37 - Regina Flammis Corrupta

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Enquanto o corpo de Merilla se recuperava a Cavaleira da Sabedoria saltou sobre a invasora e se posicionou entre ela e o rei.

— Fuja pela Ala Leste, majestade. Há uma escolta esperando na segunda escadaria à direita.

— Você vai lutar sozinha contra essa mulher monstruosa? De jeito nenhum. Não vou me acovardar quando o inimigo invade minha casa.

— Majestade, por mais que eu admire seu ímpeto em lutar como um monarca honrado nós dois devemos concordar que o senhor não está mais nos seus melhores dias. 

— Estas mãos podem ser velhas, mas não se esqueceram de como manejar uma espada.

— Eu não duvido, contra qualquer oponente comum eu não hesitaria em lutar ao seu lado, mas aquela não é uma oponente comum.

O rei refletiu por um momento sobre as palavras de Íntegra. Convencido, guardou sua espada.

— Acho que este velho não pode argumentar contra você. Mas você ficará bem?

— Eu já o desapontei alguma vez? — Ela sorriu confiante.

— Muito bem lembrado — o velho rei se virou para partir, mas interrompeu sua fuga por um instante e se virou novamente para a loira. — Íntegra, está claro que não vamos mais conseguir nada de Merilla. Mate-a.

— Como quiser — disse satisfeita.

— Um velho se escondendo atrás da saia de uma dama. Quanta honra vinda de seu prezado monarca. — Merilla zombou finalmente unindo suas duas metades. — E agora, Bela Sábia? — Arrumou a coluna ainda meio torta. — Lutaremos em um combate épico até a morte e colocaremos o palácio abaixo no processo?

— Ou eu posso apenas te incinerar — declarou a loira com os olhos em brasa.

Íntegra tomou posse de sua alabarda e se preparou para o embate. Chamas cobriram seu corpo e, quando cessaram, ela estava coberta por uma armadura vermelha, a exceção da cabeça.

— Não vai atacar? — A metamorfa provocou. — Então eu começo.

Criando uma carapaça ao redor da pele, semelhante à utilizada na noite da nomeação na mansão Floralis, a invasora avançou contra Íntegra e tentou rasgar seu pescoço com suas garras afiadas. A resposta foi uma rajada de fogo disparada da palma da mão da cavaleira que atingiu o alvo em cheio, lançando Merilla contra uma parede.

— Da última vez eu peguei leve porque precisávamos de você viva. — Disparou outra rajada. — Mas agora eu vou adorar isso. — Disparou uma rajada constante de chamas, cobrindo o corpo da rival.

Um som de uma explosão fez o palácio tremer.

— O que foi isso? — Perguntou-se Íntegra.

Merilla riu antes de declarar.

— É a Medéia — respondeu ainda em chamas. — Ela deve estar brincando por aí.

— Então foi essa Medéia que ajudou você em sua fuga?

— Eu disse a você que não fazia diferença você saber ou não como eu escaparia — Voltou a rir.

A metamorfa então se encolheu em posição fetal, criando uma nova carapaça  que resistiu ao fogo. Vendo que seus ataques não surtiam efeito a cavaleira cessou as chamas.

— Escamas de dragão de novo? Já conheço esse seu truq...

Um braço longo e retorcido saiu de dentro da carapaça, rachando a couraça e agarrando Íntegra pelo pescoço, interrompendo sua fala.

— Certo — disse sufocando. — Isso é novo.

Antes que a loira se ferisse uma luz emanou de sua barriga, na região abaixo do umbigo, e de lá um braço forte envolto em chamas agarrou o membro distorcido e o quebrou, fazendo a atacante recuar. Merilla desfez sua proteção e saltou para trás a fim de ganhar espaço e bolar um novo ataque. Confusa sobre quem havia ajudado sua rival a escapar do estrangulamento ela olhou ao redor.

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora