Capítulo 10 - Compras.

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Estava tão feliz em minha caminha macia, envolvida em lençóis finos e importados. Até que dois barulhinhos irritantes me obrigaram a sair da cama. De um lado meu despertador tocava estridente. De outra a maldita campainha fazia seu barulhinho cafona. Instantaneamente minha mão foi certeira no bendito relógio. Jogando-o assim direto ao chão. Um sorriso satisfeito tomou conta de meus lábios ao ver os pedaços do despertador por todo o local. Agora só faltava me livrar da campainha.

- Din dom, din dom... – Repeti sem pausa.

Caminhei passos abafados e fortes pelos corredores de meu enorme apartamento. Por algum motivo parei em frente à cozinha. Fiquei a observá-la. Meus olhos brilharam com uma louca idéia que subiu a minha mente. Entrei no local, peguei a primeira faca que pude visualizar no escorredor. Em seguida continuei meu caminho até a porta. Sorriso no rosto, e uma singela faca em mãos.

- Já vai! – Gritei impaciente.

Fui rapidamente até a porta. Subi minha mão, e apontei a faca para a porta. Ao abri-la dei de cara com um decorador apavorado. Temendo por sua vida ao ver a faca em sua direção. Comecei a rir freneticamente.

- Que bela recepção. – Lee dizia.
- Uma recepção diferente eu diria. – Brinquei ainda rindo.
- Talvez na casa de um psicopata eu fosse recebido melhor. – Ele afirmou indignado.
- Provavelmente seria. – Continuei a brincar.

Ele apenas me olhou com aqueles orbes reprovadores. Iguais aos do resto do mundo. Ninguém jamais aprovara meus atos de loucura. Alguns até podem se divertir diante deles. Mas aprovar é outra coisa. Coisa que nunca experimentarei. As pessoas pelo mundo são muitos previsíveis. São envolvidas em suas vidinhas bestas e impostas pelo mundo globalizado. Por isso reprovam meus 'diferentes' atos.

- Você é tão chato às vezes. – Disse saindo em direção a cozinha.

Enquanto caminhava apenas ouvi um resmungo. E uma forte batida de porta. Quebra Lee! Acabe com meu patrimônio. Ao chegar à cozinha lancei a faca em cheio a uma tábua de madeira pendurada na parede. Em seguida uma leve batida de mãos se divertia. Lee aplaudia meu número de circo.

- Obrigada. – Disse fazendo reverência.
- Vim te convidar para ir ao shopping. – Lee sorria enquanto batia as mãos animadamente.
- E o que eu vou fazer no shopping? – Perguntei enquanto preparava um café.
- Acorda boneca, precisamos comprar alguns adereços para o quarto de sua sobrinha. – Ele dizia estalando os dedos de um lado a outro.

Tinha até me esquecido. Com o desfile da nova coleção, acabei deixando Rayko para depois. Ainda bem que Lee me lembrou. Se fosse por mim, Rayko iria dormir no tapete.

- É mesmo. – Disse sem pensar. – Comemos e daqui vamos ao shopping. – Afirmei voltando a cafeteira.
- Não mesmo! – Lee deu um ensurdecedor grito. – Não temos tempo a perder. – Ele disse me arrastando pelo braço.
- Deixa eu me trocar pelo menos. – Falei dando um leve tapa sobre as costas de Lee.
- Vai assim mesmo. – Ele me encarou. – Fará muito mais sucesso com essa camisolinha preta rendada, que aliás, eu adorei. – Lee disse saltitante.
- Exclusivo de minha coleção. – Disse piscando. – Se quiser te mando um modelito igual. – Afirmei me dirigindo ao quarto.

Enquanto me trocava ouvia os gritos felizes que Lee soltava. Fiquei a imaginar ele trajando a minha bela camisola preta rendada, com uma calcinha fio dental igualmente preta. Ficaria um verdadeiro espetáculo para o circo de horrores. Respeito à opção sexual dele. Mas não posso evitar a realidade. Acho que nem seu parceiro aprovaria.

- Vamos? – Chamei Lee.
- Você está divina meu bem. – Ele elogiava me oferecendo o braço.
- Eu sei. – Afirmei pegando no braço dele.

Em seguida saímos na luxuosa Ferrari rosa de Lee. Idêntica a minha, a única diferença era a cor. E que cor. Um rosa gritante, o que a sociedade chama de rosa choque. Chega ser de um imenso mau gosto. Logo chegamos ao shopping. Estava vazio, corredores calmos e puros, sem aquele "povão" que só vai para babar na frente das vitrines. Pobre é uma desgraça mesmo.

- Aonde vamos primeiro? – Lee perguntava já eufórico.
- Vamos ver os móveis. – Afirmei saindo em direção a uma boa loja.

Como eu adoro a "Pluma's". Sem dúvida a melhor loja para móveis e decorações de ambientes. Gosto pelos materiais finos e de extrema qualidade. Sempre que posso venho aqui. Um lugar agradável. A única coisa deplorável é a falta de bons atendentes. Cada um que aparece. Eles e seus sorrisos forçados, demonstrando uma falsa simpatia. Como é difícil encontrar bons empregados. Gaara que o diga, ser gerente dessa loja é algo realmente árduo.

- Sakura minha cliente favorita. – Gaara me recebia de braços abertos.
- Como vai Gaara? – Perguntei cumprimentando-o.
- Muito bem. – Ele afirmava sorridente. – E vocês? – Ele disse notando Lee a meu lado.
- Bem. – Respondemos em sincronia.

Logo Gaara nos levou a conhecer os encantos da "Pluma's". Mostrando cuidadosamente cada móvel novo. Pelo caminho fui explicando o que queríamos. Com a ajuda de meu ilustre gerente foi fácil encontrar móveis de bom gosto, e adequados a uma adolescente. Tanto eu como Lee nos fascinávamos a cada passo.

Outro Lado da VitrineOnde histórias criam vida. Descubra agora