Outro Lado da Vitrine

Capítulo 32 - Promessa.

Hoje acordei incrivelmente cedo, minha cabeça ainda dói um pouco, mas nada que me incomode profundamente. Agora estou aqui, na cozinha, preparando o café da manhã, claro que não é nenhuma refeição maravilhosa, aliás, é cereal com leite, mas também fiz o café, na cafeteira, lógico.

- Isso que é uma boa refeição nutritiva. – Sasuke adentrava a cozinha.
- Claro meu caro, quer um pouco? – Lhe ofereci.
- Dispenso, vou fazer algo melhor. – Mais uma vez Amélia foi à luta.
- Como queira. – Logo comecei a comer o meu café da manhã, o que preparei sozinha com muito esforço.

Enquanto saboreava meu belo cereal, lembrei de uma coisinha, uma certa promessa. Acho que já chega de segredinhos, não? Hoje acabo com isso, se bem que também terei de responder algumas perguntas, mas tudo bem, afinal, é o único jeito de descobrir a história por trás do Uchiha.

- Estou sóbria. – Afirmei o encarando.
- Percebi. – Ele dizia desviando o olhar.
- Vai responder minha pergunta? – Estava um tanto ansiosa.
- Vou, precisa ser agora? – Me fitou.

Apenas balancei a cabeça em afirmação, ele deu um suspiro, e logo voltou a comer seu bom café da manhã. Que suspense, nem acredito que estou nervosa, minhas pernas não param de se mexer, balançam de um lado a outro. Mas, ainda acho que o motivo é besta, vou me segurar para não rir.

- Como eu disse, eu mantive contato com Itachi, trocávamos cartas, e-mails, enfim. – Fez uma pausa. – Em todas essas mensagens, ele sempre me falava de uma pessoa, você, sempre te citava como a "flor de cerejeira". – Levou a xícara até seus lábios.

Nossa, Itachi sempre falava de mim? Que honra, não sabia que ele realmente estava apaixonado por mim naquela época. Para ser sincera, nunca o levei a sério, mesmo quando ele dizia que me amava, algo me fazia não acreditar, sei lá, não me soava verdadeiro, mesmo que as palavrinhas me levassem as nuvens.

- Ele me contava tudo, seus gostos, personalidade, hábitos. Até mesmo algumas coisinhas que aconteciam na sua família. – Fez outra pausa. – Me contou também, que seu primeiro beijo foi com ele, e outras coisas mais, e não sei por que, ou melhor, sei muito bem, eu acabei ficando com raiva, e um dia por telefone, acabamos brigando. – Suspirou pesadamente.

Só pode ser brincadeira, quer dizer que os irmãozinhos brigaram por minha causa? Realmente, tenho que me segurar para não rir. Que ridículo, brigar com um parente por causa de mulher... Espera, quer dizer que Sasuke se... Agora tenho que me segurar ainda mais.

- Vai me dizer que você era... – Abri um sorriso.
- Sim, pode parecer idiota, mas eu me apaixonei por você. – Realmente, parece idiota.
- Não acredito, quer dizer que é isso? – O encarei incrédula.
- Sim. – Desviou o olhar.

Sabia, o motivo é bem estúpido, só não imaginava que eu estava no meio. Ah, ele nem fez suspense, que sem graça, poderia ter dado um ar dramático – "Não perdoaria meu irmão por ter roubado o primeiro beijo de minha amada" – Ou algo do tipo, daria mais emoção a narrativa, e também seria bem cafona, bem cafona mesmo. Mas, sabe, achei bonitinho.

- Coitadinho do meu Sasu, sofrendo de amores, enquanto eu desfrutava tudo com seu irmão mais velho. – Disse apertando suas bochechas.
- Também não seja convencida, acha que nunca namorei também? – Me encarou raivoso.
- Se duvidar eu te desvirginei. – Comecei a rir.
- Ah, claro, meu primeiro beijo também foi com você. – Ficou bravinho.

Que droga! Eu realmente fiquei feliz, talvez minhas bochechas estejam vermelhas agora. Para falar a verdade, é uma história bem fofinha, que tenho de admitir, acelerou meu coração, afinal, ele disse: "Me apaixonei por você". Essa foi à única declaração de amor sincera que ouvi, sim, ninguém me disse isso, com, digamos, um brilho no olhar, realmente pareceu verdadeiro, e eu gostei.

- Sua vez, faça alguma pergunta. – Sugeri.
- Só queria saber, porque tem raiva de sua família. – Me fitou.

Já suspeitava, ninguém entende mesmo esse meu ódio em relação a minha família, o motivo também pode ser besta, mas eu não perdôo. Talvez isso me faça entender o Sasuke, pois temos rixas parecidas, digamos assim.

- Meu sonho sempre foi ser estilista, e minha família jamais me apoiou, diziam que eu não tinha futuro, que era melhor escolher uma carreira segura, e agora são tão amorosos, sinceramente é muita hipocrisia! – Gritei.
- Realmente. – Ele levou a xícara mais uma vez a boca.

É divertido revelar segredos, e assim de uma forma direta, me sinto até mais leve, pelo menos com alguém posso dividir minha frustração. Acho que agora tenho mais uma resposta para o Haku! Vou me sentir derrotada, mas não adianta mais negar.

- Vou me arrumar. – Sasuke se levantava.
- Eu também. – Corri em direção ao banheiro.

Logo cheguei, abri as duas torneiras, e voltei para o quarto, escolhi mais uma vez uma roupa, hoje vou bem à vontade, vou de calça, tênis e camiseta, nada mais confortável. Depois de escolher, voltei ao banheiro, e por fim fiquei de molho naquela água morna, realmente fiquei leve.

- Pode ir, e vê se não demora. – Disse encarando Sasuke.
- Ta bom. – Ficou raivoso de novo.

Me dirigi até a cama, onde minha roupa repousava, um pouco antes de alcançar a blusa, senti minha cabeça rodar, por um instante minhas pernas fraquejaram, em seguida caí no chão, fazendo um barulho estranho soar pelos ares, logo Sasuke estava a meu lado, ou melhor, um vulto. Uma possibilidade estranha subiu a minha mente, será mesmo?

- Tudo bem? – Ele perguntava me colocando em cima da cama.
- Não, minha cabeça ainda está rodando. – Disse num murmúrio.
- Isso se chama ressaca. – Sasuke saía pela porta.