Outro Lado da Vitrine

Capítulo 2 - Entrevistas

Um barulho ensurdecedor veio me tirar de meu belo sono. Meu despertador se agitava sobre o criado mudo. Passei levemente as mãos por ele. Fazendo-o parar com uma suave batida. Pronto. Voltei a meu sono. Aconcheguei-me entre meus lençóis de linho fino vindos diretamente da Alemanha. Até que mais um barulho ecoou sobre meu imenso e luxuoso quarto. Mais um de meus despertadores. Dessa vez estava sobre a cômoda. Tive de levantar até ele. Caminhei passos fortes e irritados. Tratei de desligá-lo. Antes que pudesse voltar a meus macios lençóis, mais um barulho veio me importunar. Dessa vez era minha amada campainha. Dia maravilhoso esse. Caminhei vagarosa até a sala. Era um caminho longo a ser percorrido. E a campainha? Continuava a tocar sem pausa. Ensurdecendo meus preciosos ouvidos. Finalmente cheguei até a porta. Temia em abri-la. Notícias matinais, nunca eram boas.

- Sakura! – Gritaram. – Eu sou sua fã! – Continuaram a gritar. – Me dá um autógrafo? – Alguém gritava.

Quem seria agora? Estava com tanto sono, que meus olhos não conseguiam permanecer abertos. Por mais que tentava, eles se fechavam. Estava me segurando para ficar de pé. Algo que realmente estava complicado. Apenas ouvia o grito histérico que vinha de fora de meu apartamento. Até que senti duas mãos me tocarem os ombros. Começaram a me movimentar de um lado a outro. Até que finalmente meus olhos se abriram.

- Quem é você? – Perguntei um pouco tonta.
- Sou sua maior fã. – A menina dizia alegremente. – Vim pegar um autógrafo. – Ela estendeu um papel e uma caneta.
- Que seja. – Disse com as mãos sobre a cabeça.

Impressionante. A garotinha ficou tão feliz ao receber meu autógrafo. Parecia um cãozinho sem dono. Balançando o rabo para ganhar um osso. Nem liguei. Eu era constantemente assediada por esse tipinho de gente. Dizem tanto que são meus fãs. Mas a maioria sequer tem dinheiro para comprar um cinto de minha requisitada marca. Meus clientes eram do mais alto nível social. Finos e educados como a lei manda. Do jeito que eu pedi aos céus.

- Me livrei! – Comemorei ao fechar a porta.

O dia começava da pior forma possível. Logo cedo tinha que lidar com pessoas dessa escala da sociedade. Realmente deplorável. Segui até a cozinha. Preparei rapidamente um café. Enquanto o tomava, decidi ouvir a secretária eletrônica.

Você tem dez mensagens novas na sua caixa postal.

Primeira mensagem:
- Sakura minha querida, quando você vem visitar a mamãe? Estamos com saudades. – Uma senhora insignificante falava do outro lado da linha.

Segunda Mensagem:
- E aí gatinha, vamos marcar um encontro? Na minha casa ou na sua? – Mais um fã louco se pronunciava.

Terceira Mensagem:
- Senhorita Haruno, aqui é a Tenten, assistente do senhor Hyuuga. Ele me pediu que avisasse que as entrevistas começam hoje. E precisamos de sua presença. Tenha um bom dia. – Terminou a adorável assistente de meu chefinho.

Quarta Mensagem:
- Tia Sakura, no meu aniversário. Eu quero um ipod, uma bicicleta, um carrinho, uma cama descente, e claro um celular novo, esse está ultrapassado. Como não tenho a quem recorrer, pensei em você querida titia rica do meu coração. – Meu amável e inocente sobrinho passava a lista de presentes.

Quinta Mensagem:
- Senhorita Haruno, aqui é mais uma vez Tenten Mitsashi, Precisamos de seu comparecimento para a escolha de assistentes. Tenha um bom dia. – Mais uma vez Tenten alertava.

Sexta Mensagem:
- Aqui é Haku Koori, hoje teremos uma consulta dupla, recebi uma ligação direta de seu chefe. O que você fez agora Sakura? – Meu terapeuta perguntava.

Sétima Mensagem:
- Você está sendo convidada à festa mais ilustre do ano. – A mensagem terminou.

Oitava Mensagem:
- Você acaba de ganhar um milhão de dólares. – Alguém tentava inutilmente passar um trote.

