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Os olhos escuros fitaram Sana por longos minutos, vendo que a maior sequer se movia. Dahyun decidiu se aproximar dela, se deitando sobre a cama, ao seu lado, antes de tentar a comunicação. 

─ Hey... ─ A voz rouca soou docemente atrás de Sana e um braço circundou sua cintura. ─ Não fique chateada comigo. ─ Dahyun pediu e Sana torceu a boca, se virando para ela lentamente.

─ Não estou. ─ Ela disse, fitando as orbes negras.

─ Então por que ficou assim? ─ Dahyun indagou e Sana a abraçou, se encostando mais em seu corpo.

─ É que havíamos compartilhado algo... nosso. ─ Sana disse envergonhada. ─ E eu me senti tão bem, mas aí a realidade dos segredos e mistérios bateu em minha porta cedo demais. ─ Confessou e Dahyun assentiu, decidida a ceder mais um pouco.

─ Se eu te contar a segunda vez que nossas vidas se cruzaram eu ainda poderei dormir abraçadinha com você? ─ Dahyun perguntou e os olhos curiosos de Sana encontraram os seus.

─ Sim. ─ Ela respondeu, se aconchegando nos braços de Dahyun antes de sentir a menor puxar o cobertor para cobri-las.

─ Desta vez precisarei ir mais a fundo em alguns detalhes.

─ Quanto mais fundo melhor. ─ Sana disse, ouvindo Dahyun rir alto ao ouvir aquilo, só então caiu em percepção do que havia dito. ─ Hey, eu não disse com malícia! ─ Falou rindo e Dahyun assentiu.

─ Certo, desculpe. ─ Ela disse iniciando uma carícia leve e mansa no braço de Sana. ─ Dessa vez tudo começou em um funeral. ─ Dahyun disse, fazendo Sana erguer o rosto para ela com preocupação.

─ Já não sei se quero ouvir. ─ Sana disse e Dahyun depositou um beijo na ponta de seu nariz.

─ Então eu não falo. ─ Dahyun disse e Sana negou rapidamente.

─ Não, por favor... ─ Ela insistiu e Dahyun riu, assentindo.

─ Bem, eu tinha uns dezoito anos e ainda precisava muito, muito, muito mesmo de dinheiro... Um dia vi na televisão que um empresário muito conhecido e importante havia falecido... ─ Dahyun começou. ─ Eu sequer me importei em gravar o nome dele, o que havia chamado a minha atenção era o local do enterro. Era perto de onde eu estava e era aberto ao público.

─ O enterro do meu pai foi assim. ─ Sana cortou e Dahyun a fitou, levando uma mão até seu rosto para acariciar a região.

─ Naquele dia eu decidi investir todo o dinheiro que eu tinha em flores. ─ Dahyun confessou. ─ Comprei de todos os tipos e passei horas fazendo arranjos e buquês. Peguei todas as flores e as embrulhei em um enorme tapete, com cuidado para não danificá-las e, uh, as levei para o enterro do homem para vendê-las. ─ Disse, analisando a ruga que se formava no rosto de Sana. ─ Chegando lá eu te vi. ─ Sana paralisou, ligando os pontos.

─ Era... você estava... você... ─ Sana estava atônita e Dahyun apenas a abraçou mais forte, fitando-a.

─ Sim, era o enterro do seu pai. ─ Informou e Sana sentiu seu corpo fraquejar e uma antiga dor se reacender em seu peito. ─ Você me salvou aquele dia também.

─ Como? ─ A voz vacilante perguntou curiosa. ─ Eu mal podia me salvar.

─ Eu te vi lá, sozinha, sentada no gramado, mais afastada de todos, chorando. Tão frágil... ─ Dahyun disse em um suspiro. ─ Você estava com o corpo mais desenvolvido desde a última vez que havia te visto, tão linda como sempre, só que chorava incessantemente. Eu já disse... Ver você chorar me quebra.

─ Você foi falar comigo? ─ Sana perguntou e Dahyun assentiu. ─ Mas eu não lembro. ─ A menor riu baixinho ao ouvir aquilo.

─ É porque nunca cheguei até você. ─ Falou. ─ Não diretamente.

─ Covarde. ─ Sana brincou e Dahyun riu, selando-lhe os lábios com os seus.

─ Eu posso me defender? ─ Dahyun indagou contra os lábios da maior e Sana sorriu, assentindo. ─ Bem, eu peguei o ramo de flores mais bonito que havia entre os meus e deixei as outras flores lá, unicamente para me aproximar de você, mas antes eu escrevi um bilhete. Eu queria agradecer sabe? Me sentia em débito, porém também queria te consolar... ─ Ela disse.

─ Eu não acredito... ─ Sana proferiu boquiabierta.

─ Deixei as flores ao seu lado junto com meu bilhete e estava pronta para me sentar ao seu lado e te tomar em meus braços ainda que você não quisesse. ─ Falou veemente. ─ Céus, você sequer havia me visto, estava chorando tanto... ─ Dahyun umedeceu seus lábios antes de continuar. ─ Mas aí o grito de um dos seguranças do local chamou a minha atenção. Quando olhei ele queria jogar fora minhas flores. Eu... precisei ir, sabe? Era todo o meu dinheiro ali. ─ Confessou tristemente.

─ Foi você... ─ Sana disse surpresa e Dahyun projetou um meio sorriso.

─ Você gostou das flores?

─ Amei, mas o bilhete... ─ Sana disse sorrindo bobamente.

─ Fico feliz. ─ Dahyun disse sorrindo junto. ─ Bem, o segurança queria jogar tudo fora e me expulsar dali, dizendo que eu não tinha licença e eu tive que me humilhar implorando para ele, por favor, não me expulsar. Ficamos longos minutos debatendo, mas aí você chegou perguntando o que estava acontecendo ali. ─ Dahyun disse rindo nostálgica. ─ Novamente mostrando o quão destemida e incrível você era. ─ Disse sorrindo, deslizando a vértice de seu nariz ao longo do rosto de Sana, fazendo a maior ter suas batidas cardíacas irregulares.

─ Não acredito que estive do seu lado... ─ Sana disse ainda incrédula.

─ Ele te disse que eu não tinha autorização e você o disse para calar a boca antes que fosse despedido, que seu pai havia falecido enquanto ele pensava naquela estupidez e então ele se calou e me deixou ficar. Vendi todas as flores aquele dia.

─ Não lembro do seu rosto... ─ Sana disse e Dahyun sorriu.

─ Não poderia lembrar mesmo...

─ Dahyunie, mas você disse que você me conheceu só por nome dessa vez, não por rosto.

─ Não foi dessa vez que te conheci por nome... Dessa vez ainda não sabia que você era Minatozaki Sana, mas já descobri que tinha dinheiro por ser filha do empresário que havia partido.

─ Oh...

─ Mais uma vez você foi um rosto sem nome para mim, porém salvou novamente a minha pele. Eu realmente precisava daquele dinheiro.

─ Eu ainda guardo o seu bilhete até hoje... Ele significou muito para mim, mesmo nunca sabendo quem havia me dado.

─ Ainda lembra o que dizia? — Dahyun indagou e Sana sorriu.

─ Como esquecer? ─ Perguntou nostálgica. ─ Ele foi a razão para eu conseguir continuar.

─ Jura? ─ Dahyun perguntou incrédula.

─ Uhum. ─ Ela disse assentindo e logo afundou o rosto no pescoço de Dahyun. ─ Não deveria ter me dito que foi você a dona daquele bilhete.

─ Por quê? ─ Dahyun indagou e Sana mordeu o lábio inferior.

─ Porque faz eu ficar ainda mais... ─ Não, não deveria dizer. E se Dahyun desse o famoso surto de proteção e decidisse se afastar dela para protegê-la? Não queria ficar longe dela.

─ Mais o quê? ─ Dahyun indagou e a maior suspirou, negando com a cabeça.

─ Ainda mais grata. ─ Falou, decidida a jamais dizer em voz alta o quão apaixonada por Dahyun ela ficava a cada dia que passava.

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Iti malia modeus

Presa Por Acaso [Saida Ver.]Onde histórias criam vida. Descubra agora