20 | NATHAN

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Quatro anos mais tarde


Foram longos anos até aqui. Até esse momento. Eu não tive coragem de vir ao cemitério nem sequer uma única vez depois do velório e do enterro.

Eu me senti exausto, esgotado por ter me culpado e não ter tido a coragem de vir antes. Não me senti confortável e acredito que nenhum de nós realmente está, nos sentimos assim, mesmo tendo se passado tanto tempo.

Em uma ida com Stuart Jr. à casa de Brath, tivemos uma breve conversa sobre esse assunto e ele disse essas exatas palavras: "Não devemos deixar a culpa nos consumir por inteiro. Temos que seguir adiante mesmo sendo a coisa mais difícil que já fizemos em nossas vidas. O Stuart não ia querer que nos sentíssemos assim". Por um lado eu concordava com ele, mas por outro minha cabeça gritava "não tem como você saber o que ele iria querer. Ele se foi".

Atualmente Barth morava com Semi e adotara um bebê dois anos antes. O seu nome era Truats, em homenagem ao Stuart. Eu não via Sarah desde o ano passado, quando ela resolveu se mudar para outro país.

Eu gerenciava uma ONG chamada "Quatro Meses" que tinha o intuito de acolher, aconselhar e acompanhar jovens com seus problemas independente de quais fossem, por quatro meses, depois disso deixávamos eles irem e seguirem suas vidas. Mas eu sempre voltava para o nosso apartamento e me jogava na solidão, esperando que um dia não fosse mais me sentir assim.

Mas, hoje foi diferente. Eu me lembrei sobre fatos do passado e de como nós realmente falávamos que nunca nos abandonaríamos. E eu resolvi que já estava na hora de deixar o passado no seu devido lugar.

Peguei o meu carro e saí com um único lugar em mente e um propósito: hoje, a partir de hoje eu não queria mais me sentir assim.

Eu consegui olhar para sua lápide e pensar em apenas bons momentos que vivemos juntos. São essas as memórias que eu quero.

- Demorei para vir, mas não deixaria de te visitar. - Ele não podia me ouvir, mas eu queria me ouvir falar sobre isso sem um peso nos meus ombros. - Lembro bem dos nossos momentos, os três inseparáveis, que infelizmente um dia se separou, e hoje mais do que nunca não poderemos nos chamar assim. - Deixei escapar um sorriso triste. - Você foi uma das melhores partes de todas as nossas vidas e sempre vai ser. Queria poder ver todas as suas conquistas e suas vitórias. - Nesse ponto as lágrimas eram inevitáveis, mas não eram mais lágrimas de culpa, e sim de alívio por finalmente poder falar tudo isso. - Você sempre será parte de nossas vidas e sempre será meu irmão, o que eu podia contar para todas as horas e todos os momentos, e mesmo não estando aqui para me ouvir quero que saiba, Stuart, que te amei bem antes e por bem mais do que quatro meses. Aqueles eternos quatro meses.

QUATRO MESES PARA STUARTOnde histórias criam vida. Descubra agora