A gravação e o retorno

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Enquanto descia as escadas do sótão, Dipper pensou que talvez tivesse sido um pouco mole demais com Bill. Não com as palavras, ele achava que tinha deixado tudo bem claro, mas... como poderia garantir que o demônio não voltaria a construir um portal durante a noite? Era claro que o subterrâneo já não era mais uma alternativa, pois a senha tinha sido alterada, mas não havia nada que impedisse Bill de continuar os seus projetos fora da cabana e Dipper não queria perder o seu sono por causa disso. Não que ele tivesse o costume de dormir muito, de qualquer maneira, mas como diz o ditado: Mantenha seus amigos por perto, e os inimigos mais perto ainda.

Todo esse papo sobre o passado de Bill tinha lhe dado fome. Ele se dirigiu à cozinha para ver se tinha alguma coisa, e no caminho acabou ouvindo a conversa entre Soos e Melody na sala. Tentou não prestar atenção, afinal, pareciam meio sérios e estar falando sobre algo particular, mas um nome lhe chamou a atenção.

— ... eles falaram que vão chegar logo, não é? Mas agora o Will está ocupando o quarto em que eles geralmente ficam...

Dipper esqueceu completamente da fome e aguçou os ouvidos. Estavam falando dos tios avôs dele?

— Não tem problema. — Ele ouviu a voz de Soos responder. — Qualquer coisa é só trazer um colchão aqui pra sala que nem a gente tinha pensado antes e pronto.

Uma ideia acendeu na mente de Dipper e ele apareceu na sala imediatamente.

— Ei, gente. — Exibiu um sorriso nervoso ao ser encarado pelos dois. — Eu acabei ouvindo a conversa de vocês e, tipo... não tem problema pra mim e pra Mabel se o Will for dormir no nosso quarto.

Eles se entreolharam. O garoto deu de ombros.

— Quer dizer, vai ser até legal a gente ficar no mesmo quarto.

A mentira era óbvia porque, ao invés de sorrir, ele estava nervoso. Apesar disso, Melody pareceu feliz.

— Legal, Dipper! É bom que agora que está resolvido, podemos começar a falar sobre o que realmente importa. — Ela pegou um monte de figurinhas atadas por um elástico e colocou em cima da mesa, animada, e sorriu para Soos. — Você não vai acreditar no que eu consegui hoje.

Dipper riu da animação da garota. Ter Bill no seu próprio quarto seria ótimo. Desta forma, além de liberar um espaço para Stan e Ford, seria bem mais difícil de Bill sair do quarto sem ser notado. Em seguida, ficou pensativo.

— Espera, você disse que Stan e Ford vão chegar logo, né? — A mulher consentiu. — Exatamente quando?

— Ford disse nesta carta que esperam chegar depois de amanhã. Pode dar uma olhada, se quiser.

Ela estendeu o papel para Dipper, que olhou para a letra que estava tão acostumado a ler nos diários. Sem dúvida era a de Ford. Quando ele voltasse e começasse a usar o laboratório, queria ver Bill ter coragem de entrar lá.

— Caramba, figurinha platinada?

— É hoje que a gente completa isso aí.

Dipper já não estava prestando atenção.

— Valeu, pessoal! — ele disse, acenando enquanto corria para as escadas.




Deitado com as costas apoiadas num grande baú que havia no quarto de Dipper e Mabel, Bill girava os lados de seu cubo mágico aleatoriamente. Estava surpreso que ainda não tinha morrido de tédio. Ontem fora expulso de seu quarto, com a desculpa de que precisavam liberar lugar para Stan e Ford dormirem. Como se não bastasse terem acabado com os seus poderes, o seu corpo físico e tentado o aniquilar, agora esses dois também estavam roubando seu quarto. Mas, claro, ele tinha que ficar quieto e fingir que mudar de quarto não era nada demais.

Ele é WillOnde histórias criam vida. Descubra agora