Capítulo 34 - Casar.

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Minhas mãos estão inquietas, faz uns dez minutos que estou brincando com um par de brincos, balançando-os entre meus dedos, fazendo um estridente e irritadiço barulho, é, estou nervosa. O motivo é simples, estou indo a mais um almoço em família, sim, anunciar as duas notícias, decidimos assim, é o jeito mais fácil de informar a todos. Ah, convidei Haku, quero que ele saiba logo, e quem sabe, me libere da terapia.

- Se acalme Sakura. – Sasuke gritou.
- Eu sei, eu sei... Não estou conseguindo me conter. – Disse gaguejante.
- Tente pelo menos, já estamos chegando. – Avisava.

Estou tentando! Mas não é fácil querido noivinho, vou ter que esquecer todo o meu orgulho, e anunciar, que eu, Sakura Haruno, me rendi a seus encantos, e resolvi me casar, sem falar que ainda tem a gravidez, ou seja, quebrará por completo meu imenso e antes inabalável orgulho, droga!

- Chegamos. – Ele dizia estacionando o carro.

Que maravilha, todo aquele povinho em frente à casa de meus pais, esperando ansiosos por minha pessoa, juntos a meu adorável terapeuta, me sinto uma rockstar. Bom, não adianta mais fugir, agora é encarar as conseqüências. Vamos Sakura, se acalme, aja como sempre!

- Querida! – Minha mãe avançava em minha direção.
- Hoje não Dona Fione. – Desviei mais uma vez.
- Vamos entrando. – Mamãe dizia.

Logo nos dirigimos à mesa, essa cheia de comida, como sempre. Todos os presentes nos encaravam, curiosos com a 'convocação'. O que seria melhor, falar logo, ou fazer suspense? Acho que prefiro dar um tempo, até que consiga falar, pelo menos.

- E então, vão nos dizer o motivo da reunião? – Rayko perguntava.
- Claro, quando Sakura quiser. – Me noivo dizia sempre gentil.
- Isso, então se acalmem, que alguma hora eu conto. – Disse rapidamente.
- Respeitaremos sua decisão. – Meu pai se pronunciava.

Ótimo! Meu pai não é de falar muito, mas quando o faz, é sempre coerente, e o melhor, todos acatam suas ordens, definitivamente, o homem da casa. No mais tardar, depois da sobremesa eu conto, é o máximo que consigo enrolar, isso se eles não especularem o caso antes, o que é provável.

- Ribike, como seus pais te educaram? – Perguntei pensativa.
- Na lembro de tudo, é mais fácil perguntar aos próprios. – Ele dizia sorrindo.
- Me passa o telefone de sua mãe então? – Meus olhos devem estar brilhando.
- Claro, depois te passo. – Como é gentil.

Certo, essa foi uma grande pista, e pelo sorriso de Dr. Koori, creio que ele já sabe o resultado. O incrível é que só ele percebeu, ninguém nem ao menos desconfiou, nossa, eu não devo parecer uma mãe mesmo. Que bom, quer dizer que não pareço velha, se bem que deve-se mais a minha personalidade, do que aparência, admito.

- Você disse que ia me ligar. – Haku provocava.
- Eu sei, mas preferi falar pessoalmente, você deveria se sentir honrado. – Revidei.
- Me sinto sim. – Ele sorria.

Realmente, ele sabe. Bom, pelo menos me livro dele, menos um. O almoço seguiu naturalmente, algumas brigas e provocações a parte. O que mais me incomodou, foi o amor de um certo casalzinho jovem, não paravam de trocar palavrinhas de afeto, que decepção, pensei que minha sobrinha fosse mais fria. Fico ao menos feliz em ver que o Ribi não liga, aliás, nem parece se incomodar, será que ele arranjou alguma namoradinha? Vou querer conhecer!

- Ribike, me diga, está namorando? – Perguntei já impaciente.
- Bem... Eu... – Gaguejava. Tão bonitinho!
- Ta sim! – Rayko soltou um grito. – E ela é muito legal. – Brincava.
- Nem tente atacá-la. – Revidava irritado.

Não! Meu Ribi namorando, que tragédia! Ah, mas vou querer saber direitinho quem é essa garotinha, não vou deixar qualquer uma levá-lo, mas não vou mesmo! Vou até preparar meu interrogatório, veremos se ela é boa para o Ribike, o que duvido.

- Conte mais Rayko. – Disse já curiosa.
- Ela é uma dondoca irritante. – Falava raivosa.
- Mentira! – Ribike gritou. – Ela é muito educada, gentil, atenciosa, bonita, inteligente... – Dizia ele com os olhos brilhando.
- Quero conhecê-la! – Afirmei.

Depois comecei a perguntar milhares de coisinhas, acabei descobrindo várias. Pelo o que me disseram, ela tem cabelos castanhos, lisos, pele clara, olhos azuis. Deve ser ao menos bonita. Já a personalidade é indefinida, não sei em quem acreditar, pois Rayko só difama a garota, e Ribike só elogia, assim fica difícil. Se bem que é divertido ver minha sobrinha com ciúmes, quem diria?

- Chega vocês dois! – Kunno se pronunciou.
- É, antes que ele fique com ciúmes. – Comecei a rir.
- E porque ele ficaria? – Rayko revidava.
- Pergunte ao próprio. – Respondi ainda rindo.

