A feira (parte 1)

57 7 6
                                    

As horas se passaram, o sol raiou. Enfim o dia da feira. E como se o destino conspirasse contra Bill, era uma manhã perfeitamente ensolarada, nem uma nuvem turbulenta ameaçando chegar e espantar todo mundo com uma tempestade.

Isso, sim, seria um dia perfeito.

Em vez disso, Bill teve que se arrastar para fora da cama e fingir que teve uma noite revigorante.

Chegando na cozinha, ignorou todo mundo, pegou uma xícara de café e bebeu um grande gole. Ao observar Mabel conversando animadamente com Soos, olhou para os lados e percebeu que alguém estava faltando. É mesmo, Dipper tinha ficado dormindo no telhado na noite anterior. Será que ele estava bem?

De qualquer forma, ter acordado antes de Dipper foi muita sorte de sua parte. Agora ele só precisava engolir suas panquecas e sair o mais rápido possível. Não precisaria enfrentar olhares e inventar desculpas para evitá-lo.

— Oi, gente — disse Dipper, sentando-se ao lado de Bill.

O demônio quase se engasgou com o café. Dipper observou o amigo se atrapalhar todo e lhe lançar um sorriso sem graça.

— Dormiu bem? — perguntou em um tom irônico que só Bill reparou.

— Sim, claro. — o demônio limpou a garganta.

Bill estava desconfortável com o modo que Dipper o encarava, como se pudesse enxergar através de sua alma. Tomou mais um gole de sua bebida para se recuperar do susto e enfrentar o possível confronto. Felizmente, foi nesse exato momento que Mabel abriu a porta para sair. Durante a manhã inteira ela estivera andando de um lado para o outro como um hamster hiperativo.

— Pessoal, eu e o Soos vamos nessa. Quem vem com a gente?

— Eu também vou — disse Melody, que tinha chegado mais cedo para ajudar.

— Não esquece de mim! — Bill aproveitou a deixa e se levantou, ignorando o olhar de Dipper às suas costas.

— Onde está o tivô Stan? — disse Mabel.

— Ele já está acordado e foi para a feira faz uma meia hora — disse Soos.

— Dipper, você vem? — perguntou Mabel com impaciência.

O garoto tinha acabado de sentar e mal tinha trocado de roupa. Se pedisse para que esperassem, iria atrasar todo mundo. Além disso, dali até a feira era uma caminhada de apenas cinco minutos.

— Ah, não... Tudo bem. Eu prefiro ir depois.

— Tá bom, te vejo mais tarde.

Bill não pôde evitar cruzar olhares com Dipper uma última vez antes da porta ser fechada. Ele não parecia nada satisfeito. Bill engoliu em seco e voltou-se para o outro lado.

Tudo bem, tudo estava ocorrendo como o planejado. Não podia deixar que Dipper tomasse todo o seu tempo naquele dia, pois tinha muito o que fazer. Se apenas a conversa da noite anterior não tivesse ocorrido, talvez as coisas tivessem sido mais fáceis.

Ao chegar na feira, Bill rapidamente posicionou o seu robô no lugar e ajustou as configurações. Até agora não havia ninguém que não fosse da organização do evento, muito menos pirralhos para atormentar, então tudo estava tranquilo.

— Bem-vindos à Feira do Mistério! — disse o robô, tirando o seu chapéu em um cumprimento.

Mabel parou para dar uma olhada.

— Nossa, o Stanbô ficou muito melhor do que eu imaginava.

— Você ainda não viu nada.

Bill pegou o controle e apertou um botão.

Ele é WillOnde histórias criam vida. Descubra agora