Eu não conseguia parar de pensar no que rolou com Pâmela.
Não que foi realmente inesperado. Desde o início ela me atraía além da amizade, e por mais que não comentássemos sobre o que rolou e apenas nos despedimos como se nada de mais tivesse acontecido, tenho certeza que isso também ficou na cabeça dela. Havia prometido que esperaria por ela para falar sobre isso, mas passei a noite quase em claro pensando a respeito, e agora pela manhã, enquanto consertava a pia no primeiro serviço do dia, percebo que não ia suportar esperar para entender o que estava rolando com a gente, e que realmente esperava que aquilo não fosse só uma vez.
Assim que finalizo o serviço, pego o celular e procuro o número dela enquanto subo na moto. Como coincidência, o número dela surge na tela em uma chamada. Sorrio de lado atendendo.
- Pelo visto você aprendeu a ler pensamentos.
- A gente pode se encontrar daqui a pouco? - sua voz é embargada e ela funga ao terminar de falar.
- O que foi? Aconteceu algo? - ajeito o celular, preocupação tomando conta de mim.
- Preciso conversar com alguém. - ela funga novamente - Acabei de brigar com minha mãe.
- Tudo bem. Vamos nos ver. Onde te encontro?
Marcamos perto de onde eu estava e sigo rápido para lá. Eu não tinha um trabalho agora, então podia me dar ao luxo de não ir até o escritório ficar a espera, poderia seguir para o próximo que aparecesse. Estaciono em frente ao café e desço da moto. Já estava a ponto de entrar quando vejo o carro dela chegando. Pâmela buzina ao estacionar, mas eu já estava quase no seu carro. Ela abre a janela e vejo seu rosto vermelho.
- Entra. - pede ela.
Abro a porta e entro. A janela fecha e ela vira para meu lado, me abraçando. Respiro fundo, afagando sua cabeça. Se ela ainda chorava, era silenciosa. Ficamos assim algum tempo, até que ela se afasta enxugando os olhos.
- Desculpa te chamar assim. - diz com a cabeça.
- Não tem problema. - fico a olhando, tentando olhar seu rosto - O que houve? Pode me contar, sabe disso.
- O de sempre. - ela suspira baixo e ergue o rosto, mas olha para a frente e não para mim - Brigamos feio porque ela não aceita que eu não faça as coisas como ela quer. Age como se eu tivesse que ser como os insubordinados dela, que apenas tem que seguir o que ela manda. Isso me irrita tanto...
- Sinto muito. - é tudo o que posso dizer.
Pâmela finalmente me olha, seus olhos inchados e o nariz vermelho, um sorriso triste em seus olhos.
- Também sinto, mas não há nada que possamos fazer realmente.
Toco o rosto dela e faço um afago. Era a primeira vez que realmente a via vulnerável, sua verdadeira magoa em forma de lágrimas e isso me fazia querer proteger ela, a qualquer custo. Me aproximo para lhe dar um beijo, mas meu celular vibra. Suspiro e pego olhando a ligação de Aurora. Recuso, não era hora pra isso.
- Se é seu chefe, pode atender, não quero atrapalhar. - diz Pâmela.
- Não, não é ele. - guardo o celular e olho pra ela - Você tomou café?
- Na verdade, não, foi interrompido por minha mãe. - ela vira os olhos.
- Vou comprar algo pra você então. - faço menção de sair.
- Não, estou sem fome. - ela segura na minha mão - Só... vamos ficar aqui um tempo.
Sorrio de leve pra ela, recosto no barco e fico a olhando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Caso de Risco
RomanceMateus trabalha para seu tio Antônio na empresa de conserto de encanamentos dele, onde uma das regras é: Não transar com a cliente. Ele seguia essa regra a risca, até conhecer Aurora, uma mulher rica e com um grande apetite sexual, que faz dele seu...