Os dois se entreolharam, e logo saíram para o quintal, provavelmente foram discutir o relacionamento, que seja, eles pouco me importam, quero saber mesmo quem é essa tal de Mayume, já não gostei pelo nome, mas é melhor não julgá-la antecipadamente.

- Você gosta dela? – Era a única pergunta que faltava.
- Sim. – Suas bochechas estavam avermelhadas.
- Ah, que fofo! – As mulheres disseram em coro, incluindo eu.

Meu filho tem que ser assim! Ai, ai, a mãe do Ribi deve se sentir a mais sortuda do mundo, que inveja. Vou ligar para ela depois, saber direitinho como surgiu essa impecável criatura, ah se vou!

- A sobremesa está acabando, e anda não sabemos de nada. – Minha irmã comentava.
- Quando acabar eu falo. – Fazer o que?

É, já chega de suspense, conto logo, assim me livro. Já estou mais calma, acho que já consigo falar sem gaguejar. Bom, vamos à luta! Assim que terminei a minha sobremesa, - Água açucarada, como sempre – Me levantei, todos os olhos voltaram-se a mim.

- Vou me casar. – Disse num suspiro.
- Sabia! – Minha mãe soltou um grito. – Eu disse meu velho, eles formam um belo casal. – Dizia a meu pai.
- Agora só falta engravidar. – Minha irmã se metia.
- Imagina a Tia Sakura grávida. – Rayko ria.

Juro que tentei anunciar minha gravidez, mas sempre que tentava, surgia um comentário para me atrapalhar. Quanta audácia, nem ao menos me deixam completar, essa família tem que arder no fogo do inferno!

- Silêncio! – Gritei. – Ainda não terminei. – Com certeza, minha expressão era assustadora.
- Então diga. – Haku se intrometia.
- Estou grávida. – Pronto, fim de almoço.

Ótimo uma dúzia de olhos arregalados, como incomoda essa repetição de cena, juro que quase saio pela porta, pena que Sasuke me segurou. Ficamos ali, parados, todos a nos fitar, um silêncio realmente incômodo.

- Isso é verdade? – Rayko perguntava.
- Sim. – Dessa vez meu noivo respondia.
- Temos que comemorar! – Minha mãe se levantava.

Que maravilha, comecei a receber centenas de abraços, cada um com uma frase em complemento, a maioria me desejando felicidade, alguns ainda assustados, e poucos faziam brincadeiras, os adolescentes, Rayko e Kunno, lógico, o Ribi é educado demais para fazer tal coisa.

- Parabéns paciente. – Haku dizia.
- Obrigada doutora. – Não resisti.
- Podemos conversar um pouco. – Ah, claro, ele tinha de fazer isso.
- Ta bom. – Disse um tanto a contragosto.

Saímos de fininho pela porta, apenas pude ver a multidão avançando sobre Sasuke, provavelmente entraria em um interrogatório, coitado! Eu e meu terapeuta, sentamos na velha balança, localizada aos fundos da casa, meu lugar preferido, carregado de lembranças.

- Vai me liberar das consultas. – Perguntei já curiosa.
- Até parece, logo agora que ficará mais divertido. – Ria.
- Você vai sofrer. – Afirmei sorrindo.
- Eu sei. – Parecia conformado.

Sei que sempre quis me livrar dessas consultas, mas só de pensar que não veria mais o Haku todos os dias, fico até um pouco triste, não que eu necessite, longe disso! Mas, acho que apeguei a ele, pois antes de tudo, é um grande amigo, te odeio Koori!

- Não conseguiu se livrar de mim. – Ele brincava.
- Quem disse que eu queria? – Sorri.

Instantaneamente nos abraçamos, que estranho, jamais fizemos isso, mas sabe, gostei. Ficamos um tempo ali, diz ele que serei uma boa mãe, o único que me disse isso, para falar a verdade, nem o pai da criança o fez. Que horror, acho que vou abortar, até parece.

- Você vai ser o padrinho. – Não foi um convite, foi uma afirmação.
- Me sinto honrado. – Me estendeu o braço.

Logo voltamos para a casa, que, aliás, estavaextremamente barulhenta, como eu disse, Sasuke enfrentava um interrogatório.Mas como sou um marido protetor, o salvei, certo, basicamente o puxei pelobraço, saindo o mais rápido possível dali, ele me pareceu agradecido.

- Agora temos que pegar suas coisas. – Disse já dentro do carro.
- É, vou me mudar de vez. – Comentava.

Finalmente seremos uma família feliz, nos casaremos daqui a uma semana, nocivil, claro, não quero nenhuma grande comemoração, não gosto dessas coisas.Nossa lua-de-mel será pequena, um fim de semana para ser mais exata, não querodesperdiçar o tempo que me resta no trabalho, não mesmo.

- Seremos uma bela família. – Sasuke dizia sorrindo.
- Seremos sim. – Concordei.

É, nunca pensei que o fato de ter uma família me alegraria tanto. Tudo culpadesse Uchiha, esse que teve a audácia de tentar me conquistar, abusando de seusconhecimentos, muito convencido! É difícil admitir, mas fui conquistada poresse galã de quinta. É... Acho que te amo Sasuke, droga!
 

FIM |•

Outro Lado da VitrineOnde histórias criam vida. Descubra agora