Nona Mensagem:
- Senhorita Haruno, venha logo para a empresa. Necessitamos de sua presença. Venha imediatamente. – Mais uma vez Tenten dizia sobre a linha.

Décima Mensagem:
- Haruno, ou você vem para cá nesse exato instante, ou você será demitida. – A voz irritada de meu chefe me despertou.

Fim das mensagens.

Mensagens matinais nunca foram boas. Me levantei rapidamente. Segui até o banheiro, e embarquei sobre as águas quentes. Em seguida vesti mais uma de minhas maravilhosas criações. E saí em minha Ferrari preta. No caminho lembrei que hoje seria o dia de escolha de minha mais nova assistente. O que aconteceu com as outras? Assunto trágico esse, deixemos para uma outra hora. De longe vi a agitação. Os corredores estavam cheios de candidatas ao cargo. Em meio aos assédios cheguei sã e salva em minha sala. Em minha cadeira repousava um irritado Hyuuga. Ótimo. Agora minha manhã se completaria em harmonia com o caos.

- Você acha que só por ser uma estilista renomada, tem direito de fazer o que bem quiser? – Meu chefinho me encarava raivoso.
- Mas é claro. De que serviria todo meu status? – Respondi desafiadoramente.
- Você ousa me desafiar mais uma vez? – O Hyuuga me encarava profundamente.
- Você que começou. – Disse com um tom risonho na voz.
- Chega! – Ele gritou. – Já vi que não conseguirei nada com você. Apenas escolha logo essa sua assistente. – Ele disse saindo irritado do local.

Ótimo. Começariam as entrevistas com as mais variadas personalidades do mundo. Esperava tudo daquela fila imensa. Tratei de me aconchegar em minha cadeira. Seria uma tarde longa e cansativa. Começamos com a apresentação de candidatas. Tenten me assessorou. Algo que irritou muito um certo possessivo Neji Hyuuga. Esse se sentia dono de seus empregados. Principalmente de sua bela assistente.

- Próxima. – Tenten chamou.
- Bom dia, me chamo Hyoko Furake, tenho experiência no ramo da moda. – Dizia uma deplorável criatura.
- E daí? – Perguntei. O que a fez se desconcertar. – Próxima! – Gritei.

Tenten me encarou surpresa. Seu olhar reprovava minha atitude. Estava acostumada a esses olhares. Então nem sequer me importei. Continuei a conversar com as candidatas. A tarde ia passando, o nível abaixava a cada instante. Cada coisa que me aparecia. Nada de interessante. Apenas repugnante. Algo realmente desanimador.

- Com licença. – Uma menina de cabelos louros diziaentrando na sala. – Me chamo Ino Yamanaka. – Ela completou parando a minhafrente.

Candidata peculiar. Foi educada, e não falou coisas desnecessárias. Sequersentou na cadeira a minha frente. Era isso que eu esperava. Pessoasautoconfiantes e prestativas, jamais agiam de maneira inútil e desagradável.

- O que faz aqui? – Perguntei.
- Sou a única na fila apta ao cargo. – Ela disse seriamente.
- Que marcas são suas roupas? – Lancei mais uma pergunta.
- "Sugar Princess" obviamente. – Ela respondeu.

Tudo que eu esperava ouvir. A marca ao qual eu era a estilista principal. Queoutra resposta poderia esperar? Já tinha me familiarizado com a roupa dela.Tenho de admitir. Essa candidata era a melhor que me apareceu até agora. Umasdas poucas que me agradaram. Ou melhor, a única que conseguiu ao menos a minhaatenção.

- E porque você usa "Sugar Princess"? – Levantei mais uma questão.
- É a melhor marca da atualidade, seus tecidos e formas são os melhores e maisfinos distribuídos no mercado. – Ela afirmou segura.
- Você sabe me dizer qual é o tema da nova coleção? – Pergunteidesafiadoramente.
- Quem dera a nova coleção já estivesse no mercado. – Ela afirmou vitoriosa.
- Está contratada. – Afirmei. – Tenten repasse as políticas, horários, efunções para a senhorita Yamanaka. – Ordenei.
- Pode deixar. – Ela dizia um pouco surpresa. – Venha comigo senhorita. –Tenten conduziu à candidata a sala ao lado.

Me parecia uma boa candidata. Educada e prestativa. Do jeito que eu queria.Caso ela não superasse minhas expectativas. Eu simplesmente a demitiria. Deveter alguém eficiente para o cargo. Pelo menos não faltam opções.