Capítulo XXI

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Acordei sentindo a sensação de toques leves em minhas costas. As mãos de Samuel que adentram minha blusa ainda estão recentes aqui. Percebo agora que não devolvi a blusa dele desde aquele dia e que tenho involuntariamente dormido com ela. Eu substituí a blusa branca que costumava usar para dormir. Meu quarto estava escuro, mas eu sabia que já era muito tarde. Ouvi barulhos vindos da cozinha. Nicholas deve estar preparando algo para mim acompanhado de muito sermão. Só de pensar na possibilidade, me cobri de novo com o lençol. Mas depois me levantei e fui para o banheiro. Quando cheguei na cozinha, Nicholas tomava café, sentado em minha mesa de mármore. Ele parecia irritado.

-Bom dia, Nii. - falei, pegando uma xícara de café.

-Como assim "bom dia", Amora? - ele perguntou, repousando a xícara de café na mesa. - Já é tarde. Mais especificamente 16:00 horas.

-Ah. - me sentei à mesa. - Eu já sabia, foi só força do hábito.

-Vi seu carro chegando de madrugada ontem. - ele cruzou os braços e se apoiou na cadeira. - Estava com Samuel?

-Sim. - murmurei.

-E aonde estavam a essa hora? - sua voz soou como preocupação.

-No café. - falei, ainda murmurando.

-E o que faziam lá a essa hora? - ele meneou uma das mãos.

-To-má-va-mos-ca-fé? - falei pausadamente e com escarnio.

-Amora! - exclamou ele.

-Nicholas! - exclamei também. - foi você, quem me disse para conhecê-lo melhor e fazer novas amizades.

-Eu não sabia que você dormiria com ele em outra cidade e sairia com ele de madrugada. - ele me olha, irritado.

-Já explicamos o que aconteceu naquele dia e nós apenas tomamos café juntos ontem. - levantei-me em direção a pia. Só fiz isso para Nicholas não olhar meu rosto enquanto falava aquilo. Ele saberia que eu estava mentindo.

-O que aconteceu, Amora? - ele pergunta.

-O quê!? - coloco a xícara na pia com uma força exagerada.

-Só quero saber o porquê, que você está sorrindo abobalhada sem nem perceber. - ele diz levantando-se. Era verdade, só o fato de estarmos falando de mim e Samuel, juntos, fazendo qualquer coisa, me fez sorrir sem nem perceber. Parei de sorrir.

-Tudo bem. Vou te contar. Mas...! - o olhei firme - sem piadinhas sádicas. - quando mencionei isso, Nicholas riu involuntariamente.

-Ok. - ele continua rindo.

-Eu e Samuel... - respirei fundo - Nós fizemos uma coisa. - procurei palavras efêmeras, mas não deu muito certo.

-Amora, não me diga que você... - ele começou sugerindo-me o que ele queria dizer.

-Não! Não! Claro que não, Nicholas. - eu me apresso em dizer. - Quer dizer... eu nem sou casada ainda. - pigarreio. - nós nos beijamos, foi só isso. - Nicholas ficou calado e andou até mim. Segurou meus ombros com suas mãos e me olhou no fundo dos olhos.

-Amora... - ele suspira - Parabéns! - vejo um enorme sorriso se formar em seu rosto.

-Sério isso? - o olhei incrédula. - me solta e para com isso. - saí de suas mãos e andei até perto da mesa. - você não estava brigando comigo há alguns minutos, por conta de estar próxima demais dele? - pego sua xícara em cima da mesa e me dirijo a pia novamente.

-Olha Amora, você é a única irmã que eu tenho, e me irrita sua aproximação tão intima de outro garoto. Fico preocupado também de você se atropelar e fazer alguma bobagem, mas eu confio em você, - ele fala sério - e eu sei mais do que ninguém que você precisa dessas coisas novamente. Você precisa se apaixonar novamente.

A Coadjuvante Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora