50 - Instabilidade

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— Você conseguiu me deixar muito irritada, mago desgraçado.

Uma aura escura envolveu o corpo de Arda. A sombra da elfa se expandiu, tomando um formato circular e preenchendo o chão ao seu redor. De dentro da sombra dezenas de mãos negras de dedos longos e finos emergiram. Elas eram sustentadas por braços igualmente longos cuja verdadeira origem era impossível de determinar. Os membros macabros agarraram Nicolas, pressionando o guerreiro contra o chão. Maxwell e Eliza tentaram atacar, mas também foram imobilizados.

— Por todos os deuses, o que são essas coisas?! — Disse Zarval surpreso. — Destruam! — Ordenou.

Os três cavaleiros tentavam utilizar seus poderes para se libertarem, mas a força das mãos sombrias era muito maior do que seu aspecto sugeria. Os membros tentaram atacar Zarval, mas esse se esquivou saltando para trás. Uma perseguição se iniciou com o arquimago desviando das constantes investidas enquanto percorria a sala do trono que tinha seu chão e paredes quebrados pelo conflito.

— Não é tão durão agora, não é? — Provocou a elfa.

— Você me assustou, admito. — Confessou ele. — Mas chega de disso.

Zarval apontou o cajado em direção aos membros medonhos e uma esfera negra se projetou da ponta do mesmo, envolvendo o corpo de seu conjurador. As mãos começaram a esfarelar ao entrar em contato com a proteção mágica.

— Mesmo magia negra também não resiste ao caos — declarou confiante.

Agora mais seguro da vitória, o arquimago caminhou tranquilamente em direção ao seu alvo. Expandiu a esfera negra ao redor do corpo, criando um campo de força que desintegrava as mãos sombrias que tentavam atacá-lo.

— Agora é inútil tentar — disse ele parando em frente a ela. — Você possui talentos incomuns, elfa. Que tal se eu a contratar pelos seus serviços e você ajudar em minha conquista?

— Eu só ajudo quem me paga bem — respondeu enquanto se esforçava para conter os três cavaleiros com as mãos restantes.

— Eu posso pagar muito mais do que qualquer um. — Ele estendeu a mão em sinal de trégua. — O que me diz?

— Suponho que se eu negar morrerei aqui mesmo, não é?

— Você entende rápido. Não há razão para recusar e você também já está no seu limite. Suponho que convocar todas essas aberrações das sombras seja desgastante, não é? — Perguntou ao reparar que o nariz dela sangrava.

— Vou responder com outra pergunta. — Ela o encarou. — Você já reparou que está nublado?

— Nublado? — Ele olhou para uma das janelas quebradas, confirmando a afirmação. — O que isso tem a ver com a conversa?

— Acontece que quando está nublado a luz do sol não incide de forma tão intensa sobre as superficies.

— Ainda não entendo onde você quer chegar.

— E nem precisa. — Ela sorriu debochando. — Pega a coroa.

— Isso é algum tipo de piad...

A mão pálida de Dalv envolveu o rosto de Zarval tão rapidamente que esse nem conseguiu terminar a frase. Uma força enorme pressionou sua cabeça contra o chão enquanto ele sentia a coroa sendo retirada de sua mão.

— Agora destrua! — Gritou Arda.

O vampiro fez o artefato mágico em pedaços com suas mãos. As cincos joias que serviam de ornamentação racharam e se estilhaçaram. Do interior de cada uma luzes surgiram em cores correspondentes aos membros da Ordem das Cinco Estrelas. A luz verde se dirigiu a Eliza e adentrou seu corpo. As luzes branca e dourada foram de encontro a Maxwell e Nicolas, respectivamente. A vermelha saiu por uma janela enquanto a azul retornou pelo caminho pelo qual o grupo viera, também deixando o salão.

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora