Capítulo 18 - Invasão de Domicílio.

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Estava deitada em meio ao aconchego de meus lençóis. Desfrutava apenas da comodidade ali distribuída. Fazia um longo tempo que tinha acordado. Mas a cama estava tão boa, que permaneci. Salve o conforto da riqueza. Tudo isso só coopera para a minha alta arrogância. Admito que seja um de meus pontos altos. Mas eu a adoro! É com ela que imponho respeito.

- * Tinky Winky, Dipsy, Laa-Laa e Po, teletubies, teletubies... – Cantei juntamente com a televesão.

Levantei dançando, enquanto a música de abertura tocava. Nada como um programa tosco para te alegrar. Segui para o banheiro. Encarei o espelho, enquanto dançava alegremente a musiquinha. Cansada, e até mesmo suada, parei a dança. Afinal a banheira tinha alcançado uma boa posição. Tirei rapidamente o pijama, e mergulhei sobre as águas mornas. Relaxante. Um começo excelente de dia.

- Vamos comer. – Bati minhas mãos alegre.

Nem me troquei. A fome bateu certeira sobre meu estomago. Fui desfilando de toalha pelo corredor. Meus cabelos soltavam grossas gotas de água sobre meu corpo. Voltei para o quarto, peguei mais uma toalha, e a enrolei sobre meus cabelos rosados. Meu destino era unicamente a cozinha. Só que um barulho estranho vindo da sala me desviou de meu caminho. Caminhei vagarosa, de cima de uma mesa peguei um vaso esbranquiçado. Esperava um possível invasor. Já ia atacando o intruso, quando me deparei com um menino de pele clara, cabelos negros azulados, dois orbes verdes, e um tom avermelhado sobre o rosto. Esse me encarava sem pausa.

- Quem é você? – Perguntei ainda em modo de ataque.
- Me chamo Ribike Matsutaki, sou amigo de Rayko, ela pediu que pegasse um caderno que esqueceu por aqui. – Ele dizia altamente avermelhado.
- Me acompanhe, te mostrarei o quarto dela. – Afirmei seguindo pelo corredor.

Que garoto belo. Nossa, me impressionei. Seu rosto dispõe de traços altamente perfeitos. Uma beleza rara hoje em dia. Só encontrei outro exemplar no trabalho. A única diferença entre os dois, é a idade, e a cor dos olhos. Realmente se assemelham. Os dois juntos devem ser de tirar o fôlego. Salve as raridades juvenis.

- É aqui. – Disse abrindo a porta. – Pegue o tal caderno, estarei na cozinha, se precisar de algo passe por lá. – Afirmei num sorriso.
- S-sim... – Ele gaguejou ainda vermelho.

Segui mais uma vez pelo corredor. Acho que finalmente encontraria os caminhos do café da manhã. Viva! Minha barriga já começava a rugir ruídos estranhos. Preparei um reforçado lanche. O aroma do café me deliciava. Logo tudo estava pronto. Sobre a mesa, uma deliciosa refeição. Avancei com tudo sobre a comida. Minha boca mordia diversas coisas ao mesmo tempo. Cheguei a engasgar. Depois de uma longa seqüência de tosse, respirei em alívio. Mas mesmo assim continuei a morder tudo a minha frente.

- Senhora. – O garoto me chamava educadamente. – Já peguei o caderno. – Ele mostrava o mesmo em mãos.
- Ta bom. – Falei de boca cheia. – Não sou senhora! – Disse franzindo a testa.
- Me desculpe, só quis ser educado. – Ele dizia envergonhado.
- E foi fofinho, só não gosto do "senhora". – Disse fazendo aspas com os dedos.

Ele ficou a me fitar. Olhava-me prontamente. O engraçado era o tom avermelhado que dominava sua pele. Uma mulher entre toalhas deve ser demais para a cabeçinha inocente dele. Sim. Esse ai, é um garoto puro. Diferente do Kunno. Parecia um bom partido para minha querida sobrinha. Vou torcer por ele.

- Servido? – Perguntei apontando a mesa.
- Bem... Eu... – Ele dizia em meio a tropeços.
- Não faça cerimônia, sua xícara já está à mesa. – Apontei a porcelana a minha frente.
- Obrigado. – Ele agradeceu se sentando.

Tímido até a alma. Ficou imóvel sentado, e encarando o chão. Que fofinho. Adolescentes assim me agradam. Afinal são peças raras em minha vida. Gracioso e gentil. Vou empurrá-lo para a minha sobrinha. Se é que eles já não desfrutam de uma amizade colorida. Tomara que sim. Credo! Pareço uma mãe coruja procurando o príncipe para sua filhinha inocente. Soltei uma risada. Ribike me fitou ainda vermelho.

- Você se incomoda com meus trajes? – Perguntei sorrindo.
- Bem... Fico um pouco envergonhado. – Ele afirmou ainda mais vermelho.
- Se quiser eu tiro. – Pisquei sedutoramente.
- Não! A senhora poderia trocar de roupa, não tira não! – Dizia ele desajeitado.
- Estou brincando. – Levantei e dei um leve tapa em sua cabeça. – Já volto. – Saí pela porta.

Delicioso brincar com ele. Sei que estou assustando o menino, mas não resisto. Ele é tão inocente, que se sente altamente envergonhado com minha presença. Gostei dele. Acho que vou dar uma chave para ele também. Seria divertido esbarrar nele pelo apartamento. Ele levaria cada susto.

- Tão fofinho. – Gritei emocionada.

Logo me aprontei. Já estava arrumada para mais um dia de trabalho. Saí pelos corredores. Voltando a cozinha. Ribike continuava ali. Comia envergonhado um pedaço de pão. Adorável. Como imaginei, ele é educado demais para sair sem se despedir. Sobe em meu conceito a cada instante. Senti pela primeira vez em minha vida, uma louca vontade de ter um filho. Teria de ser igual à Ribike. Se não for, abandono em qualquer esquina. Vou parir até encontrar essa perfeição. Hoje estou alucinada.

