Era uma agitada tarde de quinta-feira. Às vésperas da Feira de Mistério, todos se ocupavam finalizando os preparativos. O chão da clareira estava limpo graças ao trabalho de Dipper e Bill no dia anterior. Havia várias pessoas contratadas para montar atrações maiores, como roda gigante e túnel do amor, e Stanley já estava brigando com Soos por não conseguir montar os brinquedos corretamente. Em um canto, fazendo os ajustes finais no robô, estava Bill Cipher.
Seu tornozelo ainda doía por conta da desastrada tentativa de fuga na noite anterior, o que tornava a tarefa atual especialmente difícil, pois precisava ficar agachado para regular as pernas do robô. Ele só precisava aguentar mais um pouco, estava quase terminando...
"Droga, por que eu tive a maldita ideia de fugir pela janela? Poderia ter descido normalmente. E daí se o porco me visse e começasse a fazer barulho?"
O novo portal, localizado no ferro-velho, estava em fase de construção, mas ainda havia muito a fazer. Tinha sido apenas no dia anterior que conseguira recolher todo o material radioativo necessário.
Dali a dois dias, ou seja, no dia seguinte à feira de mistério, faria três anos desde que Bill foi apagado da mente de Stan. Com ele, vinha o prazo da profecia. Até lá, ele deveria ter enfrentado a si mesmo e se libertado de sua prisão.
Depois de refletir, Bill tinha chegado à conclusão de que "a si mesmo enfrentar" significava desafiar os seus limites para terminar o portal a tempo e "se libertar de sua prisão" significava finalmente sair daquele corpo que o aprisionava. Por último, a profecia afirmava: "Se falhar, dirá adeus a toda realidade".
Em resumo, Bill tinha pouco mais de um dia para terminar o portal e não ser apagado da existência. Seria uma corrida contra o relógio. Pensar nisso deixava Bill ansioso, então ele fazia o possível para esquecer disso enquanto estava preso com a família Pines.
A porta dos fundos da cabana se abriu. Assim que viu que era Dipper, Bill se escondeu atrás de uma árvore e ficou espiando. O garoto humano olhou para os lados, localizou o robô (carinhosamente apelidado de Stanbô) e se dirigiu para lá.
— Ei, Dipper! — Mabel apareceu, cumprimentando o irmão. — O que está fazendo?
— Ah, oi, Mabel! Você viu o Will? Parece que ele estava montando o robô por aqui...
— Ué, ele estava aqui até agora. Não se preocupa com ele, logo ele volta. Você me ajuda a pregar essas placas pela floresta?
Bill ouviu o amigo suspirar.
— Claro.
Os gêmeos se afastaram do local. Bill respirou aliviado e voltou para o trabalho assim que se sentiu seguro.
Bill não gostava de ter que fazer isso com Dipper. A cada resposta curta que dava para o amigo, cada desculpa inventada, sentia como se uma parte de si estivesse morrendo, mas ele não podia ceder. Depois de seu último sonho, tinha refletido e chegado à conclusão de que seria melhor desse jeito.
Sim, um sonho.
Sonhos não costumavam perturbar Bill, afinal, ele era o senhor dos sonhos. Podia controlá-los a seu bel-prazer, curvá-los à sua vontade, fazê-los trabalhar para si. Sonhos eram onde ele podia ser e fazer o que bem entendesse. Sempre fora assim... Até este último sonho.
Naquela noite, assim que se viu no campo da mente, Bill começou a pensar no que iria sonhar. Diferentemente das outras vezes, no entanto, sua mente não estava vazia, havia alguém lá. Era Dipper, de costas, no meio do vazio. Bill achou estranho, pois geralmente preferia usar seus sonhos para distanciar-se de seus problemas reais. Sentia-se como se alguém tivesse pegado o controle remoto da TV e colocado em um canal que ele não queria ver.
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Ele é Will
Fanfic"Você vai ter que escolher um nome por enquanto. Como gostaria de ser chamado? Todos olharam para o garoto, esperando uma resposta. - Nunca pensei nisso... É... Que tal Will?" Em algum lugar, perdido na infinita dimensão do campo da mente, Bill Ciph...