Capítulo XXII

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Apoiei-me no balcão com as duas mãos, esperando a resposta de Samuel ao meu convite para ir conosco a casa no lago. Isso realmente não é algo que eu gostaria de pedir a ele. Samuel limpa o balcão com uma flanela, já meio sujo e não expressa nenhum sentimento aparente. Ele está há tanto tempo calado, que estou quase pedindo para ele esquecer tudo.

-Sa... - comecei.

-Tudo bem. - ele anuncia, me interrompendo. Apoia-se na mesa e ainda não me olha. - concordo com seu irmão, é como uma terapia. - ele contrai a boca.

-Você não parece muito... está tudo bem? - pergunto preocupada.

-Sim. - ele suspira, depois sorriu exageradamente para mim. - vou ajudar com os doces.

Aceitei a oferta de ajuda e me despedi dele, ainda teria que passar na editora. Naquele mesmo dia, mais tarde em minha cama, pensei no ocorrido e entendi porque Samuel agiu daquele forma. Nós havíamos nos beijado e eu agi como se aquilo não tivesse acontecido. Não fiz isso por querer, eu só não sabia o que dizer a ele, então deixei minha mente agir como queria e ignorar foi a melhor resposta, embora eu saiba que teremos que falar disso.

Me deito em meu sofá perto da janela e começo a observar o céu da tarde, havia algumas nuvens de chuva. Não paro de pensar no que aconteceu e resolvo ligar para Samuel.

-Oi.

-Oi.

-Olha, sobre o que te pedi, você não precisa ir se não quiser... eu não quero... - não completo.

-Está tudo bem, Amora. - ele suspira. - eu não perderia por nada te ver de biquíni. - fala, com uma voz maliciosa.

-Claro que isso não vai acontecer! - fico vermelha.

-Ah, não? - ele pergunta, desanimado.

-A viscosidade da água me deixa doente, além do mais não gosto de expor meu corpo. - suspiro. - apesar de que, acho que a Jen irá me obrigar a usar um biquíni, mesmo que eu não vá entrar na água.

-Já estou gostando mais dela. Então? Você conversou com ela? - ele quis saber.

-Não, ainda não tive oportunidade. Acho que essa será uma boa chance. - olho para janela, entediada e começo a brincar com um urso de pelúcia, que Nicholas me deu de presente por assinar um contrato para um dos meus livros. Ficamos em silêncio.

-Sabe, Amora... - ele quebra o silêncio - não estou incomodado com nada, então não precisa ficar preocupada. - sinto um tom de nervosismo em sua voz.

-Não acredito em você. - disparei sem perceber.

-Eu sei que não. - ouvi sua risada frustrada. - só fiquei inquieto esses dias. Na verdade... - ele não completou.

-O que foi, Samuel? - pergunto preocupada.

-Estou com medo, talvez. - quando ele terminou, senti uma pontada no coração. - não me pergunte o porquê, nem eu sei direito, mas prometo que quando esclarecer as coisas aqui dentro, eu te conto. Agora eu preciso ir, estou em horário de trabalho.

-Você se parece muito com o Nicholas. - digo baixinho, mas sei que ele escutou, pois ainda não encerramos a chamada.

-Não sou seu irmão, Amora. - ele falou. Mas não em um tom duro, apenas disse. - tchau Mora. - desligou.

Soltei o celular na borda da janela. Foi a primeira vez que ele me chamou pelo meu apelido. Estou sentindo algo estranho de novo. Medo. Acho que perderei alguém. Eu só peço, que dessa vez não seja ele, que dessa vez não seja Samuel.

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Oi pessoas, como o capítulo foi pequeno hoje, vou postar mais um a noite. 😊❤😙

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