- Você tem família? – Perguntei fitando sem pausa os orbes esverdeados a minha frente.
- Tenho sim. – Ele respondeu confuso.
- Que pena. – Disse entristecida. – Queria te adotar! – Gritei eufórica.
- Não será possível. – Ele dizia sem jeito.
- Posso apertar sua bochecha? – Perguntei animada.
- Pode... – Ele corou novamente.

Fui aproximando levemente uma de minhas mãos. Estava ansiosa para tocar naquela pele pálida. Logo comprovei. Sua pele é macia como de um bebê. Apertei de leve o meio de sua bochecha. Essa que estava um pouco quente e avermelhada. Que fofura!

- Obrigada. – Abri um imenso sorriso.
- De nada. – Ele dizia sempre gentil.
- Você gosta da Rayko? – Perguntei num surto.
- E-eu... Eu o-o que? – Ele gaguejou mais uma vez.
- Nada. Já obtive resposta. – Comemorei sorridente.

Ora, ora. Já esperava essa resposta. Mas mesmo assim é estranho um garoto tão gentil e doce. Gostar de uma menina, tão fria, sarcástica, e cruel como Rayko. Realmente peculiar. Só posso dizer que estou feliz. Pelo menos o verei de novo.

- Ai, ai... – Suspirei com as mãos envolvendo minhas bochechas. – Te dou uma carona para a escola. – Triunfei com meu rápido pensamento.
- Vou aceitar, senão me atraso. – Ele dizia sorrindo.
- Então vamos! – Gritei entusiasmada.
- Antes me deixe limpar essa sujeira. – Ele dizia levando as xícaras para a pia.
- Adorável. – Me encantei mais uma vez. – Deixe ai, senão você se atrasa. – Disse puxando ele da cozinha.

Praticamente o obriguei a sair. Ele dizia que era falta de educação bagunçar a casa de alguém. Que inocência e gentileza impecável. Estou gostando desse garoto. Me agrada muito. Acho que por ser peça rara nesse mundo banalizado. Logo chegamos ao estacionamento. O melhor foi ver o rostinho impressionado dele ao ver minha brilhante Ferrari. Fui seguindo as explicações de Ribike. E como explica bem. Entendi tudo perfeitamente. Não demorou muito e logo estávamos em frente à escola. Deveras grande. Bem arrumada. Parecia uma boa escola. Isso também, pouco me importa.

- Obrigado pela carona. – Ribike agradecia.
- Disponha. – Completei em uma piscadela.

Ele logo se despediu. E se pôs para fora de meu carro. Fiquei um tempo parada. Observando o tímido garoto se afastar. Notei também os olhos curiosos que encaravam meu carro. Realmente chamei a atenção de todos. Ouvi uma leve batida sobre meu vidro. Pensei logo em assalto. Para meu alivio era Rayko que batia. Abri a porta. E ela logo se sentou a meu lado.

- O que faz aqui tia? – Rayko perguntava com os olhos brilhando.
- Dei uma carona para o seu amigo, o Ribike. – Afirmei sorrindo.
- Desculpe não ter te avisado, mas eu não tinha tempo para ir lá, e como a casa do Ribi é perto, pedi que ele fizesse isso para mim. – Dizia Rayko atrapalhadamente.
- Tudo bem. Foi até agradável. – Afirmei alegre.

Rayko me encarou com uma expressão estranha. Talvez pensasse que sou pedófila. Mas não sou. Mas se fosse. Ribike seria uma de minhas vítimas. E como seria. Credo, pareço uma tiazona. Escolhendo seu próximo garotinho. Que horror. Se bem que um Ribike...

- Calma! Não abusei de seu amigo. Vontade não faltou... – Comentei soltando uma gargalhada.
- Credo! – Rayko gritava. – Mas, eu sei como é... – Ela comentava num sorriso.
- Ele é adorável... – Comentei.
- E lindo... – Rayko dizia num suspiro.

Não sou a única fã de Ribike Matsutaki. Não tem nem como ser a única. O "Ribi" deve ser a paixão das garotas românticas. Não que eu seja romântica. Estou longe disso. Bem distante mesmo. E jamais alcançarei tal sentimento. Mas realmente o garoto é a perfeição propriamente dita. Realmente me agrada.

- Gosta dele? – Perguntei num impulso.
- Que tipo de gostar está falando? – Ela revidava.
- Amor... – Falei meio enojada.
- Não sei... – Ela me fitou pensativa.
- Ele é um bom partido. – Disse piscando.
- E como é. – Ela concordava.

Parei reflexiva. Chega disso. Já ultrapasso os limites do bom senso. Seencantar com alguém é uma coisa, agora isso já era demais. É melhor parar comessas loucuras, antes que vire uma pedófila. Algo que realmente não aprecio.Dei uma rápida olhada no relógio. Estava bem atrasada. Provavelmente gritos de Hyuugasme recepcionariam hoje. Será divertido o ruído histérico de Hinata.

- Tenho que ir. – Afirmei fitando Rayko.
- Eu também. – Ela afirmava saindo do carro.

Dei um leve aceno em despedida. Segui solitária pelas ruas gélidas. O invernochegava sorrateiro pelos ares. Espero que a única a me receber seja Ino. Vermeus chefes em sincronia seria o começo do caos. Minhas expectativas pulavampara o ponto ruim da coisa. Mas pelo menos vi um belo e inocente rostinho hoje.Comemorei seguindo ao trabalho.
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Outro Lado da VitrineOnde histórias criam vida. Descubra agora