Capítulo XXXV

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Já fazia alguns minutos que a coletiva de imprensa havia começado e eles fizeram perguntas normais, eu acho. Carlos pareceu calmo como se fosse só mais um dia, eu nunca conseguiria agir assim. Miguel parecia irritado como se isso tudo fosse uma perda de tempo, mas eu já esperava isso dele. Mais uma repórter se levantou e pediu a atenção de Carlos, ela tinha um ar meio pesado e isso me assustou um pouco.

-Com licença, Sr. Novak? Acho que está na hora de fazer a pergunta que todos nós esperamos a resposta. - todos ficaram em silêncio e a sua voz predominante tomou o lugar. - Será que um dia vamos conhecer a nossa escritora misteriosa? - fiquei apreensiva ao ouvir aquela pergunta.

-Isso também, infelizmente não sabemos. - Carlos sorri para a repórter. - talvez, um dia. - ele completa.

-Todo esse mistério, não seria por quê já a conhecemos? Talvez ela já seja alguma celebridade e está se escondendo de algum boato da mídia. - ela dá de ombros.

-Eu garanto que ela não é uma celebridade, bem, pelo menos não uma que conhecemos. - ele ri e todos o acompanham, mas a repórter é insistente.

-Até onde sabemos, ela é uma escritora do sexo feminino e isso foi revelado nas entrevistas anteriores, você não poderia nos revelar mais alguma coisa hoje? - ela levanta-se.

-Na verdade... - Carlos começa, mas é interrompido.

-Vocês não tem medo de que as pessoas comecem a perder a confiança em uma escritora que não sabemos quem é e não fazemos ideia de como ela seja? Ou ela é boa demais para o público? Qual é o segredo Sr. Novak? talvez ela seja ele e ele seja você. - ela o desafia com o olhar e Carlos tenta disfarçar o nervosismo. - Uma autora que escreve romances com finais não muito apreciativos se recusa a mostrar-se ao mundo, ela só pode ter algum problema, por que não nos conta antes que descubramos por nós mesmos?

Fiquei tão nervosa com aquela conversa, que estava me segurando para não interromper e dizer a verdade, eu não queria que agredissem tanto Carlos dessa maneira, como se ele fosse culpado de algum crime, ele sempre fez muito por mim e isso tudo está me deixando irritada, juro que se ela falar mais alguma coisa...

-Talvez seja só um golpe de marketing. - continua ela. - A NA games junto com a Equinócios, não são os potes de ouro de vocês? Se considerarmos essas grandes empresas em jogo e a sua grande editora, Sr. Novak, talvez uma autora que se intitula "Girassol" nunca tenha existido e isso tenha sido só um golpe empresarial. - quando ela terminou de falar as pessoas começaram a murmurar entre si.

Eu não podia mais ficar ali escutando aquela mulher falar mal dos meus companheiros de trabalho, de Nicholas, de Carlos e das minhas obras que eu amo tanto. Andei um passo para frente enfurecida, mas Samuel me parou, segurando com força meu braço e eu o encarei irritada.

-Me solta! - exclamo, baixo.

-Você não pode ir lá, Amora. - ele fica mais perto e falou baixo em meu ouvido para que ninguém percebesse.

-Eu não posso deixar isso continuar. - balanço a cabeça.

-Seus companheiros confiam em você, para que não revele quem você é, então confie neles também. - ele solta meu braço devagar e me abraça de lado. Volto a prestar atenção naquela movimentação à minha frente.

-Está fazendo uma acusação grave Sra.... - Carlos olha uma ficha que foi acabada de ser entregue a ele - Sra. Esvensã. - a mulher recua um passo ao ouvir o próprio nome.

A tensão em meus ombros diminuiu ao ver que o nervosismo de Carlos se foi totalmente, ele agora sorria calmamente e encarava aquela mulher como se estivesse em um tipo de jogo visual com ela.

-Estou apontando fatos. - ela fala, com uma voz um pouco trêmula.

-Não, o que está fazendo é especular coisas sem sentindo, a fim de descobrir quem é Girassol para sua empresa jornalística, seria... Régios Império jornais? - ele pergunta cruzando os dedos em cima da mesa - seguranças. - ele chama. - podem levá-la daqui, por favor.

A mulher saiu acompanhada dos seguranças como se fosse matar qualquer um que estivesse em sua frente. Carlos acabou de expor em rede nacional algum tipo de armação dessa empresa jornalística contra mim, talvez isso não seja bom, podemos comprar uma briga feia por conta disso. Mas, pelo menos, ele calou a boca dessa mulher insuportável, Samuel tinha razão, eu deveria confiar mais nos meus companheiros de trabalho assim como eles confiam em mim.

-Por favor, nos perdoem por isso. - ele se ajeitou na cadeira. - eu gostaria de dizer que estamos aqui para comemorar o sucesso brilhante da nossa escritora Girassol e que ela mudou a vida de várias pessoas, eu sei que ainda não entendem muito bem o motivo dela não se expor como autora, mas sei que um dia entenderão quando escutarem suas próprias palavras e, com certeza, vão amá-la como amam as obras dela. - Carlos me olhou de relance e depois desviou o olhar rapidamente. - aproveitem o evento. - as pessoas bateram palmas e voltaram para as mesas de compra de livros.

Sinto uma leve tontura de repente, mas como ainda estou sendo sustentada por Samuel, pude me segurar para não cair, acho que a febre já me pegou mesmo.

-Seu editor é muito bom. - ele diz sem me olhar.

-O melhor. - digo, sorrindo para Carlos.

Naquele momento febril, eu não havia percebido a tonalidade na voz de Samuel como também não havia percebido a tonalidade na voz de Carlos ao proferir aquele pequeno discurso sobre mim e por minha falta de percepção nesse momento, machuquei as pessoas ao meu redor e a mim mesma.

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Oi pessoas, gostaram do capítulo de hoje? Se sim, deixem uma estrela e comentem. Estou pensando em postar mais um a noite já que esse foi exponencialmente pequeno. Então, até a noite. 😙🙂❤

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