Aconteceu após Theo adquirir seus poderes, mas antes da sua nomeação oficial como membro da ordem, pois a guerra estava tão intensa na época que o evento teve que ser adiado. Ele já havia passado por algumas aventuras quando seguiu pela estrada, acompanhado por um pequeno pelotão. Chegaram a um pequeno vilarejo onde perceberam que as casas estavam queimadas ou parcialmente destruídas.— Mas o que teria causado tal desgraça? — Um dos soldados se perguntou.
Um grito de mulher foi ouvido. Todos se voltaram em sua direção e avistaram uma jovem de cabelos pretos correndo enquanto uma manticora a perseguia.
— Senhorita, abaixe-se! — gritou Theo.
A moça jogou-se ao chão instintivamente. Ele fez um sinal com a mão e uma rajada congelante se projetou de seus dedos, atingindo o monstro em cheio. A fera recuou tentando se livrar dos cristais que se formavam sobre sua pele.
— Ajudem a moça! — ordenou ele aos companheiros. — Eu cuido do monstro. — Dois cavaleiros correram ao auxílio da jovem e a trouxeram para perto do grupo.
Theo correu em direção a fera a fim de chamar sua atenção, fazendo surgir algumas setas de gelo sobre sua cabeça e disparando-as contra seu alvo. A manticora abriu a bocarra e de dentro saíram labaredas ardentes que derreteram algumas setas, mas duas delas atingiram um olho e uma das patas dianteiras da criatura.
— Acertei — comemorou ele.
O fogo parou bem a tempo de Theo se proteger atrás de uma pequena casa. Incomodado com a dor o monstro não percebeu nosso menino heroico favorito se aproximando e desferindo um golpe certeiro em seu outro olho.
— Está vulnerável. É a sua chance — gritou Rob, um de seus amigos.
Theo conjurou a Aurora Gélida e, empunhando-a, deslizou por baixo da fera e perfurou-lhe o coração. Em pânico a manticora lançou descontroladamente suas agulhas venenosas para todos os lados. A criatura caiu agonizando e sangrou até morrer.
— Vencemos! — comemorou o grupo.
— Essa foi quase — disse Theo aliviado. — Informem as baixas e os feridos.
— Dois mortos, senhor — confirmou um dos soldados. — Matt e Kal foram atingidos pelas agulhas e não resistiram — disse lamentando. — Temos cinco feridos pelas chamas, dois deles em estado grave.
— Mande alguns homens tratarem os feridos imediatamente. Os demais ajudem a recolher os corpos dos nossos amigos e dos habitantes da vila.
Passados alguns minutos vários túmulos improvisados haviam sido preparados. Theo, como líder do grupo, ensaiou mentalmente algumas palavras e começou um discurso.
— É lamentável como a tragédia aflige aqueles de origem tão humilde. Esses homens e mulheres viviam suas vidas pacificamente e nada fizeram para merecer um fim tão triste como esse. Esperamos que com a morte da fera seus espíritos possam descansar em paz.
Por mais que dissesse aquilo ele não acreditava de fato em suas palavras, mas alguém tinha que falar alguma coisa naquele momento.
— Agradeço aos nossos irmãos de armas Matt e Kal por lutarem com bravura. Seus nomes serão lembrados por nós para que nunca nos esqueçamos do dever de banir o mal deste mundo e proteger os inocentes que nos foi imbuído. Que Benevit esteja com todos nós.
— Que Benevit esteja com todos nós — repetiram os demais.
O sol já estava se pondo quando o grupo montou acampamento. A jovem resgatada teve as feridas tratadas e então foi levada até a tenda de Theo para contar o que havia acontecido. Informou que seu nome era Amanda e que vivia naquele vilarejo desde criança. Segundo ela a manticora aparecera repentinamente uma hora antes do grupo chegar.
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A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)
FantasyHá 10 anos o reino da Antares atacou o reino de Arietis sem qualquer explicação. A ofensiva gerou matança e destruição a todo o povo arietiano. Desde então as fronteiras do reino são palco de constantes conflitos, os recursos estão acabando e a econ...