49 - A Verdade

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— Quando fui lançado no portal temporal por Berenita eu passei as primeiras horas flutuando em um turbilhão de cores indescritíveis. Consegui manter contato com este plano no começo, mas logo eu não conseguia ouvir nada além o eco infinito do corredor temporal. — Ele suspirou. — Mas eu descobri que não estava sozinho. Em meio aos sons indescritíveis um ser surgiu diante de mim, uma sombra sem rosto que se dirigiu a palavra a minha pessoa. Sua presença era aterradora.

— Essa descrição me parece com alguém. — Comentou a elfa.

— Pustem, o deus do tempo — confirmou. — Ele não ficou nem um pouco feliz com minha presença em seu território e como castigo por minha invasão me condenou a servi-lo como seu agente. Fui obrigado a executar suas vontades para manter as linhas temporadas em ordem. Só depois de mil serviços ele me permitiu retornar para meu tempo original. Infelizmente não consegui realizar a façanha sem sofrer as sequelas de minha ações, por isso minha aparência.

— Então se você conhece as diversas linhas do tempo...

— Sei exatamente o que ocasionou esta guerra há dez anos — confirmou. — Mas acho melhor mostrar.

Rosnoc conjurou suas espadas que se posicionaram sobre sua cabeça como se estivessem anexadas a um grande relógio invisível. As lâminas começaram a girar e projeções do passado começaram a aparecer. Eliza notou o cenário se transformar em uma sala menor em uma mansão.

— Onde estamos? — Questionou.

— No Distrito Nobre de Hamal há duzentos e noventa e cinco anos — respondeu. — Foi aqui que nasceu aquele que se tornaria o gatilho para os planos de Zarval.

Uma criada passou por eles segurando um bebê recém-nascido.

— Este é Kazan, o Usurpador. Antigo tirano que governou Arietis após um golpe de estado.

— Aquele bebezinho? — Perguntou Eliza.

— Sim, o que muitos não sabem é que Kazan era filho de dois Cavaleiros Elementais. — A imagem de um homem forte de cabelos negros curtos, barba e uma cicatriz na testa foi mostrada junto a de uma mulher de longos cabelos castanhos que se portava elegantemente. — Dante Floralis e Letícia Júpiter, os representantes da Fé e do Poder, respectivamente. Mas a criança foi fruto de uma traição e portanto sua mãe o escondeu de seu marido ciumento, pois ela se preocupava demais com sua reputação para permitir um escândalo.

— Nobres, sempre fazendo merda — comentou Arda.

— Kazan cresceu negligenciado por seus pais, mas descobriu ser extremamente versátil em magia. — Uma imagem de uma criança conjurando uma grande bola de fogo apareceu. — Chegou a superar grandes mestres ainda na juventude, mas nem isso foi o bastante para conseguir a aprovação de seus pais.

— Isso é tão triste — disse Eliza sentindo o peso daquela memória.

— Sem obter sucesso em recebem o carinho dos pais Kazan acabou por nutrir grande rancor contra a nobreza e mergulhou no submundo de Hamal. — Um jovem de cabelos escuros e semblante irado passou caminhando por um beco cheio de criminosos. — Conseguiu diversos aliados perigosos e quando completou vinte anos descobriu que sua mãe, apesar de ser casada com o chefe da família Júpiter, era na verdade a terceira filha do reino de Arietis. Ele interpretou aquilo como um sinal de seu destino e se viu no direito ao trono. Causou uma revolução e tomou o poder para si, matando todos os membros da Ordem das Cinco Estrelas de sua época, incluindo seus pais. Após usurpar o trono ele reinou por vinte anos. — A figura de Kazan sentado no trono triunfante apareceu.

— Até ser vencido por uma nova geração de Cavaleiros Elementais — completou a ruiva. — É una história, mas eu não sabia sobre essa ascendencia do Kazan.

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora