cap. 27

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Congelo no lugar.

Não, eu havia ouvido errado o nome que ele disse.

Engulo em seco e movo a cabeça quase mecanicamente na direção que Geovâni olhava. Desviando das pessoas eu consigo ver o rosto que logo fica completamente a vista e vem até a gente. Os olhos dela também vem na minha direção e ela demora um instante para ter certeza que sou eu, e seu rosto fica um pouco lívido, mas rapidamente se recupera, parando ao lado do marido e o olhando.

- O que foi, querido?

Eles eram uma visão juntos. Pareciam um casal perfeito. Ninguém poderia imaginar que essa mulher elegante traia o marido com garotões.

- Sua filha trouxe o namorado para conhecermos. - anuncia o homem.

- Namorado? - os olhos de Aurora vem até mim e então Pâmela, mil coisas se passando em sua expressão.

- Sim. - Pâmela sorri muito mais, parecia estar satisfeita com o show - Matheus, essa é minha mãe, Aurora.

Engolindo em seco mais uma vez, faço meu melhor para dar um sorriso simpático e fingir que jamais tinha visto aquela mulher antes.

- Agora sei de onde Pâmela herdou tanta beleza. - digo estendo a mão.

Aurora me olha com raiva, nojo, descrença, tudo ao mesmo tempo, e nem se digna a pegar na minha mão.

- Isso é uma piada, não é? - diz contida, mas dava para ver a irritação em sua voz.

- Querida. - o marido diz olhando ao redor.

- Não, não é. - Pâmela sustenta o olhar dela, que vai entre eu e a filha - Matheus e eu estamos juntos a algum tempo já.

Aurora me olha por um tempo longo, sua raiva nada disfarçada. Se ela não acreditava naquilo, eu acreditava muito menos. O destino só podia ser cruel.

- Pâmela, venha comigo. Quero...

- Não. - ela corta a mãe - Estamos numa festa e acho que seus convidados querem mais sua atenção. Só quis apresentar meu namorado. Agora se me dá licença...

Pâmela me puxa com ela. Faço um breve aceno apenas para o pai dela, que parece surpreso pela reação da mãe.

Atravessamos o salão em silencio, até parar em outra mesa com guloseimas e bebidas. Pamela pega uma taça com o que parece ser bebida alcoólica e a acompanho, virando de uma vez o conteúdo e sentindo o gosto do champanhe escorrer enquanto as bolhas da espuma formigam pela minha garganta, coçando.

- Isso foi um show e tanto. - comenta Letícia parando diante da gente.

- Eu não esperava que ela reagisse tão mal. - confessa Pâmela e olha pra mim - Desculpa, acho que foi uma péssima ideia.

- Tudo bem. - balanço a cabeça e pego outra taça, mas dessa vez dou apenas um gole.

- Eu devia ter filmado. A cara da sua mãe, ela pareceu ter perdido a cor quando viu ele. - Pâmela dá um sorriso debochado e os olhos de Letícia vem até mim - Você também ficou bem pálido ao ver ela. Sentiu a aura negra que a megera tem?

Dou um olhar para Pâmela, que me olhava e sorri dando de ombros, mas não sei porque o faz. Dou mais um gole no champanhe antes de falar.

- Ela é sempre assim?

- Hoje foi um dia de ódio gratuito, sinto muito. - diz Panela.

- Achei que ela fingir simpatia e depois me dar um longo sermão. - admite com um suspiro.

- Bom, se serve de consolo, seu pai me assustou mais. - brinco.

Ela ri e comentamos um pouco mais sobre a situação, mas logo o assunto morre, o que agradeço, porque minha cabeça está zumbindo o suficiente para continuar a falar sobre Aurora.

Um Caso de RiscoOnde histórias criam vida. Descubra agora