Chapter XXV

22.8K 3K 6.5K
                                        


O peso da grande porta de madeira fez um barulho como o de um ronco de animal quando era arrastada para o lado. A fraca luz que preencheu o cômodo atingiu os olhos de um homem que se encontrava sentado mais ao fundo. Seu rosto estava machucado e as mãos presas por correntes atrás do corpo. O homem se encolheu um pouco, preocupado com o que as pessoas que entravam ali fariam consigo dessa vez, mas para o seu alívio, a única coisa que fizeram foi jogar uma outra pessoa para dentro do pequeno porão, arrastando e fechando a porta em seguida.

O homem de pouco mais de quarenta anos encarava o novo "inquilino" que tentava se levantar do chão frio e sujo. Haviam duas velas presas em pequenos lustres no teto, e aquilo era tudo o que tinham de iluminação.

Merda... — Disse o jovem que se revirava no chão, procurando o melhor jeito de se sentar contra uma parede já que as pernas e os braços estavam amarrados por cordas.

Até as pernas? — Perguntou o homem enquanto olhava para o jovem que também tinha belas marcas roxas no rosto.

Eu sou rápido demais para esses babacas. — disse o jovem com um sotaque carregado do italiano. — Eles tinham que se prevenir.

Rápido demais? — o homem sorriu. — Acho que não o suficiente.

Está rindo do que, velhote? Está preso aqui também. — J-Hope sorriu. Nenhuma situação desprivilegiada parecia incomodá-lo.

Já o homem, apenas concordou com a cabeça, olhando para algum ponto daquele porão frio. Ficaram em silêncio por um tempo, eles não tinham o que conversar e sabiam que do outro lado da porta devia ter pessoas que os escutariam em algum momento. J-Hope fitava os próprios sapatos enquanto sentia cada vez mais frio. Naquela época ele tinha apenas dezenove anos e estava começando na vida de mercenário. Ainda tinha muito o que aprender.

Após algumas horas em silêncio, J-Hope ficou impaciente, batendo as costas na parede como se alguma coisa fosse acontecer. Olhava direto para o homem ao lado que apenas fechava os olhos parecendo julgá-lo por sua atitude imatura de querer chamar atenção.

J-Hope...

Hmm? — O homem abriu os olhos encarando o garoto que estava sério do outro lado.

J-Hope... É o meu nome.

Por que está me dizendo seu nome?

Estou iniciando uma conversa, caso não tenha percebido.

E por que está iniciando uma conversa?

Porque se eu não fizer isso eu vou enlouquecer.

Essa é a estratégia deles. Nos fazer conversar.

Mas eu preciso... — J-Hope se remexia incomodado pelas cordas estarem bastante apertadas em seus punhos.

Tenha paciência, garoto. É o melhor que faz.

E eu vou passar as últimas horas da minha vida em silêncio? — J-Hope jogou a cabeça pra trás. — Maravilha...

Acha mesmo que vai morrer assim tão fácil?

Claro que vou. Não estaria aqui nesse buraco se não fosse pra morrer.

O horem sorriu. Não tinha mais paciência para lidar com jovens como J-Hope. Não sabia quem ele era ou qual foi o problema em que se meteu para ter sido capturado e jogado naquele porão gelado, mas de uma coisa tinha certeza: A família Thuli não prendia ninguém que não tivesse algum interesse.

Castelo de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora