16 | AMIGOS!

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4° MÊS

11 anos de idade

Estava correndo pela rua desesperado para fugir da surra que iria levar do bêbado do meu padrasto.

Já estava entardecendo, eu podia ver o sol em um laranja-escuro e o céu em uma quase tonalidade de rosa.

Meu pulmão ardia com toda intensidade no meu peito, mas eu não tinha coragem de olhar para trás e ver se Dan ainda me perseguia ou não.

Não sabia bem para onde estava indo, mas acabei trombando com alguém no caminho. Fomos os dois para o chão.

- Ei! Você não olha por onde anda não? - o garoto perguntou.

Era Brath. Lembro que ele era um pouco mais baixo do que eu na época.
- De-desculpa - foi tudo que respondi sem fôlego. Levantei e continuei minha corrida que já não estava tão rápida assim.

Logo ele começou a correr também e não demorou muito para me alcançar.

- Por que você está correndo tão desesperado? - ele me olhou.

Minha garganta estava seca e doendo, eu não conseguia falar. Mas ele podia ver as lágrimas secando no meu rosto pelo vento.

E foi nesse momento em que nos encaramos que fomos para o chão de novo, mas dessa vez com outra pessoa e um skate.

- Meu joelho... - disse choroso sentando no chão e trazendo seu skate para perto.

E dessa vez era Nathan, com os lábios apertados tentando engolir o choro.

- Desculpa, a gente não tava prestando muita atenção para onde estava indo. - Brath se desculpou por nós dois.

Ainda no chão eu olhei para trás e suspirei em alívio. Acho que os dois perceberam o meu desespero indo embora. Nathan tirou uma garrafa de água de dentro da sua mochila e me entregou.

- Valeu - respondi depois de dois goles.

- Pode dizer agora por qual motivo você tava correndo igual um louco? - Brath perguntou e levantou sacudindo as roupas.

Apenas balancei a cabeça positivamente.

- Vamos sair do meio da rua primeiro - Nathan falou tirando sua mão do joelho que estava ralado e se levantando logo em seguida, acabei levantando também.

E depois desse dia o trio estava formado.

15 anos de idade

- Desculpem - Nathan nos pediu olhando para os seus pés.

- Você vai sempre se meter em brigas mesmo sem ter coragem de abrir a boca - Brath murmurava bravo.

Essa era a terceira vez em menos de duas semanas que Nathan se metia em uma briga por ter ouvido alguém falando mal de mim ou Brath.

Eu permanecia calado por enquanto, apenas estava ouvindo eles discutirem.

- E-eu só queria defender vocês - ele falou em um quase sussurro segurando o choro.

- Sim, e no final das contas sempre somos nós que temos que te defender para não levar uma surra! - Brath pôs as mãos sobre a cabeça sendo dramático.

- Eu só... - Ele olhou para cima com o cabelo bagunçado e lágrimas nos olhos - S-Stuaaart - desabou a chorar soluçando e tremendo os ombros.

-Tá bom, já chega disso. - Falei olhando para Brath, que me fez uma carranca forçada quase me fazendo rir. - E você... - olhei para Nathan e o abracei pelos ombros - Não pode sair por aí gritando com as pessoas só por elas terem falado coisas idiotas.

- Fica tratando e mimando ele assim desde criança, por isso ele sempre chora e corre para você - Brath murmurou.

- Não tem coragem para falar, por isso fica aí murmurando. - Nathan falou esfregando os olhos.

- Você fala isso sendo que fui eu quem esmurrou a cara de um deles para te tirar de lá né? Idiota.

-Tá, tá bom, vamos embora logo, quero ir para casa. - empurro os dois pelos ombros.

- Quero um sorvete... - Nathan choraminga.

- Parece uma criança, idiota, para de se lamuriar, vou comprar para você. - Brath diz e da um peteleco na testa de Nathan fazendo o mesmo xingar ele.

- Depois só sou eu que mimo ele né? - pergunto empurrando-os para fazer os dois andarem novamente.

Por muito tempo continuou sendo isso: Nathan chorava e brigava para nos defender, Brath arregaçava a cara de alguém por fazer o Nathan chorar e eu sempre tentava acalmar os dois, tentando me manter calmo para não bater em ninguém também.

17 anos de idade

- Tem uma pessoa muito linda na minha sala - Brath falou pondo a mochila nas costas.

- Na minha tem uma que é muito, muito fofa. Toda vez que alguém fala com ela, ela fica com as bochechas vermelhas, é tão linda. - falei olhando para dentro da sala de Nathan. Estávamos esperando ele sair.

- Do que estão falando? - ele perguntou encostando no meu braço.

- Garotas bonitas - Brath falou. - E você? Não tem ninguém que goste ou ache bonito?

Nathan pensou por um instante antes de responder.

- Sim, mas, não na minha sala. - eu e Brath soltamos um "huuummm" em uníssono fazendo-o rir - Calem a boca retardados.

- Nosso pequeno Nathan está crescendo, Brath. - Brath apenas murmurou um "huhum".

Esses tempos Nathan e eu percebemos que ele andava um pouco estranho e desligado. Às vezes parecia como se quisesse nos contar algo, mas guardava para si mesmo. Um tempo desses ele estava andando com uns caras de um time de outra escola. Um dia ele apareceu com marcas no pescoço, mas nem demos muita atenção já que as vezes quando ele saía tinham algumas garotas. Talvez ele esteja saindo com alguém e não está afim de contar por enquanto.

Por outro lado, Nathan estava andando com uns caras bem estranhos, sempre que eu os via eles escondiam algo disfarçadamente, como se eu não fosse perceber. Quando questionei ao Nathan sobre isso ele apenas disse "não se preocupe, não era nada de mais". E no fim, um dia eu e Brath descobrimos que ele estava usando drogas, pois vimos ele sentado em um banco perto de casa com a cara de quem estava voando na vassoura do Harry Potter em Nárnia. Demorou um tempo, mas conseguimos fazer ele sair dessa.

- Nathan - o chamei fazendo-o responder um "hum?" - Vai fazer alguma coisa hoje?

- Não, nada de mais.

- E você, Brath? Vai sair com algum dos seus amigos hoje? - perguntei.

- Não, hoje eu sou apenas de vocês - ele falou rindo e pondo os braços nos nossos ombros.

Faziam seis anos desde que nos tornamos um trio, e nossa essência continuava a mesma.

Sempre será nós três.

QUATRO MESES PARA STUARTOnde histórias criam vida. Descubra agora