— Que cruel — disse Eliza indignada. — Sabia que Merilla era má, mas não imaginei que fosse tão desprezível.
— Agora você entende o porquê daquele idiota evitar tanto se aproximar de você, embora te tratasse bem.
— Parando para pensar, enquanto viajávamos para Hamal ele sempre dormia afastado de mim. Ele estava me evitando?
— Estava. A ideia de gostar de você o perturbava. Pode não parecer, mas Theo é do tipo romântico. Um completo bobão quando está apaixonado e ruivas tagarelas são o ponto fraco dele.
— Pensei que ele fosse sempre um completo bobão. — Ambos riram.
— Ele está demorando muito. Devia ir atrás dele.
— Tem razão.
Ela se levantou, estranhando a ausência da armadura que usara dias atrás. Caminhou para fora da gruta e avistou Theomar colhendo maçãs.
— Você está demorando, então vim ajudar.
— Não precisa, eu já terminei. — Mostrou a cesta cheia.
— Posso deduzir que você está enrolando?
— Pode-se dizer que sim. — Ele a encarou nos olhos. — O Toris te contou, não foi?
— Sobre o quê? — Tentou se fazer de boba.
— Sobre a Merilla, Erick, Rob e o a Vila Azul.
— Tudo bem, você me pegou. Mas como sabia?
— Eu disse que também tenho uma bênção. — apontou para o próprio olho. — A bênção da percepção óptica. Percebo detalhes que a maioria não percebe.
— Isso explica como você sabia quais foram os homens que me feriram durante aquela emboscada de salteadores.
— É por aí — Ele pareceu chateado — Ele não devia ter contado sobre a Merilla.
— E você teria contado?
— Eu... não sei.
— Theo, você está sempre se preocupando comigo, mas já pensou que você também precisa desabafar às vezes?
— Eu não posso. Eu...
Ela pegou a cesta de maçãs, colocou-a no chão e o abraçou.
— É claro que pode. Você ouviu minhas angústias. Se quiser, eu posso ouvir as suas agora.
— Liz, você...
— Fala logo ou não vou te soltar.
— Você é teimosa.
— Sou sim.
— Tudo bem. Por onde começo? — Ele pensou um pouco antes de prosseguir. — Não consigo controlar água em estado líquido muito bem.
— Como é?
— O Cavaleiro da Bravura, tecnicamente, é um guerreiro da água e não especificamente do gelo, mas eu só consigo usar gelo. Controlar água fluída para mim é difícil.
— Sabe a razão?
— Olho Louco me disse uma vez que eu precisava ser mais flexível e assim talvez me tornasse maleável como a água.
— Faz sentido.
— É, mas não consigo ser tão flexível.
— Percebi — disse rindo. — Acho que quando se trata de teimosia nós estamos empatados. Mais alguma coisa?
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A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)
FantasíaHá 10 anos o reino da Antares atacou o reino de Arietis sem qualquer explicação. A ofensiva gerou matança e destruição a todo o povo arietiano. Desde então as fronteiras do reino são palco de constantes conflitos, os recursos estão acabando e a econ...