Capítulo XX

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Esperei seus lábios tocarem os meus. Minhas mãos tremiam e eu já estava tensa. Nada veio. Abri os olhos ao escutar Samuel levantar-se em direção ao balcão novamente. Meu coração ainda estava acelerado e uma súbita raiva começou a me invadir junto com o constrangimento, levantei-me com tanta irritação, que meus punhos se fecharam na mesa e meu tênis fazia um barulho irritante. Saí de perto da mesa, deixando minha bolsa na cadeira.

-O que é isso!? - minha pergunta irritada o faz virar-se para mim. - está brincando comigo de novo!? - perguntei, mas esse não parecia o caso.

-Você não está pronta pra isso ainda, Amora. - ele responde com uma cara entediada.

-E quem lhe deu o direito de decidir isso? - falei, mas eu sabia que ele estava certo.

-Olha pra você. - ele aponta para mim com a mão. - nós nem estamos mais próximos, mas você continua trêmula. - Sua declaração me deixa mais irritada, porém, era verdade.

-Isso não importa! Você me perturbou por isso durante duas semanas e agora recua? - ele não respondeu, só ficou parado me olhando.

A sensação de que estava perdendo algo retornou e meus pés se moveram com rapidez. Se estava preparada ou não, isso não importava mais, andei até ele e ficando na ponta dos pés, agarrei sua blusa, puxando-o para mim, fazendo com que ele se inclinasse para baixo e selando nossos lábios bruscamente, pude senti sua maciez e o cheiro de café forte. Depois de uns segundos, separei meus lábios dos dele devagar. Achei que pararíamos aí, que seria apenas isso, mas antes que eu me distanciasse, sua mão deslizou calmamente sobre minha cintura, abraçando-a, e a outra segurou meu pescoço com delicadeza, seu rosto se inclinou mais para baixo, eu pude descansar meus pés no chão e nosso selinho se transformou em um beijo. Eu senti o aroma do café invadir minha boca e seu toque me fazer delirar aos poucos. Lentamente, nossos lábios se separaram e nós nos olhamos. Seu rosto era de alguém apaixonado, o rosto desejoso, os olhos brilhando e os lábios entreabertos e, eu sei que eu também estava fazendo a mesma expressão para ele.

Ele afundou sua boca lentamente e delicadamente em meu pescoço e ali me deu um beijo demorado, que me fez fraquejar um pouco, segurei firmemente em seus ombros para ter certeza de que não cairia. Ele foi arrastando esse beijo até abaixo do meu queixo e eu soltei um suspiro, apertando seus ombros ainda mais. Queria muito que o barulho da chuva estivesse alto o bastante para que ele não me ouvisse arquejando daquele jeito. Samuel subiu aquele beijo até a minha orelha e suspirou nela me causando arrepios. Suas mãos rapidamente percorreram minhas costas, abaixo, mas senti sua hesitação e elas pararam no fim da minha coluna, e acho, que se ele tivesse prosseguido seria desconfortável, agradeci mentalmente por ele ter evitado. Queria beijar seu pescoço e sentir a sensação do seu perfume naquela região, mas eu sou baixa demais e ele ainda estava usando a blusa de gola rolê. Samuel mostrou seu rosto novamente para mim e me beijou, dessa vez um beijo mais suave e demorado, suas mãos apertavam minha cintura, e as minhas torciam a barra de sua blusa.

Aos poucos fui recobrando os sentidos e escutei a chuva parar devagar. Nosso beijo se desfez com ela. Ficamos apenas olhando um para outro, como se tivéssemos acabado de fazer algo muito errado e muito bom, escondido. Nossas mãos foram afrouxando e eu movi meus lábios para começar a dizer alguma coisa, mas Samuel encostou seu dedo indicador da mão direita neles em um pedido de que eu não dissesse nada. Ele sorriu para mim e segurou meu rosto com suas duas mãos dando um beijo demorado em minha testa. Meu coração se acalmou e eu senti que estava tudo bem.

-Vem. - ele falou baixinho. - vou te levar pra casa. - Samuel entrelaçou nossas mãos e me levou para fora do café. Pediu as chaves do carro e dirigiu para mim, levando-me para casa.

Eu mal disse duas palavras para ele, pois ainda me sentia atordoada. Ás 3:00 horas da madrugada chegamos na minha casa, eu insisti que ele levasse meu carro para voltar ao café, mas ele disse que preferia ir andando. Uma boa caminhada, disse ele. Eu esperei que ele sumisse no fim da rua e por um breve momento acho que o vi dar um grande sorriso e um pequeno saltinho de alegria. Meu coração se surpreendeu com aquilo e eu já não sabia se deveria ficar feliz ou triste. Entrei em casa e me joguei na cama. Toquei meus lábios com os dois dedos e senti quase todas as sensações novamente. Sorri comigo mesma, abobalhada e afundei meu rosto no travesseiro, escondendo meu rubor de ninguém. Sopa subiu na cama e se deitou ao meu lado, comecei a fazer carinho nele. De repente, lembrei-me de Lucas e meu sorriso desapareceu. Nunca havia sentindo coisas tão intensas assim, com ele. Me senti ridícula por pensar nele naquele momento e uma idiota maior ainda, por ainda amá-lo, afinal, já se passaram tantos anos e ele está prestes a se casar com outra e eu... eu estou saindo de madrugada para beijar um homem em uma cafeteria. Mas preciso confessar que foi o melhor beijo que já recebi em toda minha vida. Eu não perdi isso. Eu me movi, pela primeira vez.

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Iai pessoas, gostaram do Beijo? Se sim, comentem 😊 e dêem uma estrela nesse capítulo fofo ❤ hoje o cap saiu mais cedo porque eu não vou ter tempo no horário comum que eu posto. Bem, obrigado por lerem e até Segunda-feira. 😊😙❤

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