Entre grama e folhas

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Localizada no quintal da Cabana do Mistério, havia uma grande clareira coberta de grama alta e folhas secas. Stanley Pines e seu sobrinho neto discutiam perto da porta dos fundos. O mais velho meteu um rastelo na mão do outro.

— O aspirador de folhas tá quebrado, então toma isto aqui.

— Ah, fala sério! Não acha que eu seria mais útil ajudando o tivô Ford? — retrucou ele. Estava louco para voltar ao projeto no porão e sem vontade nenhuma de perder tempo arrastando folhas por aí.

Stan suspirou em resposta.

— Garoto, a sua irmã já está ajudando a fazer as placas para a feira de mistério. Alguém precisa deixar esse chão limpo até sexta-feira, então anda logo. Não esquece de cortar a grama.

O velho fechou a porta e deixou o garoto no quintal. Dipper suspirou e começou a rastelar o chão. Sentia saudade de quando ele não tinha que fazer nada para a feira e só ia passar lá quando estava tudo terminado, como um passe de mágica.

Já haviam se passado quinze minutos de sofrimento quando Bill aproximou-se atrás de Dipper.

— Ei, pinheirinho.

— Ahhhh!! — Ele sobressaltou-se e soltou o rastelo. O cabo pesado caiu no chão com um baque dolorido. — Ai, meu pé!

— Opa! Hehe, foi mal. — Bill deu um sorriso amarelo.

Dipper irritou-se.

— Onde é que você estava, criatura?

— Eu? Pela cidade — respondeu, bem-humorado, alternando o peso de um pé para o outro e desviando o olhar.

O garoto Pines ficou esperando que o demônio dissesse mais alguma coisa, mas pelo visto era só isso mesmo.

— Quer saber, não importa. Preciso deixar esse lugar limpo antes que escureça, se não meu tio-avô vai ficar uma fera.

Dipper voltou a rastelar o chão. Após a noite do abraço, os dois não puderam evitar um leve constrangimento na presença um do outro. Não sabiam como agir, e Bill não queria correr o risco de pisar na bola de novo. Contudo, em pouco tempo, a relação deles tinha voltado ao normal e Bill podia voltar a irritar e a brincar com Dipper o quanto quisesse. Não podia estar mais feliz.

— Quer ajuda? — ofereceu Bill. — Você está tirando as folhas, mas também precisa de alguém pra cortar essa grama, né?

O garoto concordou.

— Acho que seria útil. Valeu.

Bill saiu e, um tempo depois, voltou com o cortador de grama. Ligou o aparelho e começou a empurrá-lo por aí. Ao ver que o amigo tinha parado de trabalhar para observá-lo, Bill se apoiou com uma mão só no cortador, espreguiçando-se longamente. Aproximou a outra mão da boca para fingir um bocejo, mas o cortador bateu em um tronco de repente e Bill quase perdeu o equilíbrio. Dipper não conteve o riso.

Algumas provocações e alguns minutos depois, Bill já tinha acabado seu trabalho, mas o outro ainda estava na metade.

— Nossa, que demora a sua — reclamou Bill.

— Concordo. Quer fazer o trabalho pra mim? — o garoto sugeriu, dando um sorriso sarcástico e pausando o trabalho.

— Hum, dispenso.

O olhar de Bill fixou-se em um monte enorme de folhas formado em um canto. Um monte cheinho de folhas das tonalidades mais variadas, seco, volumoso, simplesmente pedindo para que alguém pulasse ali. Dipper percebeu suas intenções e ergueu o rastelo em sua direção.

Ele é WillOnde histórias criam vida. Descubra agora