18 | BRATH

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Eu sempre disse que estaria com você em todos os momentos importantes de nossas vidas, talvez eu mesmo tenha culpa disso não ter acontecido. Todos dizem que a culpa não é de nenhum de nós, mas a minha mente nunca vai aceitar isso.

Eu estava pronto aquela noite, pronto para pôr tudo em ordem. Já havia falado com Nathan sobre onde nos encontramos. Estava tudo certo, mas tinha algo estranho. Eu estava com um frio estranho no estômago. Pensei ser apenas ansiedade.

- Semi! Eu já estou pronto e você? - vi ele se aproximar com Sarah logo atrás dele.

- Estamos prontos. - Ele pegou minha mão e me deu um beijo rápido, sorrindo logo em seguida.

- Acho que estou um pouco nervoso demais - Falei sorrindo amarelo.

- Vai dar tudo certo, é apenas o Stuart. Ele vai entender a relação de vocês. - Sarah disse me acalmando.

Sim, era apenas o Stuart. Devia ter lhe falado muito antes. Antes disso tudo acontecer.

Íamos buscar Nathan no meio do caminho. Não sabia bem onde ele estava ficando, mas ele pediu para pegar ele em um ponto no meio do caminho.

- É aqui? - Semi perguntou, parando o carro no local.

-Sim, - olhei para os lados. - daqui a pouco ele deve chegar.

Ficamos uns três minutos esperando.

- Acho que tô vendo ele. - Sarah falou do banco de trás. Olhamos para a mesma direção que ela, e então pude ver Nathan vindo em direção ao carro.

- Que bom ver você - ele me disse, pondo a mão no meu rosto pelo vidro aberto do carro. Sua mão era fria e seu rosto abatido.

- É sempre bom ver você também - Sorri para ele. - Entra aí.

Não demoramos muito para chegar no Pub. Havíamos chegado cedo para pegar uma boa mesa, mas resolvemos esperar um tempo do lado de fora.

Já havia dado o horário, e nós ainda esperávamos ansiosamente.

Eu podia ver a preocupação no rosto de Nathan e o desapontamento em seus olhos.

- Ele virá. Vamos esperar lá dentro. - Disse lhe dando um sorriso de canto.

Mas não, você não veio.

- Já se passaram duas horas. Ele não virá, vamos embora - Sarah disse, se levantando.

- Por quê? - Nathan disse baixinho pronto para se levantar também.

- Vamos.

Você estava feliz ao falar no telefone comigo. Eu tinha certeza que você viria. Certeza.

Minha cabeça latejava apenas de pensar sobre você não ter chegado, mas eu sabia que você viria Stuart, você viria.

No caminho de volta para o carro, o meu celular tocou incessantemente no meu bolso até eu atendê-lo.

- Alô? - Era o seu número.

- Brath? - Não era a sua voz ao telefone.

- Sim. - Três pares de olhos me encaravam nesse momento.

"Nunca se sabe quem vai atender o celular, poderia ser outra pessoa" - passou pela minha cabeça como se fosse um dejavu.

- Hoje infelizmente... - E foi nesse exato momento em que tudo envolta de mim perdeu o sentido.

Enquanto a pessoa do outro lado da linha falava o pânico inicial foi embora abrindo espaço para o desespero. Encontrei os olhos de Nathan nos meus e não pude evitar segurar as lágrimas. Pude ver seus olhos aumentarem de tamanho e levar suas mãos a cabeça e uma demonstração óbvia de desespero.

- Brath? - Nathan falava com a voz embargada.

A voz de Stuart escova na minha cabeça.

"Somos irmãos", "somos irmãos", "somos irmãos".

- Brath?! - Ouvi a voz de Nathan, dessa vez mais alto e exigente de um jeito triste e desesperado.

- O Stuart... O Stuart morreu?... - minha voz saiu em um fio.

Sarah e Semi ficaram imóveis, se olhando e tentando manter a calma. Eu deixava as lágrimas rolarem sem emitir um som sequer da minha garganta. Já Nathan gritava aos berros desesperadamente em minha frente.

Como isso foi acontecer? Eu sentia um aperto doloroso no peito. Dói tanto. Uma falta de ar que me impedia de gritar o quanto doía.

Eu não perdi só um amigo, eu perdi um dos meus irmãos, e o que me resta agora é cuidar do outro para não o perder também. Enquanto eu estiver aqui você sempre será lembrado.

E um flashback do que aconteceu nesses meses me passou pela cabeça. Foram quatro meses de dor incessante para você.

Stuart sempre será nosso irmão cabeça dura. Ninguém é perfeito e mesmo não falando muito, eu te amava com todos os seus defeitos.

Queria ter dito que te amo olhando nos teus olhos.

QUATRO MESES PARA STUARTOnde histórias criam vida. Descubra agora