Capítulo XXXIX

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De frente para aquele enorme teatro de Chicago, eu parecia uma formiga. Samuel, uma formiga maior. Ele encarou o lugar, como se estivesse prestes a chorar e eu comecei a me perguntar se foi uma boa ideia trazê-lo aqui. Vi seus olhos marejados e senti um aperto tão forte, que podia jurar que naquele momento meu coração estava minúsculo e amassado. Segurei a manga do seu sobretudo e a apertei firme.

-Foi uma ideia ruim? - perguntei baixinho, o silêncio se instalou por um momento, mas logo foi quebrado.

-Não. - ele falou com uma voz anasalada e uma lágrima solitária desceu pela sua bochecha. Samuel virou-se para mim e sorriu. - obrigada. - falou baixinho. Ele deslizou seu sobretudo do corpo e me entregou. - toma, lá estará bem mais frio do que aqui fora. - ele me diz ainda com emoção nos olhos.

-E você? - pergunto colocando o sobretudo de modo desajeitado.

-Vou pegar minha jaqueta no carro. - ele sai em direção ao estacionamento.

Samuel demorou um pouco para voltar e quando finalmente voltou, estava usando sua jaqueta de couro preta e seu nariz estava bem vermelho assim como seus olhos pequenos, que também estavam levemente marejados, logo presumi que ele estava chorando e por isso a demora. Sorri ao ver o quanto seu rosto ficava fofo assim e o quanto senti vontade de cuidar dele naquela situação.

Quando finalmente estávamos acomodados no auditório e com a programação nas mãos, foi que eu me prendi na arquitetura do lugar que realmente é imenso. Não havia muitas pessoas, mas vi alguns artistas e músicos conhecidos. O teto era amplo e nele duas tapeçarias douradas e azuis roubavam um pouco a atenção das pessoas, muitos holofotes de luz amarela estavam presos a vários arcos no teto, elas iam em direção ao palco grande, a orquestra ficava logo abaixo do palco, muitos músicos já estavam sentados em seus lugares se preparando. As paredes pareciam ser ouro, tanto por causa da cor quanto por causa da iluminação, elas estavam minuciosamente detalhadas com desenhos complicados e bonitos, aquele lugar transpirava arte pura antiguada e moderna ao mesmo tempo. A cima do palco haviam lustres detalhados e enormes, era difícil dizer se eles eram de cristais ou não, mas pareciam ser pesados, fiquei encantada por eles e não consegui tirar os olhos por um bom tempo.

Aquele auditório era realmente muito amplo, tinha espaço para acomodar muitas pessoas. As cadeiras de couro branco estavam por todo o lugar, haviam uma certa quantidade agrupada em fileiras na frente do palco, que era aonde estávamos, - na terceira fileira - e também estavam em meio círculos, como fatias de pizza no fundo do auditório. Em cima, haviam três andares e cada um tinha uma fileira de cadeira, no fundo tinham mais alguns grupos de cadeiras, então o lugar realmente estava preparado para acomodar muita gente.

Samuel não parava de esbanjar uma felicidade interessante, seus olhos brilhavam como os de uma criança, acho que foi uma boa ideia afinal, estou muito contente por não ter ido embora naquele momento e internamente agradecendo a mim mesma pela teimosia. As apresentações começaram e eu não sabia mais o que observar: Samuel, que parecia tão animado com tudo e ficara ainda mais bonito assim ou as operas intensas que estavam sendo tocadas. Por fim, decidi prestar atenção nas operas, acho que nunca tinha visto ninguém cantando e tocando daquela forma, já fui a teatros antes, mas este me forneceu uma experiência única. Fiquei mais tocada com as apresentações de Thinkstock, um tipo de intercalação de shows e dança contemporânea. O jeito como cada um ali contava sua própria história de forma conjunta, me deixou excitada, acho que estava fazendo a mesma cara de emoção que Samuel fazia, os dois como dois bobos impressionados a tamanha arte.

Nunca vou esquecer o que vi naquele palco, nem o que ouvi, tanto as melodias como aquelas palavras limpas e doces de uma certa forma, que foram repousadas em meus ouvidos quase como um sussurro ou um segredo profundo, palavras embargadas de emoções:

-Eu amo você.

A frase me tirou do transe e tomou o meu corpo por inteiro, paralisei por um instante e depois me senti um pouco atônita quando os lábios de Samuel se afastaram do meu ouvido esquerdo, olhei para ele, mas ele não me olhava, estava com a cabeça virada para o outro lado, observei a luz amarela refletida em sua nuca e em seus cabelos negros, senti um palpitar grande no coração e minhas bochechas estavam quentes, quando ele se virou para frente, me virei para o lado e cobri o rosto com as mãos sentindo meu coração na garganta e quase indo embora do meu corpo, o rubor me invadiu, mas um sentimento bom me invadiu com ele, provavelmente era... felicidade.

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Oi pessoas, esse foi o capítulo de hoje 🙂🙂🙂😳 como Samuel é fofinho, MDS ❤. O capítulo de hoje foi curto, então estou pretendo postar mais um á noite. 🙂❤

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