27° capítulo

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Passo a manhã inteira sendo torturada pelos meus pensamentos

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Passo a manhã inteira sendo torturada pelos meus pensamentos. Por mais que eu tente esquecer, as palavras de minha avó – já nem sei mais se posso chamá-la assim –, ecoam em minha cabeça, não me deixando parar de chorar nem por um minuto.

Sei que deixei meus pais bastante preocupados ontem com minha crise de choro. Eu vi nos olhos de minha mãe que ela estava se segurando para não tentar arrancar as palavras de mim a força. Foi até bom ela não ter insistido, eu estava em um estado tão deplorável que se tivesse aberto a boca, teria acabado com minha família de vez, teria dito coisas horríveis a ela e aí sim minha avó teria vencido.

Também sei que ela só me disse tudo àquilo porque pensou que eu chegaria em casa correndo e iria direto questionar meus pais. Ela sabe que minha mãe tem pavio curto e que nunca aceitaria uma desconfiança dessas de meu pai e nem de ninguém. Isso poderia causar uma crise no casamento ou até uma separação.

A confusão na cabeça deles deve ter só piorado quando me enfiei entre eles na cama, em plena madrugada. Passei a noite grudada neles. O carinho e o aconchego dos dois me deram forças para acreditar que toda essa história não passa de uma invenção. Eu senti falta disso, de estar mais perto deles. A gente cresce e toda essa demonstração de afeto vai sumindo aos poucos. Grande parte por culpa minha, eu sei.

Chorei baixinho até pegar no sono, mas pouco antes do amanhecer dei um jeito de me retirar do quarto de mansinho e agora estou trancada no meu, embrulhada no edredom sem vontade nenhuma de sair da cama ou ir para o Shopping com Mag, comprar uma roupa para a virada do Ano-Novo, que no caso é hoje.

As batidas frenéticas na porta me tiraram de meus devaneios e me faz dar um pulinho de susto. Eu nem deveria estar surpresa já que esta tem sido a tarefa de minha mãe a cada cinco minutos para saber se estou bem.

— Luisa, dá pra abrir? — É a voz de Mag que soa do outro lado da porta, isso me faz soltar um suspiro de alívio.

A vejo girar a maçaneta com força, mesmo tendo constatado que a porta está trancada. Me levanto depressa, sabendo que se eu demorar mais um segundo, Mag irá colocá-la no chão.

Enxugo meus olhos com o dorso das mãos, antes de girar a chave na fechadura.

— Fecha de novo — mando, tentando esconder meu rosto dela.

Não preciso de mais uma pessoa me enchendo de perguntas.

Me jogo de costa na cama e tapo os olhos com o braço.

— O que aconteceu? Sua mãe me parou lá fora dizendo que você chegou aqui ontem aos prantos e se me lembro bem quando te deixamos na porta do hotel, você estava toda sorridente com o que iria fazer. — Sinto seu peso afundar o colchão ao meu lado. — Luisa? — Mag puxa meu braço bruscamente, revelando meu rosto vermelho e inchado.

Bufo, sabendo que não vou conseguir escapar dos seus questionamentos.

— Ah, não. — Ela me olha com cuidado, tirando das costas a mochila que está fazendo um grande volume. — Não me diz que o Marcos tinha razão...

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