

A fera cuspiu fogo em direção aos dois, mas dessa vez Theomar criou uma parede de gelo bem mais grossa para se proteger. As chamas se chocaram fortemente contra a criação do cavaleiro, que resistiu, mas mesmo aquela proteção não aguentaria para sempre.

— Nicolas, eu tenho uma magia para neutralizar ela, mas preciso concentrar mais mana. Consegue segurá-la por um minuto?

— Deixe comigo — ele juntou as mãos e se concentrou por alguns segundos. — Quando quiser.

— No três. Um... dois... três!

No mesmo instante que ele desfez a magia que mantinha a parede de gelo Nicolas avançou contra as chamas, mas sem ser atingido. Com sua magia de eletricidade ele criou um campo eletromagnético de repulsão que impediu o fogo de lhe atingir e desviou as labaredas pelas laterais, como um escudo invisível. Ele avançou até alcançar a grande fera e desferiu um soco potente contra ela, interrompendo o disparo flamejante. Foi então que começou uma série de socos eletrificados contra Merilla, que aos poucos foi enfraquecendo. Seu tamanho começou a diminuir e foi quando ela percebeu que o campo protetor de Nicolas teve que ser desativado para este atacar. Numa tentativa de virar o jogo a metamorfa ergueu sua calda mais uma vez e apontou os espinhos para Nicolas. Antes que pudesse disparar, porém, um objeto passou voando sobre todos, decepando a calda da manticora. Só quando caiu no chão foi que Nicolas percebeu que era uma foice. Ele olhou para trás para ver Eliza e Íntegra correndo até eles, mas voltou a focar em sua oponente para não lhe dar nenhuma brecha a mais.

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora