Capítulo III

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Às 8 horas, saí da editora e fui para o meu café favorito: Café Girassol. O nome para mim é incrivelmente perfeito, a atmosfera também. A poesia do lugar é maravilhosa e o café é o melhor que já tomei. Vou explicar o porquê que este café é tão importante para mim:.

Primeiro, era nele que minha mãe trabalhava desde quando eu tinha 6 anos e dele, veio o gosto dela por girassóis, então sempre frequentei o café.

Segundo, os girassóis. Como já perceberam, eu sou uma pessoa extremamente obcecada por girassóis, e esse gosto por essa flor veio da minha mãe; girassóis são tão belos e graciosos, estão sempre ali voltados para o sol, cheios de poesia. A decoração é cheia de girassóis que parecem sempre vivos e bem cuidados.

Terceiro e último motivo, a história do dono. O Sr. Hwang é dono de uma marca de jornais que tem sedes no mundo inteiro. Ele ajudou minha mãe lhe dando um emprego no café, eles conversavam muito e minha mãe falava bastante dele, mas nunca tive oportunidade de conhecê-lo, eu mal saía de casa naquela época, sempre estava escrevendo livros, planejando coisas ou em empresas, buscando patrocínio. Ele tinha uma filha muito bonita, ela chamava atenção por ter cabelos loiros quase como raios de sol e olhos negros e penetrantes, e pela informação que obtive, ela gostava de girassóis, por isso, este café foi criado para ela, mas infelizmente, antes que completasse seus 20 anos, ela morreu. Eu pesquisei para poder encontrar o motivo, mas não achei, é como se essa informação nunca tivesse existido. Eu descobri sobre ela por meio da minha mãe. Outra coisa que minha mãe havia mencionado sobre essa filha misteriosa é que ela teve um filho, minha mãe me disse o nome dele, mas faz algum tempo, então eu não lembro mais.

Quando minha mãe morreu, não tive mais coragem para ir lá. Foi nessa época que eu e Nicholas começamos a alavancar nossas carreiras, apenas com 17 e 18 anos de idade. Quando estávamos bem de vida, viajamos para Londres e só retornamos quando eu tinha 20 anos. Joseph já havia se mudado e o endereço dele não era acessível, tentei em um de seus jornais, mas ele havia deixado todos para o filho administrar, então o máximo que eu podia fazer era voltar a visitar o café todos os dias e esperá-lo ele aparecer. Mas ele nunca apareceu. Então, por estes três motivos, eu continuo indo lá.

O café Girassol fica na parte sul da cidade, ou seja, na zona rica. É lá que estão as pessoas mais bem-sucedidas e ricas da nossa cidade. Mas o café em meio a tanta superficialidade e comodismo é o ponto negro de diferença. Embora esteja cercado de luxo, ele se mantém simples e eu admiro isso, é como um girassol no meio de várias rosas enfeitiçadas com ganância e luxúria.

Havia uma estante repleta de livros que tinham um cheirinho exótico, no chão, estavam vários vasos de girassóis assim como nas mesas, o cheiro de café estava tomando conta do lugar, deixando o ambiente gostoso. As luzes eram um amarelo alaranjado, fazendo com que tudo ficasse mais aconchegante, as mesas eram perto da parede e as cadeiras eram acolchoadas de cor vermelha. Entrei e sentei-me na última mesa como sempre, sentindo falta do meu irmão e pensando como queria que ele aproveitasse isso comigo. Já tentei levar Nii várias vezes, mas ele sempre está ocupado demais para ir, então parei de insistir e isso virou algo só meu.

Tirei um livro da bolsa, o meu próprio livro e talvez aquela fosse a primeira vez que levava um livro meu para ler, sempre lia outras obras. Foi nesse momento, enquanto estava imersa em minhas próprias palavras, que o garçom se aproximou:

—Oh, Esse coração não pertence a ninguém da autora Girassol, não é? – perguntou.

—É – respondi, ríspida.

— Admiro muito o trabalho dela, então, o que vai pedir? – perguntou, simpático.

A voz dele me chamou a atenção, então desviei o olhar do livro para encará-lo. Espere. Ele estava aqui das outras vezes em que vim? Nunca vi este rosto antes, mas mesmo que estivesse, como eu saberia? Não costumo reparar muito nas pessoas, eu geralmente me concentro mais nos livros do que em quem está ao meu redor, mas este garçom tem um rosto muito peculiar, seus cabelos são negros, seus olhos são castanhos, mas tem um certo brilho dourado neles; seus lábios são finos, sua pele tem tom branco, dando destaque aos olhos pequenos, tem um corpo forte, porém magro e seu sorriso é algo difícil de se descrever. Ele me deixou irritada por algum motivo. É um sorriso que parece estar rindo de mim, sim, esse deve ser o motivo.

A Coadjuvante Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora