Outro Lado da Vitrine

Capítulo 20 - Mente Confusa.

Mais uma manhã acordando ao som de "Teletubies". Tenho que procurar outro desenho. Esse já me irritou bastante. Sem falar na raridade que é. Realmente antigo. Procurarei outro desenho com alguma música feliz e colorida para alegrar minhas manhãs. Afinal começar a manhã com músicas infantis, é algo divertido.

- Será que passa Barney? – Encarei os "Teletubies". – Ou qualquer outra coisa. – Comentei mudando de canal.

Uma variedade de músicas surgiu pelos canais. Músicas demais para meu gosto azulado. Deixa os "Teletubies" mesmo. Afinal já até decorei a letra. É cafona, antigo, infantil. Mas me anima todas as manhãs. Eu canto, danço, e abalo ao som da música. Realmente divertido.

- Vamos nus. – Me dirigi ao banheiro.

Fui preparando minha banheira. E depois afundei meu rosto sobre a pia. Lembrei de um fato que aconteceu ontem. Um desafio insano do Uchiha. Lembro também que basicamente fugi do escritório. Haku deve estar extremamente irritado. Vai marcar umas duas horas, por culpa da minha falta a consulta. Que seja. Ontem só queria me trancar em casa, longe de civilização, ou qualquer outro vestígio de vida humana. Estava realmente inconformada.

- Que droga Uchiha! – Gritei batendo uma de minhas mãos sobre a pia. – Respira Sakura, afinal, aquilo não foi absolutamente nada, foi só um bom beijo. – Afirmei segura.

Isso mesmo. Estou certa. Beijo, é só um beijo. Nada mais. É isso! Volte de cabeça erguida. Encare o Uchiha normalmente. E pronto. Assim nada muda. E também, assim o Uchiha não insistirá. É melhor assim. É sim. É, com certeza. Sem dúvida. Vai lá e acaba com isso.

- Chega! – Gritei comigo mesma. – Pare com isso Sakura, você não deveria sequer estar pensando nisso, afinal foi algo insignificante. – Afirmei encarando meu reflexo no espelho.

Insignificante. A palavra que define aquele beijo estranho. Isso mesmo. Assunto encerrado Sakura. Repetia sem pausa em minha mente. Logo o banho estava pronto. Mergulhei sobre a espuma morna da banheira. Delicioso. Mas ainda sim, continuava a pensar naquele insignificante beijo. Acho que é normal pensar nisso. Afinal, fazia tempo que não executava tal ação. Deve ser isso.

- Tia Sakura? – Uma voz gentil adentrava pelas frestas da porta.
- Rayko? – Gritei. – Estou no banheiro. – Concluí.
- Licença. – Rayko entrava timidamente pela porta.
- Porque está aqui? – Perguntei a fitando.

Ele me deu uma leve olhada. Como se não tivesse muita certeza do que estava fazendo. O que será que aconteceu? Fico a imaginar, o que se passa naquela cabeçinha, fria e adolescente. Seria uma fuga da escola? Tomara que não. Se for, a devolvo.

- Não tenho aula hoje, resolvi vir para cá... Mas se estiver incomodando vou embora. – Ela argumentava.
- Vou acreditar, afinal você nem está de uniforme. – Falei observando suas roupas.
- Sim. – Ela me fitava envergonhada.
- Belas roupas. – Afirmei. – Já vou me arrumar. – Concluí a encarando.
- Certo, estarei na cozinha. – Ela disse se retirando.

Logo me arrumei. Trajava um vestido branco, complementado com um cinto preto aveludado, "All Star" preto, e uma bolsa com várias estrelinhas. E claro, óculos escuros. Os melhores amigos de uma mulher da alta sociedade. Enfim cheguei à cozinha. Minha sobrinha desfrutava de uma bomba de chocolate. Juntei-me a ela quase que imediatamente.

- Quer ir ao trabalho comigo? – Perguntei com um pedaço na boca.
- Claro. – Ela ria de minha alta educação.
- Se prepare, encontrará algo deslumbrante. – Afirmei misteriosa.
- O que será? – Ela me fitava com os orbes brilhando.
- Verás. – Concluí piscando.

Logo terminamos o saboroso café da manhã. Em seguida saímos em direção a meu trabalho. Rayko não continha sua curiosidade. Me arrebatava com inúmeras perguntas sobre meu local de trabalho. Apenas contei um pouco sobre meus chefes, falei também de Ino, um pouco de Shikamaru, mas não cheguei em detalhes sobre um certo Uchiha. Principalmente pelos fatos ocorridos ontem. Em meio a conversas finalmente chegamos ao alto arranha-céu espelhado.

- É aqui, depois que a porta abrir, você verá Ino me esperando. – Afirmei segura.
- Ela é algo como uma serva fiel? – Rayko perguntava em meio a risos.
- Está mais para escrava, e eu sua senhoria. – Afirmei sorrindo.

Dito e feito. Assim que as portas metálicas do elevador se separaram, avistamos uma jovem loira, vestida com a coleção social da marca "Sugar Princess". Uma roupa elegante e bonita. Seis estrelas pelo bom gosto. Ino melhora a cada dia. Talvez seja a única apta a esse deplorável cargo.