11 | SORVETE

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3° MÊS

A vida é como um pote de sorvete. Quanto mais para pra pensar nas partes que derreteram, mais as outras partes se derretem| Lizandro Roseberg


— Você foi atrás dele não foi? — Nathan me pergunta. — Faz semanas que você está assim.

— Assim como?

— Estranho, Stuart, você anda muito estranho ultimamente.

— Eu tô normal.

— Você nem conversa mais comigo direito.

— Nós estamos conversando agora. — Eu o olho quando entramos no carro.

Ele dá partida.

— Bem engraçado você né? Eu tô falando sério, Stuart.

Estávamos indo dar uma volta e depois tomar um sorvete, pois estava muito calor essa tarde.

Eu não pude me conformar com a conversa que tive com Brath semanas atrás, mas parei de ir atrás. Todos estavam certos. Se ele realmente tem algum segredo, vai me contar quando achar que for a hora.

Ele é orgulhoso, quando perceber que eu parei de ir atrás dele, ele vai voltar para casa — assim espero.

— Stuart? Stuart!

— O que foi?

— Tô te chamando faz tempo. Chegamos. — Ele sai do carro e vou logo em seguida.

O lugar era bonito, parecia uma praça. Muitas flores, grama e pessoas.

— Te trouxe aqui para melhorar sua aura — Nathan fala sorrindo enquanto nos sentamos em um banco.

— Minha aura não precisa de melhoras, Nathan, e sim de descanso.

— E como anda na faculdade?

— Por enquanto até que tá de boa, nenhum bicho de sete cabeças, e para você?

— Está um saco, não aguento mais.

— Que mundo paralelo é esse onde você não aguenta mais a faculdade e eu tô achando de boa?

— Não sei mano, nós evoluímos bastante com o tempo. — Ou o regresso é tão grande que acreditamos que o ruim é bom.

Não sei bem explicar o que eu estava sentindo ali naquele momento a sós com Nathan. Nos conhecemos a tanto tempo e nunca percebi que sua presença me traz uma calma inexplicável.

Com Brath era diferente, ele me deixava mais animado e por um lado era bem medroso, já Nathan sempre foi o mais corajoso de nós três.

Ali sentado pude perceber por algumas vezes o seu olhar sobre mim.

— Por que me olha tanto? — Pergunto sem o olhar.

Ele me olha por alguns segundos e depois dirige seu olhar para frente.

— Não sei., só deu vontade.

— "Deu vontade" — Repito o que ele disse — Vai que te dá vontade de fazer outras coisas, eu ein — Falo meio risonho e ele ri de mim.

— Meio idiota você né, Stuart.

— Assim você me ofende. — ponho as mãos sobre o peito, fingindo estar ofendido.

Ficamos bastante tempo no parque, fazendo exatamente nada, só vendo o tempo passar um na companhia do outro até decidirmos ir tomar um sorvete.

Já estávamos saindo da sorveteria quando um homem que estava olhando para trás acaba se chocando contra Nathan e a roupa dele suja com o sorvete que Nathan segurava, que agora só resta casquinha.

QUATRO MESES PARA STUARTOnde histórias criam vida. Descubra agora