{42} • Seguir o coração

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Nove meses depois

Emma passava por entre os carros, escutando os motoristas buzinarem e reclamarem por sua intromissão. Ela segurava a bolsa em uma mão e seu café com a outra, enquanto seu sobretudo se levantava como uma capa a medida que corria. Adentrou o edifício as pressas, mal dando bom dia para as pessoas que estavam ali. Já no elevador, apertou o botão do 15° andar e foi diretamente para a sala de reuniões.

As portas da sala se abriram em um estrondo, mas a pessoa que passava pela mesma não queria causar, só era desastrada o bastante para fazer tanto barulho.

_ Bom dia. - Emma caminhou para a sua cadeira, deixando seu café com um dos segurança que estava na porta. - Perdão pelo atraso.

Todos os olhares se voltaram para ela.

Ian riu ao vê-la tão desnorteada. Era óbvio que Emma, nem ao menos, havia passado em sua sala.

Ela retrocedeu seus passos, tirando o sobretudo e não sabendo onde enfia-lo. Decidiu se sentar e deixar o casaco sobre seu colo.

Ian, que estava na ponta da grande mesa, se inclinou para falar com Emma:

_ Por que se atrasou?

Ela olhou para todos os lados, percebendo que as pessoas estavam entretidas com conversas paralelas.

_ Dormi no metrô, passei três estações. - disse, colocando a mão na boca para não rir alto.

Ian fez o mesmo.

Um dos diretores raspou a garganta, anunciado que deveriam retornar a reunião. Ian lançou um olhar significativo para Emma, mostrando que continuariam aquela conversa depois.

_ Então, a primeira pauta de hoje é o livro Forças. - Dawson, o diretor de diagramadores, começou a dizer. - É nossa maior preocupação no momento e, já expondo minha opinião, não acho que devemos publicá-lo.

Emma se ajeitou em sua cadeira, colocando os cotovelos sobre a mesa. Estava na empresa há pouco tempo e detestava bater de frente com a opinião de seus superiores, mas aquela era uma questão de caráter e, particularmente, ela amava aquele livro.

_ Por que não?

O homem encarou a mulher com certa surpresa. Já presenciou episódios onde os elogios cercavam a novata, mas aquela era a primeira vez que ela dava as caras em uma reunião importante.

Foi inevitável não olhar para Ian antes de respondê-la.

_ Porque é um livro polêmico, essas coisas não trazem boa visibilidade para o nome da editora.

_ Polêmico por ser um livro feminista? - ela adotou uma postura ainda mais determinada.

_ Sim. - ele umedeceu os lábios.

Emma olhou para todos em busca de suporte, mas ninguém parecia querer divergir com a opinião de um dos chefes.

_ Como o senhor expôs sua opinião, também dissertarei sobre a minha: Ser um livro feminista é exatamente o que faz ele ter toda a bagagem para ser publicado. Além disso, é uma narrativa muito boa.

Dawson riu com desdém.

_ Eu sei que você é muito nova para entender isso, mas qualquer comentário negativo sobre essa publicação irá nos afetar. Não precisamos arriscar e queimar nossos nomes. Deixem que os outros lutem por essa causa.

Foi a vez de Emma morder os lábios para não rir. Era exatamente por pessoas como ele que ela defendia aquela publicação.

_ A maioria das pessoas vive suas vidas pensando que o feminismo é algo inútil, que não há desigualdade. Mas seu comentário mostra o quanto nós, seres humanos, precisamos evoluir. Em um mundo com tanto desrespeito, um livro como esse é a revolução. Orgulho e Preconceito foi um grande exemplo disso e se tornou um clássico. Infelizmente, não foi o suficiente. - ela abriu sua pasta, entregando seu relatório sobre o livro para Ian. - Além disso, os senhores pretendem agir como conservadores e continuar na mesmice das publicações clássicas, ou querem crescer com o mundo e se juntar às causas que realmente estão fazendo a diferença?

Connection • { Chris Evans }Onde histórias criam vida. Descubra agora