Capítulo XXV

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Faz meia hora que Samuel chegou e está me esperando na entrada da minha casa. Fiquei na dúvida de qual livro levar, mas lembrei que na casa para aonde vamos, há uma estante de livros. Me olho uma última vez no espelho e checo a roupa que escolhi: Uma bota de couro marrom sem salto e com cadarço, uma blusa de mangas longas e gola polo alta, um short curto e frouxo de cor vermelha. Amarro meu cabelo pela metade e deixo a outra metade solta, como sempre. Peguei minha mala preta e minha bolsa marrom transpassada, a qual nunca sai de perto de mim. Tranco tudo e vou até Samuel, que esperava sentado no capô da sua picape preta, que parecia ter saído da loja há pouco tempo. Olho para ele. Samuel está usando uma bota preta curta, uma calça jeans azul clara, uma blusa azul escura, que tem um pouco das suas mangas da mesma cor, porém, da metade do antebraço para as mãos as mangas são vermelhas e amarrada em sua cintura, uma blusa xadrez vermelho claro, preto e branco. Também está usando um gorro cinza. O encaro, tentando adivinhar o porquê que ele está vestido assim.

-Você sabe que vamos para um lugar cheio de árvores, não é? Um lugar afastado, sabe? - pergunto, entregando minha mala a ele.

-Sei. - ele assentiu com a cabeça.

-Então, por quê está vestido como se fosse a uma festa de adolescente? - perguntei.

-Estou vestindo roupas normais, o que você queria? Um macacão e uma blusa xadrez, com um chapéu de palha? - ele pergunta, colocando a mala no porta-malas da picape.

-Bom... - ando até a porta do carona - a blusa xadrez você já tem. - sorrio sarcástica, apontando para sua blusa amarrada na cintura.

-Nossa, que engraçada. - ele me encara contraindo os lábios e o nariz. Ficou tão fofo assim. - acho que vou ter que te ensinar bons modos, moça. - ele aponta com o dedo para cima e balança.

-Você precisa aprender primeiro, Min Min. - sorri maliciosamente.

-Acho melhor você entrar no carro, Amora. - ele fala já entrando. Entro em seguida, rindo.

Nós dois colocamos o cinto ao mesmo tempo. Coloquei minha bolsa no banco de trás. Peguei meu celular e coloquei no apoio do carro para que o GPS mostre a direção a Samuel. O carro estava gelado por conta do ar ligado, quase no máximo. Esperei ele começar a dirigir, mas ele não estava com as mãos no volante. Samuel olhava para a rua deserta da minha casa.

-Qual é o problema? Por que não dirige? - pergunto, encarando seus cabelos negros.

-Eu te disse antes, não disse? - ele volta o rosto para mim e gentilmente acaricia minha bochecha, que enrubesce na hora. - estou com medo, Amora. - seus olhos estavam tão expressivos e sua feição era de alguém que estava prestes a perder algo importante. A mesma feição que eu sempre estou fazendo. Peguei sua mão e a segurei contra meu rosto.

-Está tudo bem. - percebi que sua mão estava gelada e tremia um pouco.

-Sabe do que estou com medo? - ele pergunta, esfregando o polegar em minha bochecha.

-Eu sei. - sorrio para ele. - quando esta viagem acabar, vou te dizer exatamente como me sinto em relação a você. E seja qual for a resposta, eu nunca vou sair do seu lado. - solto sua mão e ele a tira do meu rosto.

-Tudo bem. - ele sorri timidamente. Samuel coloca as mãos no volante e finalmente começa a dirigir.

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Duas horas depois, ainda estamos na estrada. Nicholas já está lá, todos já estão, e foram bem cedo, eu é que não quis me juntar a eles. Preferi ir mais tarde com Samuel. No começo da viajem, eu não estava nenhum pouco nervosa, mas agora que já estamos perto de chegar estou ficando agitada. Não paro de me remexer no banco, e de conferir algo que nem mesmo sei o que é em minha bolsa. Abaixo e subo a tela do celular para ver a hora, inclino - me para janela, fico ereta de novo, depois acabo tirando o gorro de Samuel e enterrando uma mão em seus cabelos macios, fingindo que não percebi seu rosto, que às vezes estava envergonhado ou de um modo que eu não consigo descrever.

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